domingo, 3 de agosto de 2014

Campos diz que promessa de passe livre é para aluno de escola pública

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta sexta-feira (1º), em entrevista exclusiva àGloboNews, que sua promessa de oferecer passe livre para estudantes, caso eleito, se restringe aos alunos de escolas públicas ou beneficiários do Prouni e Pronatec, programas que concedem bolsas a estudantes de baixa renda em instituições privadas.
O ex-governador de Pernambuco tem apresentado o passe livre, reivindicação que deu início à onda de manifestações populares de 2013, como um dos compromissos de seu eventual governo.
De acordo com o presidenciável do PSB, é viável oferecer a gratuidade no transporte público aos alunos da rede pública. Nas contas dele, a medida custaria cerca de R$ 12 bilhões por ano aos cofres públicos. Ele ressaltou que, se eleito, convocará estados e municípios para auxiliar a bancar o benefício.
"A nossa proposta é para os estudantes da escola pública e os beneficiários de programas como Prouni e Pronatec. São estudantes que não podem pagar [pelas tarifas de transporte público]", disse Campos à jornalista Renata Lo Prete, no programa que entrevista os principais candidatos ao Palácio do Planalto.
"Estamos cheios de relatos de pessoas que são cotistas de universidades públicas e que não têm como pagar passagem, se alimentar e morar onde tem a universidade. Temos de fazer os programas e acompanhá-los. O que adianta criar a expectativa na vida de um jovem de que ele vai ter uma universidade para estudar? Ou a gente cuida da educação como prioridade ou é só discurso", afirmou o ex-governador.
Em julho, logo após Campos passar a repetir em suas agendas eleitorais a promessa de passe livre, o PT publicou em seu site e em sua página no Facebook um artigo que classificava a proposta do candidato do PSB de "meramente eleitoreira". Segundo o texto, em janeiro de 2012, época em que ainda governava Pernambuco, ele teria reprimido com forte "ação policial" os protestos estaduais que reivindicaram a gratuidade no transporte público.
Ele respondeu que não é possível "comparar" as condições financeiras de um estado do Nordeste com as do governo federal. "São coisas diferentes", ponderou.Na entrevista, Campos foi indagado sobre o motivo de não ter implantado a medida ao longo dos oito anos em que governou Pernambuco.
Ele também voltou a dizer que, se vencer as eleições de outubro, vai universalizar o ensino integral nas escolas públicas. Campos afirmou que é possível antecipar o cumprimento da meta do Plano Nacional de Educação (PNE) que trata do ensino integral nas instituições de ensino brasileiras.
Uma das metas do PNE prevê que o Estado implante a educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas nos próximos dez anos, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica. O plano nacional foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidente Dilma Rousseff em junho deste ano.
A obra, iniciada em 2007, deve ser concluída somente em dezembro do ano que vem. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), o custo total previsto do projeto de transposição é de R$ 8,2 bilhões e, até março deste ano, R$ 4,6 bilhões já haviam sido executados (valor sem correção monetária).
Transposição do Rio São Francisco
Crítico da demora para a conclusão de obras pelo governo, Eduardo Campos foi questionado durante a entrevista sobre o fato de um dos empreendimentos federais mais atrasados, a transposição do Rio São Francisco, ter ficado durante muitos anos sob a responsabilidade do ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho, afilhado político do próprio Campos.

A entrevistadora indagou a Campos se parte da crítica não deveria ser direcionada ao PSB, na medida em que o partido comandou a pasta da Integração Nacional durante a maior parte da atual gestão federal.
Ele respondeu que a afirmativa estaria correta se o empreendimento do Rio São Francisco fosse o único da administração federal atrasado no país.
"Mas são tantas obras. Efetivamente, o atraso das obras tem a ver com a centralização das decisões [da presidente Dilma] de recursos, de orçamentos, e outras decisões. Tanto é que não é somente essa obra que está atrasada", argumentou.
Em maio, ao vistoriar as obras da transposição do São Francisco, Dilma rebateu, sem citar nomes, as pessoas que criticam o atraso no projeto. Na ocasião, ela disse que "quem nunca fez nada, desanda a cobrar".
Licenciamentos ambientais
Confrontado, por um lado, com as críticas de gestores públicos e empresários às supostas dificuldades para se obter licenças ambientais e, por outro, com a visão da ex-senadora Marina Silva de que as reclamações são sem fundamento, Eduardo Campos afirmou que concorda com a posição de sua candidata a vice.  

Segundo ele, para se conseguir alavancar o volume de empreendimentos de infraestrutura no país é necessário investimentos em gestão, em projetos de qualidade e planejamento realista, que preveja um cronograma viável para realizar os licenciamentos.O presidenciável disse que, na opinião dele, o poder público e as empresas encontram dificuldades para obter as licenças ambientais em razão de os projetos serem "de péssima qualidade". "Então, fica esse jogo de um colocar a responsabilidade um no outro", enfatizou.
"Se fizermos assim, as obras seguem o cronograma. Agora, se vamos colocar a obra de qualquer jeito, [se] vamos lançar porque tem campanha política, [se] vamos fazer porque estão nos pressionando, aí não sai obra nenhuma", ironizou.
Ana Arraes
Durante a entrevista, o candidato do PSB foi indagado sobre se sua mãe, a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes, se afastaria caso ele fosse eleito presidente da República. Após inicialmente se recusar a responder, afirmando que a pergunta deveria ser feita à mãe, Campos concordou em falar sobre o assunto.

Segundo ele, não haveria "ilegalidade" porque Ana Arraes foi indicada para o tribunal antes de ele, eventualmente, se eleger presidente. "[Ana Arraes] tem feito um trabalho digno e respeitável. Ela não pode perder essa condição [de ministra] só pelo fato de ser minha mãe. Seria um absurdo constitucional", enfatizou.
G1

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