sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Sobreviventes de acidente em desfile lembram dos momentos de terror


Vítimas de acidente com carro alegórico saíram do hospital nesta quinta-feira (14) (Foto: Silvio Muniz/G1)Vítimas de acidente com carro alegórico saíram do hospital nesta quinta-feira (14) (Foto: Silvio Muniz/G1)
Quatro rapazes que escaparam com vida do choque de quase 14 mil volts que matou quatro pessoas no carro alegórico da escola de samba Sangue Jovem, em Santos, no litoral de São Paulo, receberam alta do hospital Santa Casa após passarem quatro dias internados. Jovens empurraram a alegoria pelo sambódromo até a hora do acidente.

Os sobreviventes contam que depois que deixaram o sambódromo ficaram sem orientação de como conduzir a alegoria. Marcílio Robson da Silva conta que ninguém enxergava nada. "Quando o carro saiu da passarela todo mundo estava comemorando. Os organizadores nos agradeceram pelo trabalho porque a gente fez tudo no tempo certo. Nós paramos e ficamos segurando o carro para as crianças descerem, em uma subida. Fizemos a volta, com dificuldade, porque o carro era muito pesado e os pneus estavam murchos", lembra.

Segundo os sobreviventes, os organizadores disseram para levar o carro para um local mais a frente do sambódromo. Ainda de acordo com os rapazes, Ludenildo Militão, que dirigia o veículo, seguia uma linha na passarela para conduzir o carro durante o desfile. Assim que saíram da passarela o condutor ficou sem a faixa para guiar o carro.

Ferimentos foram causado pelo choque de cerca de 14 mil volts (Foto: Silvio Muniz/G1)
Genilson dos Santos também empurrava o carro e conta que desde o começo algumas alegorias estavam dando problema. “O destaque estava balançando, tinha uns cavalos que iam na lateral acoplados na estrutura, que também foram retirados na hora do desfile”, explica.

Já Júlio Carvalho Oliveira disse que com o declínio da pista o destaque balançou e encostou no fio, causando o choque. Marcílio lembra do momento. “Na hora todo mundo começou a tomar o choque. O pessoal gritando, jogando cadeira para tentar soltar o fio. Não tinha nada para fazer, principalmente quem tinha levado o choque. Meu braço começou a estourar com o choque”.

Os quatro escaparam da descarga quando um fio energizado rompeu atirando-os para longe. “Quando o fio vibrou a gente conseguiu se soltar e caí no chão. O corpo todo estava repuxando. Sem isso não estaria aqui. Foi Deus que nos livrou”, contou Fabrício César Silva Mariano, que empurrava o carro na hora do acidente. O mesmo fio teria acertado Mirela, uma das quatro vítimas fatais do acidente.

Enquanto aguardavam o socorro, as vítimas feridas tentaram ajudar a apagar o fogo. “A gente procurou um jeito de apagar o incêndio, mas o extintor já havia sido retirado pelo pessoal da escola. Tivemos que ficar esperando o resgate, enquanto o carro queimava com nossos amigos. Só reconheci o Leandro por causa da bermuda e o tênis que ele calçava”, lamenta Genilson.
Os quatro, que moram no mesmo bairro em São Vicente, dizem que vão agradecer na igreja terem sobrevivido. “Tenho que agradecer a Deus. Vou ter um filho agora. Via meus braços se encolhendo junto ao corpo e eu não conseguia fazer nada, naquele momento pensei que fosse morrer”, lembra Fabrício.
Os sobreviventes tentam entender o que aconteceu. Genilson acha que se algumas providências tivessem sido tomadas o acidente teria sido evitado. “Se tivesse gente nos guiando, se o carro não tivesse tão pesado, se os cavalos marinhos estivessem no lugar o carro não teria chegado perto dos fios e nada disso teria acontecido”.
Arte da tragédia no carnaval de Santos (Foto: Arte/G1)
Caso
Quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas depois que um carro alegórico da escola de samba Sangue Jovem tocou em fios elétricos e pegou fogo na madrugada desta terça-feira (12) em Santos, no litoral de São Paulo, durante os desfiles do grupo especial do carnaval da cidade. As vítimas, três contratados pela própria agremiação, além de uma mulher que acompanhava a festa, morreram eletrocutadas. Segundo os Bombeiros, outras cinco pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para atendimento. O estado de saúde das outras cinco é estável.

O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, decretou luto oficial de três dias na cidade, além de cancelar a programação de carnaval ainda prevista para o município. Barbosa, inclusive, declarou que a Prefeitura vai procurar o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, para que o laudo conclusivo da perícia feita no local da tragédia esteja em mãos do Poder Público em menos de um mês - conforme a Polícia Civil, o laudo seria apresentado em até 30 dias.
Um dos que desfilaram no carro incendiado foi o ex-jogador Coutinho. Ele desceu pouco antes do veículo ser incendiado. "É triste. Infelizmente as pessoas acabam perdendo os entes queridos em um piscar de olhos", afirmou.
Personalidade homenageada pela alegoria "Rei da Bola", Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, encaminhou ao G1 uma nota lamentando a tragédia no carnaval santista. "Eu, Edson Arantes do Nascimento - Pelé também participo dos sentimentos dos familiares. Isto é coisa que não podemos entender, mas temos que entregar nas mãos de Deus".
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G1

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