sexta-feira, 23 de março de 2012

Enviado da ONU vai a Rússia e China para negociar sobre a crise da Síria


O enviado especial conjunto da Organização das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, viajará a Moscou e a Pequim neste fim de semana para conversar com autoridades russas e chinesas sobre a crise política da Síria, afirmou o seu porta-voz nesta sexta-feira (23).
Rússia e China, que têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, estão na contramão das potências ocidentais, que querem endurecer o jogo contra o regime do contestado presidente Bashar al Assad, que enfrenta há mais de um ano uma revolta contra seu governo, o que colocou o país praticamente em uma guerra civil.
Uma equipe enviada por Annan a Damasco voltou depois de três dias de negociações para implementar seu plano de paz que tem como principais objetivos acabar com os assassinatos de rebeldes, garantir o acesso de ajuda humanitária e o início de um diálogo político com a oposição, disse Ahmad Fawzi em comunicado.
"O senhor Annan e sua equipe estão atualmente estudando as respostas sírias cuidadosamente, e as negociações com Damasco continuam", disse Fawzi.
Questionado se Annan voltará à capital da Síria para conversar com Assad, Fawzi disse em breve entrevista coletiva em Genebra que "ele decidirá em algum momento voltar, mas ainda não é o tempo."
Carros destruídos por bombardeios no bairro de Bab al-Draib, na cidade síria de Homs. A foto, de 20 de março, foi divulgada por grupos ligados à oposição (Foto: Reuters)Carros destruídos por bombardeios no bairro de Bab al-Draib, na cidade síria de Homs. A foto, de 20 de março, foi divulgada por grupos ligados à oposição (Foto: Reuters)

 
revolta árabe arte 17/3 (Foto: Arte G1)
Sanções europeias
Ao mesmo tempo, a União Europeia (UE) pretende encurralar ainda mais nesta sexta o regime sírio, ao impor sanções contra Asma, esposa do presidente, a sua mãe e à sua cunhada, indicaram fontes diplomáticas ouvidas pela France Presse.
A esposa do presidente, Asma, sua mãe Insa Assad e a cunhada serão incluídas na lista de doze pessoas cujos bens serão congelados e cujos deslocamentos serão proibidos dentro do bloco.

Elegante, esta filha de um importante cardiologista de Londres, Fawaz al-Akhras, e de uma diplomata aposentada, Sahar Otri, Asma, de 36 anos, foi por muito tempo percebida como o "lado suave" da ditadura.

Na Síria, representava para muitos uma promessa de modernidade em um país por muito tempo isolado.
Mas Asma Assad, mãe dos três filhos do presidente, é criticada agora por seu silêncio diante da repressão contra os opositores do regime liderado por seu marido.

O presidente Assad já é alvo, desde maio e 2011, de sanções da UE.

A violência vinculada à repressão da revolta que atinge a Síria há mais de um ano já deixou mais de 8 mil mortos no país, segundo estimativa da ONU.
A oposição afirma que o número de mortos passa de 9 mil.
A medição é difícil porque o governo sírio limita o trabalho de jornalistas estrangeiros no país conflagrado.
Confrontos prosseguem
Violentos combates entre soldados regulares leais ao regime e militares dissidentes eram registrados nesta sexta-feira na cidade de Aazaz, no norte, perto da fronteira com a Turquia, indicaram fontes opositoras.

A cidade de Aazaz, na província de Aleppo, "era bombardeada pelas tropas e sobrevoada por helicópteros do exército", afirmou à France Presse Mohammad al-Halabi, um militante opositor.

Três soldados morreram nos confrontos de Aazaz, que começaram na noite de quinta-feira, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Aazaz, de 75 mil habitantes, é a maior cidade da província de Aleppo e está situada a 65 km da cidade de Aleppo, centro econômico e comercial da Síria.

A cidade de Aazaz tem um valor estratégico muito importante devido à proximidade com a fronteira turca.

Por sua vez, "24 obuses caíram em Bab Dreib, Safsafa e Uarché", bairros da cidade de Homs (centro), informam fontes opositoras da cidade.

Em Hama (centro), o bairro Al Arbaine era bombardeado pelas tropas de Assad.

A oposição convocou uma nova manifestação ao fim da oração desta sexta-feira sob o slogan "Damasco, já vamos".

Há alguns dias, a capital síria registra todas as noites confrontos entre tropas leais ao regime e combatentes do Exército Sírio Livre (ESL), formado em sua maioria por soldados desertores.
Conselho de Direitos Humanos
O Conselho de Direitos Humanos da ONU prolongou nesta sexta o mandato de sua comissão de investigação na Síria, pedindo a ela que apresente um informe sobre "as violações flagrantes dos direitos humanos" cometidas desde março de 2011.

A resolução foi aprovada por 41 votos contra 3 (Rússia, China e Cuba) e duas abstenções (Equador e Uganda).

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