domingo, 13 de novembro de 2011

Maioria dos estudantes da USP defende PM no campus, diz Datafolha

A maioria dos estudantes da Universidade de São Paulo (USP) é favorável à presença da Polícia Militar na Cidade Universitária, na Zona Oeste da capital, de acordo com pesquisa feita pelo Datafolha, divulgada neste domingo (13) pelo jornal “Folha de S.Paulo”. O conflito com policiais que abordaram estudantes que portavam maconha no campus, no fim outubro, desencadeou uma discussão mais ampla sobre o convênio da USP com a PM, assinado após o assassinato de um estudante dentro da universidade. Alunos contrários ao acordo invadiram prédios administrativos e declararam greve.

O levantamento do Datafolha, feito no dia 9, mostra que 58% dos alunos de 28 unidades apoiam o policiamento no campus, mas essa aprovação não é homogênea. Entre os estudantes de exatas (77%) e biológicas (76%), a ação dos policiais encontra maior sustentação. Porém, entre os estudantes de humanas apenas 40% deles se declaram a favor. A margem de erro da pesquisa é de quatro pontos percentuais.
A faculdade em que a PM encontra maior apoio é na Escola Politécnica, onde 86% dos universitários defendem a presença dos policiais na Cidade Universitária. Já a maior resistência à presença da polícia no campus é maior na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH): 70% dos estudantes são contrários. Na Escola de Comunicação e Artes (ECA), a opinião dos alunos está dividida: 47% são a favor e 42%, contra.

O levantamento do Datafolha mostra ainda que um em cada 10 estudantes disseram já ter sido vítima tipo de violência em algum campus da universidade. A maioria desses alunos (56%) disse que a ação criminosa aconteceu nos há mais de dois meses, isto é, antes da assinatura do convênio, que aconteceu no mês de setembro. O assassinato de Felipe Ramos Paiva, estudante da Faculdade de Economia e Administração (FEA), ocorrido no mês de maio, motivou a elaboração do acordo.

Apesar da maioria dos estudantes ser favorável ao patrulhamento da PM, para 57% dos estudantes, a sensação de segurança dentro do campus é a mesma do período anterior ao aumento da presença da PM na Cidade Universitária. Apenas 28% disseram que a sensação de segurança aumentou.

ConflitoO estopim para a ocupação de 12 dias na USP aconteceu no dia 27 de outubro, quando a Polícia Militar, em um patrulhamento pelo campus da Cidade Universitária, deteve três alunos com maconha. Houve protesto e, no mesmo dia, os universitários ocuparam a sede administrativa da FFLCH. No dia 1 de novembro, em assembleia, os estudantes decidiram desocupar o prédio, mas um grupo dissidente invadiu a sede da reitoria.

No dia 3, a Justiça autorizou a reintegração de posse do prédio da reitoria e deu 24 horas para os alunos saírem do local. Caso não cumprissem a ordem, a juíza que concedeu a liminar em favor da USP autorizou, "como medida extrema”, o uso de força policial.

As principais reivindicações dos estudantes são a saída da PM do campus - o que implica acabar com o convênio firmado em setembro entre a corporação e a instituição para aumentar a segurança na Cidade Universitária-, e a revisão de processos administrativos e criminais abertos pela USP contra alunos e servidores.

Uma reunião com estudantes e representantes da universidade estabeleceu no dia 5 um prazo final para que os alunos deixassem a reitoria: 23h de segunda-feira (7). Na madrugada do dia 8, por volta de 5h, a PM cumpriu a reintegração de posse do prédio, em uma operação que contou com a Tropa de Choque e teve 72 jovens detidos. Após serem indiciados por dano ao patrimônio público e desobediência civil, eles foram liberados com o pagamento de fiança.

Ainda no dia 8, os estudantes decidiram fazer uma greve, que recebeu o apoio de professores e funcionários.

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