segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Estudante ferido em protesto em São Paulo sai do coma induzido

O estudante que levou dois tiros de policiais militares em São Paulo saiu do coma induzido. Ele continua sedado, mas está reagindo bem. Fabrício Proteus participou das manifestações contra a Copa do Mundo no sábado (25). O protesto começou pacífico, mas terminou com cenas de vandalismo, quebra-quebra e destruição.
Os amigos do estudante passaram a noite em frente ao hospital onde o rapaz está internado. Eles colocaram cartazes nos muros criticando a Copa do Mundo, a Polícia Militar e os políticos.
Imagens de câmeras de segurança mostram Fabrício sendo perseguido pelos policiais. O jovem para, vira para um dos PMs, que cai. Fabrício vai em direção ao policial que está no chão. Nesta hora, o PM que está ao lado saca a arma. Não é possível saber exatamente o momento dos disparos, nem dá para ver se Fabrício tem um estilete na mão.
A secretaria de Segurança Pública disse que Fabrício é um integrante do movimento black bloc e dentro da mochila dele os policiais encontraram um explosivo. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e também pela corregedoria da PM.
O advogado da família de Fabrício André Zanardo criticou a ação da PM. “Mesmo que ele portasse um estilete não seria viável a PM alvejar o Fabrício. Ele deveria no caso contê-lo, seja com spray de pimenta, ou deixá-lo correr mais um tempo e contê-lo mais para frente.”
O irmão Gabriel Chaves confirmou que Fabrício estava nas manifestações, mas disse que ele não fazia parte do grupo dos mascarados e que não viu nenhum explosivo com o rapaz. Segundo ele, o estilete encontrado na mochila de Fabrício era usado a trabalho. “É estilete escolar, não é grande, é pequeno. Ele usa no emprego de estoquista. Ele pega a caixa, abre a caixa e tem que usar estilete.”
Pelos cálculos da PM, cerca de 700 pessoas participaram do protesto. Os manifestantes falavam em 1.500 pessoas. A polícia acompanhou tudo de moto, carro e helicóptero. A manifestação começou bem tranquila e a confusão começou duas horas depois.
Alguns arruaceiros quebraram agências bancárias e incendiaram um caixa eletrônico. Um grupo tentou virar uma viatura da Guarda Civil Metropolitana. Perto dali, um carro pegou fogo. O serralheiro Itamar dos Santos estava voltando de um culto quando tentou passar por cima de um colchão em chamas. O colchão enroscou no pneu. Cinco pessoas estavam no carro, entre elas uma menina de cinco anos.
Nas imagens feitas pela PM dá pra ver a confusão. Uma concessionária também foi atacada pelo bando. Dois carros novos foram atingidos no pátio interno da concessionária. Um teve o teto amassado e riscado por estilhaços de vidro. O outro ficou bem mais estragado. Cada carro custa quase R$ 50 mil. A concessionária vai avaliar o que será feito.
Outro grupo de jovens invadiu um hotel na Rua Augusta. A polícia cercou o local e rendeu os manifestantes. Os hóspedes se assustaram. “Os hóspedes que estavam fora do hotel ficaram querendo entrar sem poder. E os que estavam lá dentro estavam acuados. A gente não viu nada assim destruído não. Eles queriam mesmo acho que era se defender, esconder da polícia”, comenta a cabeleireira Sheila Nascimento.
Hoje de manhã, o governador Geraldo Alckmin voltou a falar sobre as manifestações. Disse que foi aberto inquérito policial militar para apurar a atitude dos policiais que atiraram em Fabrício. O caso do hotel também vai ser investigado. O governador de São Paulo disse ainda que a polícia está sendo preparada para agir em novas manifestações.
“É uma tarefa sempre delicada. E estamos procurando preparar a polícia permanentemente. De um lado garantir manifestações, que são legítimas, dentro de um processo democrático, podem concordar, discordar, não há problema. Outro lado é não aproveitarem manifestações pra fazerem depredações, vandalismo ferir pessoas, enfim. É uma tarefa que não é fácil. No meio daquela confusão toda, com tanta gente misturada, você de um lado prender quem está cometendo um crime, proteger a população e de outro lado não errar. Esse é um desafio. Se a policia errar responde por isso”, disse o governador.
G1

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