segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sertanejos paraibanos se deslocam até 14 km para ter serviço bancário




Apesar do avanço das novas tecnologias e da internet, milhares de paraibanos ainda têm de conviver com uma dificuldade séria: a falta de atendimento bancário em sua cidade. Muitas operações, como transferência e depósitos de altas quantias, além de problemas em contas, são executadas apenas em agências ou pelo menos postos de atendimento avançado. Dos 223 municípios paraibanos, porém, apenas 83 possuem esse tipo de estabelecimento, o que representa pouco mais de 37,2%.

O levantamento tem por base dados repassados por sindicatos dos bancários da Paraíba, além de informações dos bancos do Brasil e Bradesco, que possuem o maior número de agências espalhadas na Paraíba. Enquanto que algumas cidades possuem várias agências de diferentes bancos, como é o caso de Patos, Campina Grande, Sousa e João Pessoa, municípios pequenos carecem desse tipo de serviço.

Em Várzea, localizada no Sertão do Estado, quem precisa fazer uma operação mais complexa tem de se deslocar por pelo menos 14 quilômetros, até a cidade de Santa Luzia. É que o município não possui agências bancárias. O 'Banco Postal', uma parceria entre os Correios e o Banco do Brasil, é o único serviço disponível para os mais de dois mil moradores da cidade.

Esse mesmo serviço está presente em 198 cidades paraibanas, conforme levantamento feito pelos Correios. Nele é possível fazer a abertura de contas, empréstimos, utilizar cartões de crédito, pagar e receber benefícios da Previdência Social e efetuar o pagamento de contas e tributos. Mas se a conta estiver bloqueada, por exemplo, o problema só poderá ser solucionado na agência de Santa Luzia.

“O atendimento é precário por falta de funcionários e também de agências em cidades do interior. Em alguns casos você tem um município que possui uma agência e que acaba polarizando vários outros, que não têm o mesmo tipo de serviço. É preciso que novas unidades sejam abertas no interior e que os bancos tenham o interesse de investir em pessoal e em segurança”, opinou Marcos Henrique, presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, alertando para os mais de 15 ataques a agências e postos de atendimento bancários ocorridos no Estado, somente este ano.

Além de representarem facilidade e comodidade para os clientes e correntistas, a presença de agências bancárias significa também fluxo de dinheiro e de negócios nos municípios, segundo o economista Marcelo Alves. “Onde há um banco geralmente as pessoas costumam circular mais facilmente os seus recursos.

Há uma maior pré-disposição para os negócios. E isso influencia diretamente em outros setores da economia daquela determinada comunidade”, frisou o especialista.

Para o vice-presidente do sindicato dos bancários da região de Campina Grande, a ampliação das agências “é uma bandeira de luta antiga. A gente vem lutando pela qualidade do atendimento, pelo respeito às leis. Mas ainda temos um quadro complexo porque isso só se resolve com investimentos e se contratando mais gente para trabalhar”, assinalou.

Uma outra dificuldade é na hora de ir em busca dos serviços oferecidos. As longas filas são um empecilho e se transformam, em alguns casos, em um transtorno quase que infindável. A lei das filas, apesar de estar em pleno vigor no Estado, vem sendo descumprida cotidianamente pelas instituições bancárias, conforme o Ministério Público. Em Campina Grande, por exemplo, a promotoria do Consumidor instaurou um inquérito civil público para investigar várias denúncias.

Para o promotor coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias do Consumidor no Estado, Clístenes Bezerra, apesar dos bancos afirmarem que estão criando mecanismos e formas de atender às exigências, “o que temos constatado na prática é o oposto. O que a gente percebe é uma deliberada intenção e propósito dos bancos de descumprir a lei”, opinou o promotor.

Segundo ele, além do número reduzido de agências espalhadas no Estado para atender às demandas sociais, as instituições também não investem em funcionários e na qualidade do atendimento oferecido aos seus clientes. “São vários fatores que levam a uma sobrecarga de atendimento. Temos problemas graves também com idosos e os bancos precisam dar uma contrapartida. Nossa atuação nesse cenário deve ser sempre rigorosa e com o apoio dos consumidores”, resumiu Clístenes Bezerra.

JP Online/João Paulo Medeiros
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