Uma exposição a ser aberta na noite desta quarta-feira (3) em Nova York vai levar ao público americano um pouco de dois ensaios do fotógrafo João Castilho. E além da mostra 'Occupancy' ('Ocupação'), o brasileiro aproveita para lançar um livro com as fotos de um de seus trabalhos mais polêmicos, com imagens de nudez de desconhecidos retiradas de videochats na web.
O ensaio "Scopic Drive" é baseado na “pulsão escópica”, termo atribuído por Jacques Lacan a um conceito psicanalítico trabalhado por Sigmund Freud, que trata da visão como fonte de libido.
Imagem do livro 'Scopic Drive' (Foto: Divulgação/João Castilho)
As fotos, que são montagens com reproduções da tela do computador de Castilho, mostram internautas desconhecidos que acessam sites de conversa pela webcam e muitas vezes protagonizam cenas pornográficas no monitor. E o fotógrafo explica que não ficava apenas como observador.
"Eu também me expunha a eles. A pulsão escópica é um termo da psicanálise que pressupõe ver e ser visto, olhar e ser olhado, voyerismo e exibicionismo. Todos esses pares estão presentes no conceito do trabalho", conta.
Imagem do livro 'Scopic Drive' (Foto: Divulgação/João Castilho)
Já a mostra do artista, que fica na galeria 1500 em Manhattan até o fim de janeiro de 2013, conta com fotografias dos ensaios "Vacant Lot" e "Spice". No primeiro, ele apresenta desempregados de uma cidade africana em posições de ocupação tentando "enganar o tédio e o vazio”, segundo explica o próprio fotógrafo.
Já a série “Spice” consiste em uma intervenção realizada no deserto de sal da Bolívia, e nela está a imagem que Castilho considera a mais forte entre as expostas. Segundo ele, o vermelho e o amarelo da pimenta e do açafrão inseridos na branquidão do deserto de sal sintetizam o ensaio.
Imagem do ensaio 'Spice', que faz parte da mostra 'Occupancy', é a mais forte das séries expostas na galeria novaiorquina (Foto: Divulgação/João Castilho)
Os dois trabalhos têm elementos que dão unidade à exposição. “Diante de algo vazio, ou esvaziado, tem-se o deslocamento de elementos que fazem parte daquele mesmo universo. No primeiro caso, de corpos humanos, que são deslocados e posicionados para a câmera. No segundo, de temperos, da região, que também são deslocados e dispostos com o objetivo de se fazer uma fotografia”, explica João Castilho.
Foto do ensaio 'Vacant Lot' (Foto: Divulgação/João Castilho)
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