quinta-feira, 17 de maio de 2012

'Achei que ia parar', diz operador de metrô que se acidentou em SP


O maquinista Rogério Fornaza explicou nesta quinta-feira (17) como ocorreu o acidente entre dois trens na Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (16). Ele disse em entrevista ao SPTV que o trem operava normalmente até receber um código errado de velocidade. Ao perceber o problema, Fornaza diz ter acionado o freio de emergência.
“Num certo momento, eu achei que ele iria parar, mas quando chegou bem perto, estava a uma velocidade de 10 km/h, eu vi que não”. Fornaza é paranaense, estudante de Física e trabalha no Metrô desde 2008.
Segundo o operador, a composição funcionava normalmente no automático, cabendo a ele apenas monitorar o funcionamento do trem. Ao sair da Estação Penha, a composição parou atrás de uma outra, mantendo a distância de segurança. Em seguida, o trem que estava à frente andou e parou novamente. O trem em que estava o operador, entretanto, não parou.

O operador contou ainda que sua maior preocupação logo após o acidente foi acionar o Centro de Controle de Operações do Metrô para garantir a segurança dos usuários e resgate das vítimas. Perguntado como se sente por ter evitado que a colisão tivesse consequências mais graves, Fornaza disse: “Eu fiz o meu serviço. Eu estava ali para fazer isso, numa emergência a gente está ali para atuar. Essa é a nossa função.”
“Quando era para ele iniciar a frenagem ele pegou um código [velocidade permitida] mais alto e acelerou, acelerou sozinho. Neste momento eu assustei e apliquei o freio de emergência e aí houve o deslizamento.” Segundo Rogério, o código, em vez de 0 km/h, foi para acelerar até 100 km/h, o que é até inviável para a via. Segundo ele, a velocidade do trem trava naquele trecho quando alcança 88 km/h.
Ele refuta o rótulo de herói e contou ao G1 que já salvou vidas outra vez. Uma pessoa tentou se matar na via, mas Fornaza conseguiu parar o trem a tempo. O suicída chegou a ficar debaixo do bico frontal do trem, mas não foi atingido pelo trem. "Todos os funcinários de linha do Metrô ficam mal quando algo assim acontece", relatou.
Fornaça afirma que, na noite de quarta, decidiu não ficar em casa porque seu telefone não parava de tocar. "Não me deram sossego, então fui para a faculdade", relatou ele. Fornaça diz que não ficou remoendo o fato, e que sua atuação foi uma consequencia do treinamento.
Mapa acidente do Metrô (Foto: Arte/G1)
Seguro e eficienteO governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta manhã, um dia após a colisão, que o sistema de transportes é “seguro” e que a população pode ficar tranquila.
Segundo a Secretaria da Saúde do município, 103 pessoas foram atendidas por hospitais em São Paulo após a colisão entre duas composições nas proximidades da estação Carrão na manhã de quarta-feira (16).
“O Metrô é um sistema seguro, eficiente e está sendo investido para melhorar ainda mais”, disse Alckmin nesta manhã. Segundo o governador, os investimentos são feitos em segurança, manutenção, trens e estações novas e ampliação da rede. “Quanto mais você expande as linhas, mais traz conforto para a população. Por que algumas linhas estão saturadas? Porque o metrô ainda é pequeno”, afirmou Alckmin.
O governador disse que o problema está sendo investigado e explicou que foi de natureza técnica em uma placa na ferrovia, e não no trem.
Quem também investiga a falha é o Ministério Público do Estado de São Paulo. A Promotoria de Justiça do Consumidor deu um prazo de 15 dias para o Metrô explicar por escrito as causas da batida, e um promotor foi designado para acompanhar a investigação policial do caso.
ColisãoO choque entre as duas composições aconteceu por volta das 9h50 de quarta-feira. Um deles estava vazio e parado. Já o outro, não reconheceu a proximidade do trem à frente e continuou acelerando. De acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Metroviários, Paulo Pasin, o maquinista acionou o freio manual para evitar um acidente de maiores proporções.
"O operador descreveu que estava no trem, no modo automático, com código 44 [44 km/h], quando começou a se aproximar de outro metrô. Ele imaginou que receberia código zero [parado] e que o trem iria parar, mas o trem acelerou de repente. Chegou um código maior", afirma Pasin. "Ele freou para não colidir com mais força no outro trem."
A colisão  interrompeu parte do funcionamento da linha. O acidente causou pânico e correria dentro dos vagões. Os passageiros quebraram as janelas para poder sair e caminharam sobre a linha férrea. Em seguida, foram conduzidos a hosptiais.
Entre os feridos, 33 pessoas foram socorrridas pelos bombeiros e outras 16 atendidas pelo Samu. Entre os casos que exigiram mais cuidados estava o de um passageiro que teve fratura na perna e foi encaminhado ao Hospital do Tatuapé, na Zona Leste.
g1

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