Aos 13 anos, Maria (nome fictício) se apaixonou por um rapaz
de 19. Logo começaram a namorar. Tudo parecia bem, até o rapaz, primeiro
namorado de Maria, adoecer e ser internado no Hospital Clementino Fraga, com o
diagnóstico de Aids. Em poucos meses, ele faleceu. Os médicos, então,
recomendaram que Maria fizesse um teste de HIV, uma vez que eles tinham vida
sexual ativa. A princípio ela resistiu, mas foi convencida da importância de
realizá-lo após uma longa conversa no setor de psicologia do hospital. O resultado
também foi positivo.
Maria é apenas uma das muitas adolescentes que se infectam
com o vírus HIV na Paraíba. A iniciação cada vez mais precoce da vida sexual
acaba sendo um fator determinante para as estatísticas. Segundo a Secretaria
Estadual de Saúde (SES), no ano passado foram registrados onze casos de
crianças e adolescentes com Aids. Este ano, já são três registros. No entanto,
os números podem não refletir a realidade, visto que ainda há casos de
subnotificação, principalmente no interior da Paraíba.
O fundador e presidente da ONG Missão Nova Esperança, Vitor
Buriti, disse que as notificações de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)
são quase zero, mas os de Aids costumam ter um controle mais rígido. No Estado,
apenas dois hospitais (Clementino Fraga, em João Pessoa, e Hospital
Universitário, em Campina Grande) são referências no tratamento da doença.
Vitor lembrou que, como a Aids pode passar muitos anos sem manifestar sintomas,
é possível que a infecção ocorra na adolescência e a pessoa só descubra na
idade adulta. “Isso acaba mascarando a realidade”, declarou.
O caso da adolescente Maria chama a atenção da equipe da
ONG. “A questão da sexualidade ainda é muito difícil de ser tratada na família,
o que pode deixar o adolescente mais vulnerável à Aids”, afirmou Buriti. Depois
que soube do resultado do exame, Maria admitiu que transava com o namorado há
meses, sem preservativo. “Esse exemplo deve servir de alerta para a sociedade,
porque a gente sempre pensa que a nossa família está imune”, orientou o
presidente da ONG. “Essa resistência acaba atrapalhando a prevenção”,
completou.
Convencer uma criança ou adolescente a tomar os medicamentos
do tratamento da Aids não é tarefa fácil. Maria, por exemplo, resistiu muito a
tomar os remédios. Não queria aceitar sua situação e chorava muito com medo da
morte. A mãe semianalfabeta demora a absorver as informações, o que também
aumenta o desafio da equipe. “Quanto mais baixo o grau de instrução, mais
difícil é o trabalho de desmistificar a morte”, explicou Buriti. Quando os
adolescentes começam a conviver com outros que também têm Aids, a situação fica
mais tranquila.
Não há informações oficiais sobre os casos de DSTs em
crianças e adolescentes, mas o alerta dos médicos é o mesmo em relação à
transmissão. As mais conhecidas são gonorreia e sífilis. As DSTs são
transmitidas, principalmente, por contato sexual sem o uso da camisinha com uma
pessoa infectada. A manifestação ocorre por meio de feridas, corrimentos,
bolhas ou verrugas.
JP ONLINE
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