quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Após ocupação, moradores lotam quadra na Rocinha para ouvir o Bope


O Batalhão de Operações Especiais (Bope) fez, nesta quarta-feira (16), uma reunião para os moradores da Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, com o objetivo de explicar como será o trabalho da tropa de elite da Polícia Militar na favela. A comunidade foi ocupada há três dias, para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

O vice-governador do Rio Luiz Fernando Pezão e os secretários Rodrigo Neves, Rafael Picciani e Júlio Lopes também participaram do encontro.
A reunião aconteceu em uma quadra esportiva localizada no alto da Rocinha. O espaço ficou pequeno diante do enorme público que compareceu ao local. As arquibancadas ficaram lotadas, principalmente de moto-taxistas e representantes da associação de moradores.
“Temos que trabalhar dentro da legalidade. Nós não podemos falhar. Não permitiremos o trânsito de motos sem documentação. Nem adianta, não tem conversa”, falou o comandante.

Moto-táxis só com habilitação

O comandante do Bope, tenente-coronel Rene Alonso, enfatizou que os moto-taxistas só poderão atuar na Rocinha com a carteira de habilitação em dia e com os  equipamentos obrigatórios de segurança. O comandante afirmou que em breve, o Detran vai montar um posto no local, para agilizar a documentação necessária para os condutores.
Moradores lotaram quadra no alto da Rocinha (Foto: Wilton Junior/Agência Estado/Ae)Moradores lotaram quadra no alto da Rocinha (Foto: Wilton Junior/Agência Estado/Ae)

O rigor da polícia no tráfego de motos na favela deixou Antônio Souza Santos apreensivo. Ele conta que trabalha como moto-taxista na Rocinha há três meses sem carteira de habilitação.
“Enquanto não tiro minha carteira vou ter que arrumar uma outra forma para sustentar minha esposa e minha filha de 9 anos. Quem vai pagar pela auto-escola, as taxas, por tudo? Vai ser complicado”, argumentou Antônio, acrescentando ainda que paga uma diária de R$ 8 para a central de moto-táxi.

Revistas policiais

Rene Alonso pediu ajuda da população para o trabalho de revista dos policiais nas casas. “Vamos vasculhar, procurar. Sei que é chato ser incomodado, mas peço compreensão. Nossos policiais vão agir conforme a lei. Entenda as revistas. Quando o policial bater a sua porta, atenda-o”, disse o comandante, explicando que caso algum morador perceba excessos por parte do policial, procure o comando e relate o caso.

O vice-governador Luiz Fernando Pezão declarou que o pacote de obras previsto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a Rocinha será no valor de R$ 51 milhões. Pezão disse que após a ocupação da polícia, novas obras serão feitas na favela, como a reabertura do centro de cultura, bibliotecas, além da construção do plano inclinado e o fechamento de valões a céu aberto.

Promessas do governo

O governo do estado prometeu ainda a construção de uma unidade do Poupa Tempo, escola técnica e um centro de ensino superior à distância, conveniado com universidades públicas do Rio.

A dona de casa Maria de Lourdes Ribeiro, 54 anos, espera que as promessas do governo sejam cumpridas. Moradora da Rocinha há 33 anos, ela está esperançosa que com a chegada da UPP, a favela receba serviços essenciais aos bairros, como coleta de lixo e saneamento básico.
“É muito comum você conversar com as pessoas aqui, e ouvir casos de tuberculose, isso aqui é normal. Tem muito lixo espalhado, muita pobreza, pessoas vivendo mesmo em condições miseráveis. Espero que tudo isso termine”, declarou a moradora.

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