Em tempos de pleno emprego para domésticas ter essa
empregada em casa pode até parecer um luxo, mas viver sem ela sai ainda mais
caro, sobretudo para famílias com filhos pequenos. Isso porque, apesar da
trégua no mês de março, os preços dos serviços que incluem aqueles que a
família vai precisar contratar se não tiver uma empregada, como creches,
faxineira, passadeira, sobem 2,88% neste ano, mais que o dobro dos 1,22%
registrados pelo IPCA, que mede a inflação oficial.
Simulação feita pela Associação Nacional dos executivos de
Finanças (Anefac), a pedido do GLOBO, mostra que o custo de uma doméstica com
salário mensal de R$ 1.000 chega a R$ 1.597,78, considerando os encargos
sociais e o transporte. No Rio, o piso salarial da categoria é de R$ 729,58,
mas em grandes cidades, eles tendem a superar esse patamar.
Já ao se tomar os gastos do orçamento de uma família com uma
criança em idade de ir à creche e que conte com serviço de passadeira ao menos
uma vez por semana, faxina também uma vez por semana e congelados feitos em
casa a cada 15 dias, o custo chega a R$ 1.880 por mês.
Até duas vezes por semana, diarista é mais vantajosa
Mas nem sempre optar por uma empregada fixa, custa menos
para as famílias. Se o serviço doméstico não ultrapassar duas vezes por semana,
a família paga menos se optar por uma diarista em vez de uma empregada fixa,
segundo o Instituto Doméstica Legal. A maioria dos juízes tem considerado que
domésticas que trabalhem mais de duas vezes por semana tenham de ter carteira
assinada e todos os direitos garantidos, já no Rio, existe uma súmula do
Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-Rio) pela qual até três dias de trabalho
não são considerados como vínculo empregatício. Considerando uma diária de R$
80, que já leva em conta o transporte, a diarista representa uma economia de R$
166,86 em relação ao custo de uma empregada fixa. Se a diária pular para R$ 90,
com transporte incluído, são R$ 76,86 a menos.
Se o serviço de diarista ficar em três vezes por semana a
conta se inverte. A diarista sai R$ 153,14 mais cara que uma empregada fixa. O
custo chega a R$ 283,14 a mais se o transporte não estiver incluído. Além
disso, as famílias têm mais despesas com alimentação, luz, telefone ao optar
por uma empregada doméstica. Além disso, nos outros estados os juízes tem
considerado que três dias na semana já é vínculo empregatício.
Segundo Mario Avelino, do Doméstica Legal, ter uma doméstica
fixa traz mais vantagens que não assinar a carteira dela. A ONG contabiliza que
o custo de uma doméstica contratada irregularmente traga um custo de 33,44% a
mais em provisões para o caso de ela acionar o patrão na Justiça. No caso de
uma empregada contratada de forma regular, diz a Doméstica Legal, os
encargoscorrespondem a um custo 19,44% maior para o empregador.
— Quem paga mal, paga dobrado — afirma.
Relações de longo prazo
Para a professora aposentada Vera Couto, a empregada
Terezinha de Jesus Leite, 60 anos, já é uma amiga. Ela começou a trabalhar na
casa de Vera, há cerca de 40 anos, como babá dos dois filhos dela. Depois se
tornou empregada. Hoje, faz as vezes de acompanhante para aposentada, que mora
sozinha. Além disso, cuida eventualmente de outra geração da família, a dos
netos da professora.
— Ela já é da casa. Meus netos adoram ela e não acho um peso
pagá-la —considera.
Vera paga salário bem acima do piso, além de arcar com um
plano de saúde de Terezinha, cerca de R$ 600 mensais. Preocupada com o futuro
dela, abriu uma poupança para a empregada, onde deposita mensalmente R$ 200. Em
junho, as duas têm viagem marcada para Moçambique, onde mora um dos filhos de
Vera. Será a primeira viagem internacional de Terezinha.
— Preciso de uma pessoa amiga para ir comigo e vamos
aproveitar para passar um tempo na casa de meu filho — afirma a professora.
O Globo
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