quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Aids: realidade na adolescência


Aos 13 anos, Maria (nome fictício) se apaixonou por um rapaz de 19. Logo começaram a namorar. Tudo parecia bem, até o rapaz, primeiro namorado de Maria, adoecer e ser internado no Hospital Clementino Fraga, com o diagnóstico de Aids. Em poucos meses, ele faleceu. Os médicos, então, recomendaram que Maria fizesse um teste de HIV, uma vez que eles tinham vida sexual ativa. A princípio ela resistiu, mas foi convencida da importância de realizá-lo após uma longa conversa no setor de psicologia do hospital. O resultado também foi positivo.

Maria é apenas uma das muitas adolescentes que se infectam com o vírus HIV na Paraíba. A iniciação cada vez mais precoce da vida sexual acaba sendo um fator determinante para as estatísticas. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), no ano passado foram registrados onze casos de crianças e adolescentes com Aids. Este ano, já são três registros. No entanto, os números podem não refletir a realidade, visto que ainda há casos de subnotificação, principalmente no interior da Paraíba.

O fundador e presidente da ONG Missão Nova Esperança, Vitor Buriti, disse que as notificações de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) são quase zero, mas os de Aids costumam ter um controle mais rígido. No Estado, apenas dois hospitais (Clementino Fraga, em João Pessoa, e Hospital Universitário, em Campina Grande) são referências no tratamento da doença. Vitor lembrou que, como a Aids pode passar muitos anos sem manifestar sintomas, é possível que a infecção ocorra na adolescência e a pessoa só descubra na idade adulta. “Isso acaba mascarando a realidade”, declarou.

O caso da adolescente Maria chama a atenção da equipe da ONG. “A questão da sexualidade ainda é muito difícil de ser tratada na família, o que pode deixar o adolescente mais vulnerável à Aids”, afirmou Buriti. Depois que soube do resultado do exame, Maria admitiu que transava com o namorado há meses, sem preservativo. “Esse exemplo deve servir de alerta para a sociedade, porque a gente sempre pensa que a nossa família está imune”, orientou o presidente da ONG. “Essa resistência acaba atrapalhando a prevenção”, completou.

Convencer uma criança ou adolescente a tomar os medicamentos do tratamento da Aids não é tarefa fácil. Maria, por exemplo, resistiu muito a tomar os remédios. Não queria aceitar sua situação e chorava muito com medo da morte. A mãe semianalfabeta demora a absorver as informações, o que também aumenta o desafio da equipe. “Quanto mais baixo o grau de instrução, mais difícil é o trabalho de desmistificar a morte”, explicou Buriti. Quando os adolescentes começam a conviver com outros que também têm Aids, a situação fica mais tranquila.

Não há informações oficiais sobre os casos de DSTs em crianças e adolescentes, mas o alerta dos médicos é o mesmo em relação à transmissão. As mais conhecidas são gonorreia e sífilis. As DSTs são transmitidas, principalmente, por contato sexual sem o uso da camisinha com uma pessoa infectada. A manifestação ocorre por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas.

JP ONLINE

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