Usuário da SuperVia caminha sobre linha férrea na estação Triagem (Foto: Marcelo Elizardo/ G1)
O G1 foi nesta quarta-feira (17) a duas estações de grande movimentação dos trilhos da SuperVia e flagrou diversas imprudências dos usuários nos trens na cidade do Rio. Travessia de plataformas pelos trilhos, passageiros impedindo fechamento de portas e usuários com corpo para fora da composição. Algumas estações convivem ainda com o trânsito de usuários de crack pelas linhas. Recentemente, os trilhos foram palco de vários acidentes envolvendo passageiros.
Todas as estações da SuperVia têm passarelas para troca de plataformas. No entanto, quando o trem para o ramal desejado chega à estação, muitos usuários, por pressa, preferem atravessar na ferrovia. No mês passado, um homem de 37 anos morreu atropelado por um trem por preterir atravessar a passarela. No dia seguinte, uma funcionária da SuperVia também foi atingida por uma composição na altura da Central.Segundo a SuperVia, concessionária que administra os trens, as estações onde os usuários mais cometem imprudências desse tipo são Triagem, São Cristóvão, Campo Grande, Engenho de Dentro e Gramacho. Em apenas uma hora e meia na estação Triagem, a reportagem do G1 flagrou 19 pessoas atravessando a linha férrea para trocar de plataforma.
“Isso acontece todo dia (usuários atravessarem nos trilhos), principalmente no ramal de Belford Roxo. Eles ficam de um lado para o outro para não perder o trem”, relata o bombeiro Jailson Paiva.
A travessia nos trilhos é muito utilizada por ambulantes, que, segundo a SuperVia, circulam ilegalmente dentro dos trens. Um deles chegou a ser flagrado pelo G1 em dois momentos diferentes. Inicialmente o homem atravessou a linha férrea para embarcar em uma composição. Cerca de meia hora depois, voltou à estação Triagem e fez novamente a travessia.
A SuperVia informou que as estações contam com placas de orientação aos passageiros, além de alertas pelo sistema de áudio sobre os riscos de atravessar nos trilhos. Ainda assim, a situação se repete em outras estações. A usuária Suely Muniz, que pega o trem todos os dias na Central, conta que a travessia na linha férrea é recorrente.
“Tem vários (usuários) que fazem isso. Tem todo dia gente atravessando aqui na estação”, afirma a funcionária de uma gráfica.
Nos horários de maior movimentação, a superlotação é outra queixa dos usuários. Muitos passageiros forçam a porta para evitar que ela se feche ao trem sair da plataforma. Em média, 4 mil portas são danificadas por mês por conta da prática. A SuperVia estima o prejuízo em R$ 1 milhão por ano somente para conserto dessas peças. Ao segurar as portas, muitos passageiros viajam com o corpo voltado para fora da composição, o que é considerado crime por expor a vida e saúde de terceiros. A punição varia de três meses a um ano de prisão.
Viciados em crack nos trilhos
É comum nas estações próximas ao Jacarezinho ver usuários de crack caminhando pela linha férrea. No último domingo (14), assistentes sociais retiraram mais de cem viciados na droga da rua após a ocupação dos conjuntos de favelas de Manguinhos e Jacarezinho, na Zona Norte da cidade. No entanto, muitos dependentes voltaram ao local ao longo desta semana.
“Recentemente eu vi uma morte. Era um usuário de crack atropelado”, afirma o vigilante Adenildo Pereira, que utiliza os trens todos os dias.
A SuperVia informou que os maquinistas reduzem a velocidade dos trens nas regiões de Manguinhos, Jacarezinho e Tancredo Neves, onde se concentram grande parte dos viciados na droga. A concessionária afirma que se mantém em contato com órgãos públicos para retirada dos dependentes.
Passageiros costumam forçar portas dos trens para evitar fechamento (Foto: Marcelo Elizardo/ G1)
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G1
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