segunda-feira, 5 de março de 2012

Eleição russa foi enviesada em favor de Putin, dizem monitores


As eleições presidenciais na Rússia foram injustas e claramente enviesadas em favor do primeiro-ministro Vladimir Putin, afirmaram monitores internacionais da votação num relatório nesta segunda-feira (5).

Observadores internacionais afirmaram que Putin, que recebeu 64% dos votos de acordo com os resultados oficiais, teve clara vantagem sobre seus rivais na mídia e que recursos do Estado foram usados em nível regional para apoiar a sua candidatura para o terceiro mandato presidencial.

"Não havia uma competição real e o abuso de recursos do governo asseguraram que o vencedor final das eleições nunca fosse uma dúvida", disse um dos monitores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Tonino Picula, no comunicado.

"O sentido das eleições é que o resultado deve ser incerto. Este não foi o caso da Rússia", completou. "De acordo com a nossa avaliação, essas eleições foram injustas."
Monitores de uma equipe da OSCE em conjunto com o Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa também pediram para que supostas violações eleitorais na votação de domingo fossem profundamente investigadas.

Na avaliação dos observadores, o dia da votação foi visto como positivo, mas a contagem dos votos foi considerada negativa em quase um terço das seções eleitorais observadas.
Vitória
Com 98,4% dos votos apurados, o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, declarou vitória nas eleições presidenciais russas, realizadas neste domingo (4). De acordo com a Comissão Eleitoral Central (CEC), o homem forte da Rússia obtém 63,9% dos votos, quase 43 milhões.
Com este resultado, Putin, que já exerceu o cargo de presidente entre 2000 e 2008, seria o ganhador do pleito no primeiro turno. A vitória é questionada por seus rivais, que consideram a eleição presidencial russa um roubo.
"Obrigado a todos que disseram 'sim' à grande Rússia", gritou Putin com lágrimas nos olhos perante dezenas de milhares de partidários, reunidos a dezenas de metros das muralhas do Kremlin. "Vencemos!", comemorou no meio das aclamações de seus jovens seguidores.
Putin afirmou que o povo da Rússia demonstrou saber "diferenciar os ares de mudança das tentativas de destruir o país". "Não haverá segundo turno. Esta vitória estava clara há dois ou três meses", disse o cineasta Stanislav Govorujin, chefe de campanha de Putin, em declarações ao vivo pela televisão logo após os primeiros resultados serem divulgados.
O líder do Partido Comunista da Rússia, Gennady Ziuganov, foi o segundo candidato mais votado, com 17,14%, segundo os dados da CEC. O terceiro lugar corresponde ao multimilionário Mikhail Prokhorov, com 7,47%, considerado uma das grandes surpresas da campanha presidencial russa ao se tratar de um candidato sem experiência política.
O ultranacionalista Vladimir Jirinovski, que participou de várias votações presidenciais nos últimos 20 anos, é quarto, com 6,24% dos sufrágios. Já o social-democrata Sergei Mironov, antigo presidente do Senado, é quinto e último com 3,80% dos votos emitidos.
Legitimidade em questão
Poucos minutos após se saber os primeiros resultados oficiais, o líder comunista negou a legitimidade destas eleições, que o chefe da campanha de Putin considerou "as mais limpas de toda a história da Rússia". "Não vejo o sentido de felicitar ninguém. Com estas eleições perdemos todos. Limparam os pés com nossos cidadãos", disse Ziuganov.
Ele acrescentou que como candidato, não pode "reconhecer o pleito realizado como limpo, justo nem honesto". "A enorme máquina estatal, criminosa e corrupta, trabalhou a favor de um só candidato", criticou Ziuganov em alusão a Putin.
A agência de observação eleitoral independente Golos disse que recebeu registros de prática da chamada "votação carrossel", em que ônibus levam eleitores para depositar seus votos mais de uma vez em diferentes postos. Um vídeo feito em uma sessão do Cáucaso russo teria registrado práticas irregulares.
O site da Golos recebeu mais de mil reclamações de irregularidades, incluindo de listas de votantes com validade questionável e de câmeras fora de funcionamento em postos de votação.

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