quinta-feira, 14 de março de 2013

'Foi a vez mais difícil de cantar', diz Marcão sobre homenagem em missa


Marcão é guitarrista da banda Charlie Brown Jr. (Foto: Leandro Campos/G1)Marcão é guitarrista da banda Charlie Brown Jr.
(Foto: Leandro Campos/G1)
O guitarrista Marcão do Charlie Brown Jr. participou da missa de sétimo dia do vocalista Chorão, realizada no final da tarde desta quarta-feira (13). Depois da celebração, o amigo disse que ainda não se acostumou com a ideia de não poder ver o músico diariamente.

Além de Marcão, os outros integrantes da banda também estiveram na missa. A ex-esposa de Chorão, o filho do músico e o ator Paulinho Vilhena também participaram da celebração. No final da missa, os amigos cantaram "Dias de luta, dias de glória" em homenagem ao músico. "Não estava planejado, eu achei que foi válido. Foi uma homenagem a ele, foi a vez mais difícil de tocar essa musica, cantar. Pegou a gente de surpresa, muita emoção", explica.

O guitarrista disse ainda que está sendo muito complicado lidar com a situação da perda do amigo. "A gente vai tomando conhecimento de tudo, da situação, de ele realmente não estar presente com a gente no dia a dia. É muito dificil, vai levar muito tempo mesmo. Agora é pensar na honra que a gente teve de estar do lado dele esses anos todos, na sorte que a gente teve de ter conhecido ele. Ele é um cara que fazia mágica, ele pegava as nossas músicas e colocava a letra dele. O que eu aprendi com ele somente ele mesmo poderia ensinar", diz Marcão.

Para o amigo, Chorão é considerado um poeta de rua. "É o tipo de pessoa, artista, que não tem ninguém que se compare a ele. É um cara que vai ser estudado como poeta de rua em um nível máximo, que só as gerações futuras vão poder entender a cabeça dele. A forma que ele escrevia, era uma verdade, e ele era assim, tudo o que ele escrevia e o que ele fazia era ele. Ele não era um cara que fazia tipo na frente da câmera nem nada, era muito verdadeiro", lembra.

Marcão participou da missa de sétimo dia do cantor Chorão (Foto: Leandro Campos/G1)
Sobre as homenagens feitas ao vocalista do Charlie Brown Jr. após a sua morte, Marcão disse que Chorão deve estar feliz. "É muito bom saber que ele está lá em cima olhando tudo isso acontecer, e deve estar pensando: "pô meu, quanta gente realmente gostava de mim". É mais do que todo mundo imaginava, é mais do que ele imaginava. A gente vê em todas as capitais as pessoas se reunindo, em Porto Alegre, no Rio de Janeiro, em São Paulo", conta.

O futuro da banda ainda não foi definida pelos integrantes. "Não é momento ainda de falar sobre isso. A gente tem que esperar um pouco a poeira baixar, e ai sim vamos falar no momento certo. Está tudo muito recente, está muito cedo para alguma coisa", finaliza. Segundo a empresária da banda Samanta Jesus, o novo disco está pronto, mas eles ainda não sabem o que fazer. Ainda de acordo com Samanta, os integrantes do CBJr querem soltar as músicas aos poucos, e uma coletiva de imprensa será concedida quando o futuro do grupo for definido.

Morte
Chorão foi encontrado morto em seu apartamento na Rua Morás, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira (6). Ele tinha 42 anos. Chorão foi encontrado desacordado pelo seu motorista, que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A unidade de resgate constatou que ele já estava morto. A Polícia Militar disse ter recebido um chamado às 5h18 para "verificação de morte natural em um apartamento". Chorão morava no oitavo andar do edifício.

O delegado Itagiba Vieira, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), investiga o caso. "Aparentemente não foi homicídio. O IML é que vai dar a causa da morte. Aparentemente ou foi por uso de medicamento ou outra substância", disse. Segundo ele, o apartamento estava muito danificado. Itagiba acredita que os danos tenham sido feitos pelo próprio cantor, já que o corpo foi encontrado com um dedo machucado e havia marcas de sangue no local.
Morte de Chorão (Foto: G1)
Perfil
O cantor e letrista, que faria 43 anos em 9 de abril, liderava a banda fundada por ele na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, em 1992. Em 15 anos de carreira, oCharlie Brown Jr lançou nove álbuns de estúdio, dois discos ao vivo, duas coletâneas e seis DVDs. Ao todo, o grupo vendeu 5 milhões de cópias.

Além de vocalista, Chorão era responsável pelas letras do Charlie Brown Jr. e pelo direcionamento artístico e executivo da banda. Em 2005, o trabalho "Tâmo aí na atividade” foi premiado com o Grammy Latino de melhor álbum de rock brasileiro, o que se repetiu em 2010 com "Camisa 10 joga bola até na chuva".
No ano passado, o Charlie Brown Jr. lançou "Música Popular Caiçara", álbum ao vivo que marcou o retorno dos integrantes Marcão e Champignon à banda. Eles haviam deixado o grupo em 2005. As apresentações aconteceram em Curitiba e Santos. A produção do trabalho foi feita por Liminha e os shows tiveram participação de Falcão (O Rappa), Zeca Baleiro e Marcelo Nova. Das 15 faixas do CD, a única gravada em estúdio é "Céu azul".
Chorão foi o único integrante do Charlie Brown Jr. que permaneceu no grupo em todas as suas fases. Paulistano, Chorão adotou Santos desde a juventude, onde criou a banda. Seu apelido foi dado ainda na adolescência, quando ele não sabia andar de skate e ficava apenas olhando os amigos. Um deles, então, pediu que o jovem não chorasse. Segundo a GloboNews, a infância e a adolescência de Chorão foram difíceis por conta da separação dos pais, quando ele tinha 11 anos. O músico largou a escola na sétima na série.
O vocalista é também roteirista do filme "O magnata" (2007), do diretor Johnny Araújo, e do longa “O cobrador”, ainda em andamento. Como empresário, administrou marcas de skate, como a DO.CE, fundada por ele em 2009, e viabilizou a realização de grandes eventos de skate no Brasil, além de manter o espaço Chorão Skate Park na cidade de Santos desde 2006.
A estreia do Charlie Brown Jr aconteceu em 1997 com o lançamento do álbum "Transpiração contínua prolongada". O trabalhou conseguiu o certificado de disco de platina ao vender mais de 250 mil cópias e tem como singles os sucessos "O coro vai comê", "Proibida pra mim", "Tudo que ela gosta de escutar", "Quinta-feira" e "Gimme o anel".
Sempre envolvido em polêmicas, Chorão deu uma bronca no baixista Champingnon em pleno show na cidade de Apucarana (PR) no final do ano passado. "Você voltou [para a banda] por causa de dinheiro", disse, no palco. Poucos dias depois, Chorão compartilhou um vídeo ao lado do baixista comunicando que os dois já haviam feito as pazes.
Em 2004, Chorão agrediu Marcelo Camelo, do Los Hermanos, na sala de desembarque do Aeroporto de Fortaleza. Ele foi detido pela Polícia Federal e, mais tarde, processado por Camelo, sendo obrigado a pagar uma indenização por danos morais ao músico carioca. O próximo show da banda estava marcado para o dia 22 de março, em Campo Grande, no Rio de Janeiro.
G1

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