É evidente que vai chegar um momento que a procura não vai ser mais tão intensa, o que vai provocar uma desaceleração do mercado. De fato, os preços têm se estabilizado mais este ano, ao contrário de 2008 ou 2009, quando os valores cresceram numa velocidade de 20%. Isso tudo evidencia que esses preços estão incompatíveis com a realidade”, resumiu um dos responsáveis pela pesquisa, Adolfo Sachsida.
Para o também economista do Ipea Mário Mendonça, o importante no momento é pensar em medidas que amenizem os custos do setor, de modo a promover uma continuidade do desenvolvimento do mercado imobiliário sem que haja prejuízos futuros.
“É preciso combater a burocracia com relação a documentação, que retarda a aprovação de qualquer obra e eleva seu custo, além de minimizar medidas que impõem restrições sobre a construção, tais como as referentes à altura do empreendimento, o tipo de material e critérios de sustentabilidade verde. No meu entendimento, tudo isso é inócuo, gerando perdas substanciais para a sociedade decorrente do aumento do custo de construção”, acrescentou Mário, que também participou do estudo.
SEM ESPAÇO NA PB A tendência apontada pelo levantamento do Ipea parece, no entanto, não se aplicar à capital paraibana. Na Bolsa de Imóveis, empresa que atua no ramo de negócios imobiliários no mercado local, a procura por casas e apartamentos permanece superior à oferta, ainda que os preços dos imóveis tenham apresentado forte elevação nos últimos sete anos. Na avaliação do diretor da empresa, Ricardo Paulo Oliveira, os preços praticados na Paraíba são adequados à economia atual, não havendo previsão de uma futura “bolha” no mercado.
“O que aconteceu foi que os custos de produção elevaram muito nos últimos tempos. Além disso, muitos bairros têm uma maior infraestrutura hoje, como o Bessa ou Intermares, e as pessoas de outros estados e até empresas estão começando a descobrir João Pessoa. É normal que haja um encarecimento, mas foi algo dentro da procura”, comentou o empresário. Segundo ele, o metro quadrado médio da capital varia hoje entre R$ 3 mil e R$ 4 mil.
A respeito do recente levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), que calculou em apenas 3% o crescimento das vendas de imóveis na capital na comparação do primeiro semestre do ano com o mesmo período de 2011, o responsável pela Bolsa de Imóveis afirma que o percentual nada mais é que um resultado esperado para os primeiros meses.
“É normal que a primeira metade do ano seja mais parada em vendas, pois é baixa estação. Isso não significa uma queda do mercado, uma vez que mais de 50% dos imóveis da cidade são vendidos ainda na planta”, justificou Ricardo. O presidente do Sinduscon-JP, Irenaldo Quintans, também considera que a cidade não se enquadra nas especulações do Ipea, apesar de ter tido seu metro quadrado médio dobrado nos últimos cinco anos.
“O Rio de Janeiro, por exemplo, está tendo uma superexposição mundial em função da Copa, das Olimpíadas e de grandes projetos de infraestrutura, o leva a uma valorização extraordinária dos imóveis. Isso não é regra geral. Em João Pessoa, o que houve foi uma recomposição de margens. Durante muito tempo, o preço de venda dos imóveis em João Pessoa foi muito aproximado do preço de custo, com margens de rentabilidade estreitas”, explicou.
O nível de exigência do comprador também é lembrado pelo engenheiro civil como um dos motores para a elevação dos preços. “Os ganhos reais de salário e outros benefícios obtidos pelos trabalhadores, além da maior exigência por parte do consumidor, que busca qualidade construtiva e itens adicionais nos empreendimentos, são determinantes para o valor final”, disse. Segundo ele, os valores na capital paraibana ainda são bem inferiores se comparados a outras cidades brasileiras, como Recife, cujo metro quadrado médio custa R$ 6 mil, e Brasília, que chega aos R$ 15 mil.
Fonte: pbagora
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