Apesar do avanço das novas tecnologias e da internet,
milhares de paraibanos ainda têm de conviver com uma dificuldade séria: a falta
de atendimento bancário em sua cidade. Muitas operações, como transferência e
depósitos de altas quantias, além de problemas em contas, são executadas apenas
em agências ou pelo menos postos de atendimento avançado. Dos 223 municípios
paraibanos, porém, apenas 83 possuem esse tipo de estabelecimento, o que
representa pouco mais de 37,2%.
O levantamento tem por base dados repassados por sindicatos
dos bancários da Paraíba, além de informações dos bancos do Brasil e Bradesco,
que possuem o maior número de agências espalhadas na Paraíba. Enquanto que
algumas cidades possuem várias agências de diferentes bancos, como é o caso de
Patos, Campina Grande, Sousa e João Pessoa, municípios pequenos carecem desse
tipo de serviço.
Em Várzea, localizada no Sertão do Estado, quem precisa
fazer uma operação mais complexa tem de se deslocar por pelo menos 14
quilômetros, até a cidade de Santa Luzia. É que o município não possui agências
bancárias. O 'Banco Postal', uma parceria entre os Correios e o Banco do
Brasil, é o único serviço disponível para os mais de dois mil moradores da
cidade.
Esse mesmo serviço está presente em 198 cidades paraibanas,
conforme levantamento feito pelos Correios. Nele é possível fazer a abertura de
contas, empréstimos, utilizar cartões de crédito, pagar e receber benefícios da
Previdência Social e efetuar o pagamento de contas e tributos. Mas se a conta
estiver bloqueada, por exemplo, o problema só poderá ser solucionado na agência
de Santa Luzia.
“O atendimento é precário por falta de funcionários e também
de agências em cidades do interior. Em alguns casos você tem um município que
possui uma agência e que acaba polarizando vários outros, que não têm o mesmo
tipo de serviço. É preciso que novas unidades sejam abertas no interior e que
os bancos tenham o interesse de investir em pessoal e em segurança”, opinou
Marcos Henrique, presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, alertando
para os mais de 15 ataques a agências e postos de atendimento bancários
ocorridos no Estado, somente este ano.
Além de representarem facilidade e comodidade para os
clientes e correntistas, a presença de agências bancárias significa também
fluxo de dinheiro e de negócios nos municípios, segundo o economista Marcelo
Alves. “Onde há um banco geralmente as pessoas costumam circular mais
facilmente os seus recursos.
Há uma maior pré-disposição para os negócios. E isso
influencia diretamente em outros setores da economia daquela determinada
comunidade”, frisou o especialista.
Para o vice-presidente do sindicato dos bancários da região
de Campina Grande, a ampliação das agências “é uma bandeira de luta antiga. A
gente vem lutando pela qualidade do atendimento, pelo respeito às leis. Mas
ainda temos um quadro complexo porque isso só se resolve com investimentos e se
contratando mais gente para trabalhar”, assinalou.
Uma outra dificuldade é na hora de ir em busca dos serviços
oferecidos. As longas filas são um empecilho e se transformam, em alguns casos,
em um transtorno quase que infindável. A lei das filas, apesar de estar em
pleno vigor no Estado, vem sendo descumprida cotidianamente pelas instituições
bancárias, conforme o Ministério Público. Em Campina Grande, por exemplo, a
promotoria do Consumidor instaurou um inquérito civil público para investigar
várias denúncias.
Para o promotor coordenador do Centro de Apoio Operacional
das Promotorias do Consumidor no Estado, Clístenes Bezerra, apesar dos bancos
afirmarem que estão criando mecanismos e formas de atender às exigências, “o
que temos constatado na prática é o oposto. O que a gente percebe é uma
deliberada intenção e propósito dos bancos de descumprir a lei”, opinou o
promotor.
Segundo ele, além do número reduzido de agências espalhadas
no Estado para atender às demandas sociais, as instituições também não investem
em funcionários e na qualidade do atendimento oferecido aos seus clientes. “São
vários fatores que levam a uma sobrecarga de atendimento. Temos problemas
graves também com idosos e os bancos precisam dar uma contrapartida. Nossa
atuação nesse cenário deve ser sempre rigorosa e com o apoio dos consumidores”,
resumiu Clístenes Bezerra.
JP Online/João Paulo Medeiros
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