segunda-feira, 6 de maio de 2013

Bode 'gaiato' criado por recifense vira mania e atinge multidão de fãs na web


Bode Gaiato faz homenagem à Rede Globo. (Foto: Reprodução)Bode Gaiato aproveita a reportagem e faz 'homenagem'
à Rede Globo. (Foto: Reprodução)
Vinte e cinco mil novos fãs por dia, 150 mil acessos diários, 1,3 milhão de pessoas falando sobre a página, que tem mais de 800 mil seguidores e atinge 14 milhões de pessoas por semana. Esses são os números do perfil Bode Gaiato, de acordo com seu criador, o universitário Breno Melo, um dos sucessos recentes da rede social Facebook. A ideia surgiu nas férias deste ano, quando o recifense de 19 anos se viu entediado. A brincadeira agora rende até dinheiro e fama para o estudante.

O jovem conta que a criação da página não foi premeditada. "Estava de férias em casa, sem fazer nada, no tédio. Aí quis criar algo com um personagem nordestino, para ser diferente na temática e nas piadas de outros memes [expressões, piadas, frases e termos difundidos na internet]. Pensei logo num bode, até porque tudo fica mais engraçado quando é retratado por um animal, e adicionei um adjetivo bem regional, o gaiato, que é uma pessoa engraçada, brincalhona”, disse.

Breno Melo curte fama do Bode Gaiato. (Foto: Arquivo pessoal)
Na primeira tira, o Bode Gaiato ganhou dois mil seguidores. As montagens são bem simples, mas cativaram os seguidores. “A imagem de fundo, da galáxia, muitas páginas de humor usam, é para parecer uma coisa meio ‘noiada’ mesmo, e os bodes eu procurei na internet, peguei aqueles com fisionomia engraçada", explicou. O nome do personagem principal, Junin, modo como muitos nodestinos falam Juninho, foi escolhido aleatoriamente, segundo Breno.

As ideias para as tirinhas partem de experiências vividas e observadas pelo criador. “A questão do leite no fogo, que a mãe sai e deixa a gente olhando, brigas com o irmão, isso tudo eu vivi. Mas as pessoas têm mandado bastantes sugestões, cerca de 25% são aproveitadas", contou. Breno explica que toma cuidado no equilíbrio do humor. "Eu fazia de tudo, sem restrições, mas agora eu ganhei um público diferente, que são os pais dos jovens que curtem a página, então estou fazendo mais piadas saudáveis."

Outra preocupação é abranger o maior público possível, não apenas os nordestinos, que se identificam na linguagem e situações das tiras. "Uma expressão que uso muito, o 'armaria, nãm' ['Ave Maria, não'], é do Ceará e Piauí. Com piadas simples, poucas expressões, atinjo mais gente. Nessa semana, por exemplo, a cidade que mais interagiu foi São Paulo, com mais de 1 milhão de visualizações. O público que eu vou ganhar daqui para frente vai depender do que eu postar", comentou.

Primeira tira do Bode Gaiato. (Foto: Reprodução)
Breno não acredita que a página tenha um tom preconceituoso contra nordestinos ou incentive essa prática criminosa. "Algumas imagens já foram denunciadas, mas eu só recebo elogios, de todos os nordestinos que amam a página. Ela é muito bem aceita. Inclusive, recebo mensagens de pessoas fora do país, que dizem que matam a saudade do Nordeste com ela”, falou.

E o sucesso da página, crê Breno, está no fato de ele ter conhecimento de causa para fazer as piadas e as pessoas se identificarem com ela. "Eu não saberia fazer muitas piadas com gírias de outros estados, porque sou daqui", complementou. Ele nasceu no Recife, mas mora há oito anos em Caruaru, no Agreste do estado.

Durante a semana, está na Paraíba, onde cursa Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Campina Grande. Atividade que ele garante ainda priorizar, mesmo com as demandas do Bode Gaiato. "Nunca pensei que ia fazer esse sucesso todo. De um mês para cá, minha rotina mudou muito. Passo praticamente a tarde falando com empresas que querem anunciar na página, tenho dado entrevistas, além do programa de humor em uma rádio em Taquaritinga do Norte [PE]. Tento conciliar tudo isso", disse.

G1

Veja as três tiras do Bode Gaiato mais curtidas, até o dia 4 de maio
Tira recebeu mais de 28 mil curtidas. (Foto: Reprodução)Tira recebeu mais de 28 mil curtidas. (Foto: Reprodução)
Tira teve 15 mil curtições. "Tá bom, professora, me engula", diz a legenda da foto na página. (Foto: Reprodução)Foram 15 mil curtidas. 'Tá bom, professora, me engula', diz a legenda da foto na página. (Foto: Reprodução)

'Eu inventei o convencional', diz Anitta do 'quadradinho de oito'


O mais novo fenômeno do funk carioca: uma garota de 20 anos que largou a carreira de administradora para correr atrás da fama! Com vocês, Anitta!
Sete mil pessoas a esperam. E ela abre o show com seu maior trunfo: “Show das Poderosas”. A música é hoje uma das mais tocadas na rádio. E o clipe teve um milhão de acessos na internet só na primeira semana. Tudo muito novo e rápido para essa menina de 20 anos.
Até outro dia, ela era uma adolescente do subúrbio do Rio. E só sonhava em ser famosa. 
“Quando era criança, se tivesse um palco, uma apresentação, uma competição de dança, ou um karaokê, ela queria cantar”, conta Miriam Macedo, mãe de Anitta.
“Foi você que inventou o quadradinho de oito?”, pergunta o repórter.Aos 16 anos, decidiu fazer um desses vídeos caseiros em que cantava e dançava de frente para a câmera. Colocou na internet. Um produtor viu e chamou a garota para gravar um CD. Nessa época, ela estudava administração e fazia estágio numa multinacional. Largou tudo. Mas ninguém imaginava que em apenas três anos o sonho de Anitta tomaria essa dimensão.
“Não. Calma. Eu inventei o convencional, que você tem que mexer o quadril e parar”, responde. “Aí vieram as meninas do Bonde das Maravilhas e criaram o quadradinho de oito em que elas ficam de cabeça pra baixo e formam um 8 com a perna. Sei fazer, mas tenho que fingir que sou fina”.
“Qual foi o momento que você viu que estava começando a fazer sucesso?”, pergunta o repórter.
“Quando eu não conseguia mais ter tempo para mim. Quando eu não conseguia mais receber todos os fãs. Sempre recebia até o ultimo fã no camarim. Às vezes, eu estou com minha empresária e eu vou para um restaurante e aí fica todo mundo olhando para minha cara, quando eu chego. Teve um dia que eu virei para ela e falei: ‘Eu, hein? Tenho cara de palhaça? Fica todo mundo olhando para a minha cara’”, comenta.
Esse foi o primeiro e último ensaio para o show que ela apresentaria em poucas horas.
“A música dela é boa, não é muito pesada. É o funk que dá pra dançar”, conta uma fã.
Enquanto isso, correria no camarim. E ela ainda nem decorou a letra de um cover que vai tocar nessa noite.
“Quem fala inglês aqui? Para soletrar a letra pra mim”.

Uma curiosidade: o nome de verdade dela é Larissa.

Anitta tem só cinco músicas gravadas, que circulam na internet. Para compor o show, ela toca sucessos de outros artistas um pout-pourri de funk.
Mas hoje ela acredita que fazer uma apresentação totalmente com a cara dela é só questão de tempo.
G1

Jovem morre após acidente de moto no Centro de Campina Grande


Adolescente morre em acidente de moto em Campina Grande. (Foto: Taiguara Rangel/G1-PB)Adolescente morre em acidente de moto em
Campina Grande. (Foto: Taiguara Rangel/G1-PB)
Uma adolescente de 15 anos morreu e um homem ficou ferido após um acidente com moto, na madrugada desta segunda-feira (6) em Campina Grande. Segundo informações da 3ª Companhia de Policiamento do Trânsito (Cptran), o motociclista de 25 anos teria perdido o controle do veículo e colidiu contra uma parede na rua Índios Cariris, no Centro da cidade.
Já a garota, que estava na garupa da moto, morreu ainda no local. O corpo só foi removido do local às 7h, após perícia do Instituto de Polícia Científica (IPC), e encaminhado para o Núcleo de Medicina e Odontologia Legal (Numol) de Campina Grande.Segundo a polícia, o acidente teria acontecido por volta das 3h. O homem foi atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado para o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. Conforme o setor de serviço social da unidade, ele se encontra em estado de saúde regular e não corre risco de morte.
G1pb

Após princípio de rebelião, presos ficam feridos em presídio na Paraíba


Pelo menos três detentos ficaram feridos na manhã desta segunda-feira (6), após um princípio de rebelião na Penitenciária Regional Raymundo Asfora, o Serrotão, em Campina Grande. Segundo a Polícia Militar, acredita-se que há uma represália à ação policial que reprimiu uma tentativa de fuga na madrugada de segunda-feira.
Por volta das 7h, teve início um confronto entre policiais e presos. Segundo a polícia, os apenados começaram a jogar pedras contra o efetivo, que teria revidado com tiros de borracha. Até as 8h30, os feridos não tinham sido socorridos porque a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ainda não havia conseguido entrar no local.Segundo agentes penitenciários, três presos tentaram fugir escalando o muro do presídio mas a vigilância percebeu a ação e evitou a fuga. Na recontagem, foi verificado que não houve nenhuma alteração no número de detentos.
No sábado (4), uma operação pente-fino no mesmo presídio apreendeu 14 aparelhos celulares e dez facas artesanais, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). A revista encontrou ainda carregadores de celular, baterias, fones de ouvido, uma tesoura e uma pequena porção de maconha escondidos em buracos que os presos teriam feito nas paredes.
G1pb

Após tentar assaltar caixa eletrônico, grupo leva carros de Prefeitura na PB


Caixa eletrônico ficou destruído, mas bandidos não levaram dinheiro (Foto: Divulgação/Codecom CG)Caixa eletrônico ficou destruído, mas bandidos não
levaram dinheiro (Foto: Divulgação/Codecom CG)
O caixa eletrônico que fica localizado dentro da Secretaria de Saúde de Campina Grande sofreu uma tentativa de assalto na madrugada deste domingo (5). Segundo informações da Central de Operações da Polícia Militar (Copom), 10 pessoas encapuzadas armadas com pistolas e revólveres armarram os vigilantes do local e, após não conseguirem arrombar o caixa, roubaram dois carros da Secretaria.

“Como nossos vigilantes não usam armas e não houve reação, ninguém ficou ferido”, comentou o coordenador de Comunicação da Prefeitura de Campina Grande, José Araújo. Ele explicou, ainda, que os vigilantes passaram três horas, das 23h30 às 2h30, amarrados enquanto os bandidos tentavam violar o caixa com um maçarico.

O caixa eletrônico fica dentro de uma sala, no prédio da Secretaria de Saúde, no bairro da Liberdade, e é usado para o pagamento de funcionários. Porém, nenhum dinheiro foi levado.

De acordo com a Copom, foram levados um Fiat Doblò e um GM Celta, que foram usados para cometer outros crimes na região. Os dois carros, no entanto, já foram recuperados, segundo Araújo. Um deles sem o som e o outro com um pneu estourado.

Assaltos a postos de combustíveis
Após fugirem com os carros da Secretaria, os bandidos seguiram para a cidade de Lagoa Seca, na Região Metropolitana de Campina Grande, onde assaltaram dois postos de combustíveis, segundo a Copom. A PM informou que o Fiat Doblò roubado foi reconhecido pelos frentistas.

Os frentistas, no entanto, disseram que apenas três pessoas realizaram o assalto. Foram levados R$ 250 de um posto e R$ 100 de outro. Durante a busca pelos bandidos, a polícia encontrou a Doblò abandonada, com o pneu furado.
G1pb

Doblò foi utilizada para assaltos a postos de combustíveis; veículo foi encontrado com pneu estourado (Foto: Divulgação/Codecom CG)Doblò foi utilizada para assaltos a postos de combustíveis; veículo foi encontrado com pneu estourado (Foto: Divulgação/Codecom CG)

Bangladesh expulsa líder de radicais islâmicos após protestos violentos


Allama Shah Ahmad Shahi é escoltado para fora de Daccar (Foto: AFP)O líder de grupo radical islâmico, Allama Shah Ahmad Shahi é escoltado para fora de Daccar. Radicais entraram em confronto com a polícia exigindo lei contra blasfêmia em Bangladesh (Foto: AFP)
O líder das manifestações islamitas que pedem uma lei contra a blasfêmia em Bangladeshfoi escoltado nesta segunda-feira (6) de Dacca, a capital do país, e colocado em um avião com destino a outra cidade, informou a polícia.
Segundo as autoridades, Allama Shah Ahmad Shahi, líder do movimento islamita Hefajat-e-Islam, não foi detido e abandonou a escola religiosa em que estava por vontade própria.
"Foi para o aeroporto na presença da polícia", disse o comissário adjunto da polícia de Dacca, Mahfuzul Islam.
No domingo, pelo menos 28 pessoas morreram e centenas se feriram em confronto entre policiais e dezenas de milhares de radicais islâmicos que exigem uma lei que puna blasfêmias. Os protestos aconteceram no centro da cidade de Dacca.
Autoridades da polícia indicaram à agência de notícias France Presse que cerca de 200.000 pessoas participaram dos protestos no centro da capital bengalesa.Aos gritos de "Alá Akbar" (Deus é grande) e "os ateus devem ser enforcados", militantes do grupo radical Hefajat-e-Islam caminharam por seis grandes ruas da capital de Bangladesh. Imagens transmitidas pela televisão mostraram policiais a bordo de veículos blindados atirando em manifestantes que incendiavam carros e lojas.
Manifestação em Bangladesh deixaram pelo menos 28 mortos (Foto: Reuters)Manifestantes entram em confronto com a polícia em Bangladesh exigindo lei contra blasfêmia ao Islã; pelo menos 28 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no domingo (5) (Foto: Reuters)
Os militantes exigem pena de morte àqueles que caluniarem a religião islâmica. O primeiro-ministro Sheikh Hasina, que está à frente de um governo laico desde 2009 de Bangladesh, de maioria muçulmana, rejeitou as reivindicações dos islamitas, argumentando que a legislação atual já permite condenar qualquer pessoa que insulte o Islã.
No mês passado, os ativistas do Hefajat organizaram uma greve geral e uma concentração que contou com centenas de milhares de pessoas, considerada a maior em décadas.
G1
Radicais islâmicos oram durante protesto a favor de lei que pune calúnia ao Islã. (Foto: Reuters)Radicais islâmicos oram durante protesto a favor de lei que pune calúnia ao Islã. (Foto: Reuters)

Justiça alemã inicia julgamento de neonazista acusada de assassinar 10


Beate Zschäpe na chegada para a audiência desta segunda-feira (Foto: Christof Stache/AFP)Beate Zschäpe na chegada para a audiência
desta segunda-feira (Foto: Christof Stache/AFP)
A neonazista alemã Beate Zschäpe, de 38 anos, acusada de participar em dez homicídios, nove dos quais de caráter racista, e 15 assaltos a banco, é julgada nesta segunda-feira (6) em Munique.
Ela é a única sobrevivente do grupo Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU), acusada de ter matado vários imigrantes, expondo desta forma a ineficácia da polícia no combate de organizações de extrema-direita.
Outras quatro pessoas são acusadas de cumplicidade e sentaram ao lado dela no banco dos réus.
O tribunal onde Beate será julgada amanheceu com diversos manifestantes que empunhavam fotos de vítimas e pediam por justiça. Ela responde pelo assassinato de oito imigrantes turcos, um grego e um policial entre 2000 e 2007.
Manifestantes seguraram fotos de vítimas do lado de fora do tribunal onde o julgamento contra Beate Zschaepe, do grupo neo-nazista National Underground Socialista (NSU), vai começar mais tarde nesta segunda-feira (6), em Munique. (Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)Manifestantes seguraram fotos de vítimas do lado de fora do tribunal onde o julgamento contra Beate Zschäpe, do grupo neo-nazista National Underground Socialista (NSU), vai começar mais tarde nesta segunda-feira (6), em Munique. (Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)
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Mulher é detida por policiais alemães ao tentar entrar no julgamento de neonazista (Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)
Beate, muito ativa nos meios neonazistas, foi detida em novembro de 2011 em função de um caso que causou comoção naAlemanha e reativou o debate sobre uma eventual proibição do partido de extrema-direita NPD.
Ela teve teve prisão preventiva decretada em 8 de novembro de 2011, quando se entregou à polícia após incendiar a casa onde tinha convivido com os outros dois membros da NSU, Uwe Bohnhard e Uwe Mundlos.
Seus dois companheiros apareceram mortos quatro dias antes, o que inicialmente foi considerado um duplo suicídio de dois criminosos perseguidos pela polícia após assaltar um banco.
Na casa parcialmente destruída localizada na cidade de Zwickau, foram encontradas pistas e a arma usada nos nove homicídios de imigrantes, cometidos em diferentes pontos do país. No local também foram achados vídeos onde o grupo se orgulhava de seus crimes.
Críticas à polícia
Este será um processo que não julgará somente a suposta autora dos crimes racistas que comoveram a Alemanha, mas também, indiretamente, a ineficácia e lentidão das forças de segurança frente à extrema-direita.

Nem a polícia nem os serviços de espionagem agiram contra os extremistas, apesar das atividades de um grupo com um nome tão revelador como a NSU serem conhecidas desde 1998, quando a organização foi tornada ilegal.
Aos erros, negligência ou conivência se somaram a destruição deliberada de atas policiais relacionadas com o grupo, já com Beate na prisão e sem motivo aparente.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse na época que o caso era uma "vergonha" para o país. As autoridades foram criticadas por não terem conseguido detectar e impedir a ação de uma célula neonazista que assassinou imigrantes em diferentes regiões do país.
Os crimes foram considerados então ajustes de contas entre estrangeiros ou crimes familiares. Um simples cruzamento de dados, no entanto, teria revelado que todos eles foram cometidos com a mesma arma, uma Ceska 83 calibre 7,65 milímetros.
Os três neonazistas conseguiam dinheiro assaltando bancos e além dos dez assassinatos que Beate é acusado, o grupo teria cometido em 2001 e 2004 dois atentados com bomba na cidade de Colônia, que deixaram vinte feridos.
Terrorismo
Esta é a primeira vez que se aplica o termo terrorismo em assassinatos perpetrados por extremistas na Alemanha. Até agora, no entanto, nenhuma informação sobre os depoimentos da acusada para o polícia foi divulgada pela imprensa. O julgamento será o primeiro contato direto dos meios de comunicação com a processada.

O processo começou com quase 30 minutos de atraso, na presença da principal acusada, Zschaepe, que apareceu sorridente diante das câmeras de televisão.
G1
Foto mostra oito das 10 vítimas do grupo neonazista (Foto: German Police/AFP)Foto mostra oito das 10 vítimas do grupo neonazista (Foto: German Police/AFP)

Promotora da ONU diz que rebeldes sírios podem ter usado arma química


Os grupos rebeldes sírios podem ter usado armas químicas, afirmou a promotora suíça Carla del Ponte, integrante da comissão especial criada pela ONU para investigar os crimes ocorridos durante a atual guerra civil na Síria.
"Dispomos de testemunhos sobre a utilização de armas químicas e, em particular, de gás sarin. Não por parte do governo, mas dos opositores", declarou a promotora citada pela agência de notícias suíça 'ATS'.
Suíça Carla del Ponte, membro da Comissão de Inquérito sobre a Síria, apresenta suas conclusões sobre o mais recente relatório sobre a Síria durante uma conferência de imprensa na sede européia das Nações Unidas, em Genebra (Foto: AP Photo / Keystone, Salvatore Di Nolfi)
A ex-procuradora-geral da Suíça, que também atuou como promotora nos tribunais internacionais para a antiga Iugoslávia e Ruanda, fez essas declarações ao ser indagada pela imprensa suíça.
Nos últimos meses, as denúncias relacionadas ao uso de armas químicas se multiplicaram, tanto por parte dos grupos opositores armados como pelo regime do presidente sírio, Bashar al Assad, embora não haja provas contundentes.
Há algumas semanas, o governo sírio fez uma acusação nesse sentido e convidou a ONU a enviar uma equipe de especialista para averiguar as denúncias, a qual ainda não teve permissão para entrar no país.
A autorização não foi concedida por que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, decidiu que esses especialistas só iriam averiguar a denúncia de Assad se também averiguassem a dos rebeldes contra seu regime e pudessem visitar diferentes pontos do país.
Segundo a promotora suíça, que evitou apresentar mais detalhes sobre as informações recolhidas até o momento, a comissão da ONU ainda tem muito que investigar sobre esse suposto uso do gás sarin.
"Existem suspeitas fortes e concretas, mas ainda não há provas incontestáveis", ressaltou a promotora.
O gás sarin é uma substância extremamente tóxica, inclusive em pequenas doses, e é considerado como uma arma de destruição em massa desde 1991 pelas Nações Unidas.
A comissão da ONU deve apresentar um novo relatório sobre o avanço de seu trabalho na próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos, que será realizado no próximo mês de junho em Genebra.
Tendo em vista que as autoridades sírias não permitem a entrada dos agentes da ONU no país, grande parte da investigação elaborada se baseia no trabalho realizado nos países vizinhos, incluindo a coleta de testemunhos entre refugiados, feridos, ex-soldados e rebeldes, entre outras vítimas da violência armada.
G1

'Salvou o rosto', diz sobrevivente da boate Kiss que usou curativo inovador


Ainda no hospital, Bruno recebe visita de toda a família (Foto: Bruno Grethe/Arquivo pessoal)Ainda no hospital, Bruno recebe visita dos pais e do irmão (Foto: Bruno Grethe/Arquivo pessoal)
Era dia 3 de fevereiro de 2013 quando o estudante Bruno Rupollo Grethe, de 18 anos, acordou em um quarto de hospital sem saber como chegou lá. A última lembrança que tinha era de um incêndio na festa Agromerados, na boate Kiss, em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul. Ao acordar de um coma que não sabia quanto tempo durou, o jovem percebeu que havia algo estranho em seu rosto, coberto por um curativo.
Proibido de se olhar no espelho, Bruno sentiu por três dias uma angústia que chegou ao fim quando percebeu que havia sofrido uma queimadura em metade da face, mas que a cicatriz havia desaparecido graças a um curativo inovador desenvolvido a partir de células do intestino de porcos. Naquela altura, ainda não sabia que a tragédia de 27 de janeiro havia causado 241 mortes e deixado mais de 600 pessoas feridas como ele.
Bruno teve 8% do corpo queimado no incêndio. As marcas no braço, em parte das costas, no pescoço e em uma orelha não o incomodam tanto. “Não tenho nada para reclamar. Se o rosto tivesse ficado como estava o meu braço seria outra coisa. O tratamento salvou o meu rosto. Para as costas e o braço não dou muita bola, não ligo muito para estética. Mas rosto é o cartão de visitas”, disse o jovem ao G1.
Bruno mostra recuperação do rosto e dos braços após queimaduras (Foto: Bruno Grethe/Arquivo Pessoal)
Responsável pela Unidade de Queimados do Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, a cirurgiã plástica Maria da Graça Figueira Costa explica que o tratamento a que a Bruno se refere é a aplicação de uma membrana sintética para facilitar a cicatrização. Depois da recuperação, o material foi retirado. “Ele tinha queimaduras de segundo grau na face. Esse curativo é uma membrana que acelera a cicatrização, mas não é um substitutivo (da pele), pois ele não precisava de um substitutivo”, explicou a médica.
As características do ferimento também facilitaram para que o tratamento fosse um sucesso. “Ficou muito boa a pele dele. Queimaduras de segundo grau têm características de recuperar. A princípio há uma mudança de coloração, mas que com o tempo vai apagando e ficando cada vez melhor”, explicou.
O curativo denominado “Oasis” foi doado depois da tragédia aos hospitais de Clínicas e Cristo Redentor, em Porto Alegre, pela empresa importadora Maximedical (confira no vídeo ao lado como funciona o produto). Na época, houve um mutirão de doação de pele e de sangue para ajudar os feridos. Voltado especificamente para cicatrizar queimaduras de segundo grau sem deixar marcas, o produto é elaborado a partir de células extraídas do intestino delgado do porco, e tecnicamente denominado “matriz extracelular”.
“Do intestino do suíno, são removidas células que contêm diversas substâncias, como fatores de crescimento, colágenos e proteínas. As células humanas vão se integrando através destas substâncias presentes na membrana, até gerar uma cicatrização perfeita, sem marcas”, explica a enfermeira Fernanda Rafael, gerente do produto na importadora.
As principais substâncias presentes na matriz são o colágeno e a elastina, responsáveis pela elasticidade da pele, e proteínas e fatores de crescimento, que proporcionam o desenvolvimento da pele. “Ela faz com que a cicatriz se reorganize, e por isso o rosto do Bruno ficou perfeito”, explicou Fernanda.
Últimas lembranças antes de acordar no hospital
Fachada da boate Kiss, em Santa Maria (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Bruno acreditava que haviam se passado 10 dias do incêndio quando teve a sedação reduzida e acordou. Não sabia o quanto teve sorte por ter decidido circular pela boate e estar em uma das duas copas, a que ficava mais perto da saída. Nem viu o fogo que o queimou, mas percebeu que havia fumaça e sentiu tontura ao respirar. “Tranquei a respiração e fui até a porta. Quando cheguei, tive de dar uma respirada e acabei desmaiando. Fui acordar na UTI”, contou.
O estudante não sentiu a angústia da família ao encontrá-lo na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Santa Maria, na madrugada da tragédia, mas sabe que não foi fácil para a mãe Dirlene Grethe. “Eu estava tão inchado que ela só me reconheceu pela sobrancelha”, conta.
O estudante também não percebeu que havia sido transferido para o Hospital de Caridade de Santa Maria, onde os médicos recomendaram à família que o levassem para Porto Alegre. Ainda foi preciso esperar que a pressão se estabilizasse para que ele pudesse embarcar no avião. Depois chegou à capital gaúcha, foi internado e, enfim, acordou.
“Quando eu estava na UTI, senti uma coisinha no rosto, mas não podia ver. Quando subi para a ala dos queimados, todos os dias a enfermeira umidecia o curativo. Depois de três dias o rosto estava igual, sem nenhuma cicatriz. Ficou perfeito, mas no terceiro dia ainda estava inchado. Depois de um mês e pouco desinchou, mas ainda tenho de cuidar, passar protetor”, explicou o menino.
Mãe escondia extensão da tragédia durante recuperação
Dias depois do alívio, no entanto, Bruno sentiu a maior dor que o incêndio provocaria. À medida que se recuperava, passou a pedir mais informações sobre a tragédia. O incêndio teve consequências mais trágicas do que imaginava. Entre as 241 vítimas, estavam 11 amigos e outras 20 pessoas que conhecia. O jovem é estudante de agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o mesmo curso dos organizadores do evento.

“Houve uma manhã em que eu acordei e chamei a enfermeira. Ela falou 'tiveste sorte e tens de agradecer, morreram umas 200 pessoas'. Na hora é como se eu não quisesse escutar, não entendesse direito. Pensei: 'se morreram 200 pessoas, nenhum amigo meu que estava lá sobreviveu'”, contou.
Bruno em uma festa com amigos da agronomia da UFSM, curso que perdeu mais de 20 alunos na tragédia (Foto: Bruno Grethe/Arquivo pessoal)
A volta às aulas não foi fácil para Bruno. O mais difícil para ele é olhar para o fundo da sala de aula e não ver os amigos. “Faltam os sorrisos no fundão”, lamenta. Para superar o trauma, o grupo de alunos se uniu. Uma boa oportunidade de integração foi o trote do novo semestre, que na universidade não é feito com tintas e líquidos malcheirosos, mas com um churrasco com os calouros. A emoção marcou o evento, visto por Bruno como o momento em que os alunos começaram a se reerguer após o trauma.
“Não adianta, a gente passa a semana inteira pensando, deita e chora um pouco. Quando chegou a tardinha, um puxou o choro, e foi geral. Todos choraram. Vemos amigos sofrendo, mas tem o lado bom. Um ajuda o outro, nos damos força. O pessoal ficou melhor depois dali”, contou.
Os colegas de Bruno começaram a jantar juntos. A união fortaleceu a turma, que aos poucos vai retomando a rotina. Com o rosto curado e marcas de queimaduras em outras partes do corpo, ele ainda realiza fisioterapia e conta com o apoio da mãe para recuperar completamente o movimento do braço esquerdo. Sempre com um sorriso no rosto.
“A vida é feita de momentos, e eu prefiro estar sorrindo na maioria deles”, conclui.
Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 241 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.

O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia. Com isso, os envolvidos no caso viram réus e serão julgados
Veja as conclusões da investigação
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas

G1

Gravações mostram esquema de desvio de verba em hospitais de MS


Escutas telefônicas captadas durante investigação da Polícia Federal (PF), Ministério Público e Controladoria-Geral da União (CGU) reforçam as suspeitas de irregularidades no Hospital do Câncer (HC) e Hospital Universitário (HU), em Campo Grande. As gravações mostram, por exemplo, relatos sobre sessões de quimioterapia em pacientes que já tinham morrido, cobrança por tratamento contra o câncer que nunca foi realizado e o fechamento do setor de radioterapia de um hospital público para beneficiar clínicas particulares.

As irregularidades vieram à tona na operação Sangue Frio, em 19 de março. Entre os investigados estão os médicos José Carlos Dorsa Vieira Pontes, que era diretor do HU da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e Adalberto Siufi, que dirigia o HC.

Em entrevista ao Fantástico, uma ex-funcionária do HC, que não quis se identificar, afirma que muitos pacientes não recebiam corretamente os remédios para combater o câncer. Segundo ela, muitas vezes o remédio receitado tinha a dose reduzida ou era trocado pelo setor administrativo do hospital.

“O que a gente ouvia bastante na hora da compra de medicação é 'o paciente está morrendo, não precisa fazer. Faz o soro que está bom'”, disse a ex-funcionária.
 
Uma conversa gravada pela PF entre a farmacêutica Renata Burale e a então administradora do Hospital do Câncer, Betina Siufi – filha de Adalberto Siufi, mostra como era decidida a medicação dos pacientes.
 
Renata: Estou com uma prescrição aqui de um paciente do CTI, que a médica passou um antifúngico para ele. Essa doutora Camila que passa essas coisas cabulosas.
Betina: É caro pra c... esse negócio!
Renata: Então...
Betina: Nem f..., tá? Desculpa o termo.
Renata: A hora que eu vi isso aqui, vi o preço, eu falei: nã, nã, nã, nã, nã!
Betina: Nã, nã, nã, nã, não! [risos].

A farmacêutica alegou que tem que pedir autorização. “O que acontece. Quando chega uma prescrição que a gente acha que é fora do padrão, eu tenho que pedir autorização.”

Betina Siufi não quis se pronunciar, mas o pai falou por ela. “Quando ela administrava aqui, o remédio caro ou barato, nunca importou. Tudo que foi de melhor para o paciente, sempre foi”, afirmou Adalberto Siufi.

O advogado Renê Siufi garantiu que não há ilegalidades. “Eu tenho certeza que, ao final dessa investigação, desse tumulto todo que fizeram, vai se comprovar que não teve desvio nenhum, não teve nenhum abuso, não se cometeu nada de ilegal.”
 
Hospital Universitário
Outra gravação mostra diálogo entre José Carlos Dorsa e um médico. Os dois discutem como alterar informações sobre a morte de uma paciente.

Médico: Como é que vai descrever aquela válvula transcateter que abriu a mulher lá?
Dorsa: Como é que foi?
Médico: Fez transapical e furou o ventrículo. Põe isso?
Dorsa: Não, não põe isso. Coloca que colocamos em extracorpórea. Entendeu?
Médico: Mas nós não colocamos em extracorpórea...
Dorsa: Eu sei, mas você vai falar por que abriu o tórax? Não pode falar que furou... né?

Fantástico procurou três vezes o médico cardiologista José Carlos Dorsa, mas foi recebido por um assessor e não teve retorno.

Encontro para barrar
As escutas telefônicas mostram ainda uma tentativa de impedir as investigações no Hospital do Câncer. No dia 23 de julho, o Adalberto Siufi fala com a filha. “Eu já marquei com a sua excelência, o governador. Ou ele dá um 'stop' nisso ou nós vamos para o pau. Porque não dá para continuar essa brincadeira, certo?”
 
Dois dias depois, ele diz como foi a suposta conversa com o governador do estado, André Puccinelli, e fala que este marcou um encontro entre ele e o procurador-geral de Justiça. No dia seguinte, o médico fala novamente com a filha sobre a reunião. “Fui muito bem recebido. Foi nota dez. Ele foi muito aberto, muito legal, falou que vai resolver porque um pedido do governador ele não pode dizer não.”
 
O procurador-geral de Justiça de Mato Grosso do Sul, Humberto Brites, confirma o encontro. “Eles vieram aqui dizer que estavam sendo perseguidos pela promotora, que eram inocentes, que nada daquilo que tava sendo veiculado era verdade e pediam providências nesse sentido”, afirmou, dizendo ainda que costuma receber investigados e que não houve interferência no trabalho da promotora.
 
Em nota, o governo de Mato Grosso do Sul negou que André Puccinelli tenha se reunido ou intermediado reuniões com os dirigentes dos hospitais.
 
Outras irregularidades
Uma auditoria feita pelo Ministério da Saúde encontrou outros problemas durante a gestão de Adalberto Siufi. Descobriu, por exemplo, que o hospital cobrava por mais sessões de radioterapia do que realmente foram feitas.

No HU, o setor de radioterapia teria sido fechado de propósito para que os pacientes fossem tratados pelas clínicas privadas do grupo investigado. Com o atendimento interrompido no Hospital Universitário desde 2005, os pacientes com câncer passaram a ser encaminhados para o Hospital do Câncer.
 
Em um relatório, a PF afirma que se trata de um “conluio entre Adalberto Siufi e José Carlos Dorsa para manter desativada a radioterapia do Hospital Universitário para que os pacientes fossem encaminhados ao Hospital do Câncer e, de lá, para a clínica”, do próprio Adalberto.
 
“As responsabilidades públicas eram deixadas de lado em prol dos próprios ganhos, da própria empresa particular”, afirma superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Edgar Paulo Marcon.

Em nota, o Ministério da Educação (MEC), responsável pelo HU, diz que a transferência dos serviços de oncologia foi decidida por uma comissão de gestores que reúne a secretaria estadual de e as secretarias municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul. Mas na última terça-feira (30), o setor de radioterapia da unidade voltou a funcionar.
 
4 anos e valores
Segundo o secretário-executivo da CGU, Carlos Higino de Alencar, a clínica particular de Adalberto Siufi recebeu quase metade do que o Hospital do Câncer gastou entre 2008 e 2011. “Em quase R$ 25 milhões de contratos do Hospital do Câncer, temos R$ 11 milhões direcionados especificamente à empresa desse servidor”, disse.
 
Para o Ministério Público, o diretor do Hospital do Câncer jamais poderia ter contratado a própria clínica. “A direção do hospital contratava empresas que pertenciam à diretoria do hospital. Isso, por uma resolução feita pelo Ministério Público, é proibido”, destacou a promotora de Justiça Paula Volpe.

O médico deixou a diretoria, mas continua atendendo os pacientes no hospital. “Quem determinou quantidade de pacientes, quem determinou o número de valores repassados, diretamente com a empresa, que não fui eu. Eu não assino contrato, assino nada”, afirmou Siufi.
G1

Imagens mostram tiroteio em caçada aérea da polícia a traficante no Rio


A Corregedoria da Polícia Civil e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) apuram a conduta de policiais civis durante a operação realizada na Favela da Coreia, na Zona Oeste do Rio, para prender o traficante Márcio José Sabino Pereira, conhecido como Matemático.
Imagens das câmeras do helicóptero da Polícia Civil obtidas pelo Fantástico mostram os agentes na aeronave atirando a uma altura entre 20 e 40 metros. Casas e prédios foram atingidos. Especialistas em segurança questionam a operação, que foi classificada pela Chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, como “desproporcional”.
As imagens são de 11 de maio de 2012. O corpo do traficante Matemático foi achado na madrugada do dia seguinte, dentro de um carro. No tiroteio, nenhum morador foi ferido.
Matemático era um dos maiores traficantes do Rio, com ficha criminal extensa: 26 inquéritos por tráfico de drogas, associação para o tráfico e homicídios. Ele comandava o tráfico em quatro favelas da Zona Oeste, uma das áreas mais populosas da cidade. Foragido do sistema penitenciário desde 2009, quando saiu para trabalhar numa funerária e fugiu. Quando morreu, o traficante tinha 11 mandados de prisão. O corpo de Matemático foi achado na madrugada de 12 de maio de 2012, dentro de um carro, a cerca de três quilômetros, após uma operação da PM.A pedido do Fantástico, o especialista em segurança digital Wanderson Castilho checou se as imagens do vídeo obtido não sofreram algum tipo de manipulação. De acordo com a análise, a imagem tem “alto nível de autenticidade”. “A análise sequencial das imagens, da cronologia, da sintonia entre quem está narrando com a imagem mostrou-se ter um alto nível de autenticidade”, disse Wanderson.
PF monitorava traficante
A Polícia Federal monitorava a quadrilha de Matemático havia cinco meses. Os agentes usavam a espionagem eletrônica, rastreadores e escutas telefônicas que permitiam saber a localização dos bandidos. Naquela noite, as informações foram repassadas à equipe da Polícia Civil, que estava a bordo do helicóptero. As imagens do vídeo foram gravadas pela câmera do helicóptero da Polícia Civil que fazia a operação. A câmera tem um sensor que detecta o calor de corpos e objetos.

Na perseguição a Matemático, os agentes avistam um homem que, segundo a polícia, é o traficante, saindo de uma casa. No entanto, no vídeo, a tripulação diz que o homem se parece com Matemático. Antes dos tiros, o helicóptero está a uma altitude entre 900 e 1200 metros. A aeronave desce até uma altura entre 20 e 40 metros para a ação dos atiradores.
O homem assume a direção do veículo. Assim que o carro entra numa esquina, os policiais dialogam entre si e falam “Vamos incendiar?”. Assim que o alvo é localizado, os agentes dizem: “Pega, pega, pega!” e disparam tiros em sequência em direção aos motoqueiros que cruzam a rua.
Por um momento, o carro sai do alcance da visão da câmera do helicóptero. Os agentes percebem que o carro dos traficantes bateu e que um deles, supostamente Matemático, foi baleado. Em seguida, uma roda de pessoas se forma para ver o que está acontecendo. Homens que estariam carregando fuzis correm e mais tiros são disparados pela polícia.
“Apesar de a imagem ser feita a uma distância muito longa, e à noite, mesmo assim por conta do biotipo a gente tinha certeza que aquela pessoa que saiu da casa da mulher dele era o Matemático”, explica o piloto Adonis Lopes de Oliveira, que comandava a operação no dia.
Blindado da PM quebra em operação
Adonis diz ainda que o objetivo naquele dia era monitorar o traficante, para que ele fosse interceptado pela PM. Entretanto, o carro blindado da PM quebrou. "O alvo está baleado aí. Pergunto pra você: cara, a equipe da Polícia Militar está com dificuldade de chegar aí, correto? Eles tão sem blindado”, diz um trecho do vídeo.

Em nota, a Polícia Militar afirma que um grande efetivo foi mobilizado para a operação. Na entrada da Favela da Coreia houve troca de tiros, que atingiram os pneus do blindado. A nota diz ainda que mesmo sem o apoio do veículo, os PMs entraram na comunidade sob fogo pesado e cumpriram o objetivo da operação, que era impedir a fuga de matemático.
O especialista em segurança José Vicente da Silva Filho argumenta que a prisão de Matemático deveria ser feita por meio terrestre. “Se o criminoso é tão importante, o suspeito é tão importante, a prisão dele deveria ser muito importante também, e só poderia ser feito com pessoal de terra”, conclui.
O especialista Diogenes Lucca também questiona uma operação como esta ser realizada à noite.
“É questionável fazer uma operação dessa natureza à noite. Já começa uma complicação adicional”, diz.

Perigo à noite
O piloto Adonis discorda e alega que o helicóptero tem equipamentos que permitem visão noturna. “Eu discordo. Até porque as operações mais importantes que nós fizemos nos últimos tempos foram feitas à noite, através de equipamentos de visão noturna”.

O comentarista de segurança da TV Globo, Rodrigo Pimentel, que já foi capitão do Bope, diz que os disparos foram arriscados e que os agentes não estavam usando equipamentos de visão noturna.
“Os atiradores não estão usando equipamentos de visão noturna (..). Estão utilizando da luz residual que existe no bairro pra efetuar esses disparos (..). É um tiro muito arriscado”, analisa Pimentel.
O especialista chama de “carnificina” a ação. “É carnificina (..) Não tinha menor sentido em atirar como atiraram (..) Um tiro sem qualidade, é um tiro sem compromisso”, diz.
Helicóptero atingido por tiros
O piloto diz que os tiros foram apenas de “advertência” e que depois atirou mais, para proteger o helicóptero, que também foi atingido por dois tiros disparados por traficantes. “Nesse dia nós não tínhamos alto-falantes, até porque o combinado era o 14º Batalhão prender o Matemático, então quando nós chegamos perto do carro dele nós fizemos inicialmente tiros de advertência. Logo em seguida, a gente começou a escutar muito tiro vindo em direção da aeronave. E aí a gente também revidou pra proteger, inclusive fazer a proteção da aeronave”, diz Adonis.

O especialista diz que piloto deveria ter feito o oposto, ou seja, recuado, e não se aproximado.”Em qualquer hipótese de um veículo estar atirando sobre o helicóptero, o helicóptero teria que fazer um recuo pra segurança dos próprios tripulantes”, fala.
Adonis relata que os tiros foram disparados por traficantes que estavam armados com fuzis no carro, onde estaria Matemático. No entanto, o capitão Rodrigo Pimentel diz que o fuzil pra fora, na posição que mostra o vídeo, não é uma ameaça à aeronave.
“Se o cano foi usado recentemente, o cano tá quente. Então o visor térmico consegue localizar, sim, um fuzil dentro do carro. No entanto esse fuzil pra fora do carro, nessa posição que ele está, não é uma ameaça à aeronave, não. Lembrando que ainda que fosse uma ameaça à aeronave, nada iria justificar a quantidade de tiros disparados nesse bairro residencial”, comenta Pimentel.
Prédio e casas atingidos
Prédios e casas são atingidas pelos tiros. O piloto Adonis alega que o local é freqüentado por traficantes. “Aquela rua era frequentada a maioria por traficantes, conhecemos bem aquilo ali, tanto é que não houve nenhum tipo de reclamação e não houve nenhum morador baleado naquele dia”.

Um ano depois do registro das cenas, o prédio continua com as marcas de tiro. O deputado Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, criticou a ação dos policiais.
“Os recursos da Polícia Civil, os recursos da secretaria de segurança, os investimentos em tecnologia não podem estar a serviço desse tipo de ação”, pontuou.
Em nota, o secretário de segurança José Mariano Beltrame afirma que “o setor especializado nessas ações tem que dar uma resposta à sociedade, e quem teve a responsabilidade de agir, tem que ter a responsabilidade de arcar com as consequências", diz o texto.
Críticas
A Chefe de Polícia Martha Rocha afirma que o papel da polícia é prender. “Essa imagem nos leva a admitir a possibilidade de que tenha havido uma ação desproporcional. Exatamente, por isso, que a corregedoria há quinze dias já vem investigando essa ação como um todo. Eu acho que o papel da polícia é prender. A morte ela é em último caso”, fala a delegada.

Apesar das críticas, Adonis diz que o objetivo foi alcançado, sem ocorrer morte de inocentes. “A gente entende que foi uma operação legítima, onde um traficante foi morto, um traficante perigoso, ninguém foi baleado, nenhum morador foi baleado, e o objetivo foi alcançado”, enfatiza.
Para Rodrigo Pimentel, a polícia não efetuaria a série de disparos que fez se a operação fosse em um bairro de classe média.

“Se essa perseguição não fosse numa comunidade carente do Rio de Janeiro, se essa perseguição fosse num bairro residencial, de classe média, ou no centro da cidade, será que a polícia efetuaria essa quantidade de disparos? Certamente não. Essa é uma prática da polícia em comunidades carentes ainda dominadas pelo tráfico”, conclui.
G1
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