segunda-feira, 6 de maio de 2013

Justiça alemã inicia julgamento de neonazista acusada de assassinar 10


Beate Zschäpe na chegada para a audiência desta segunda-feira (Foto: Christof Stache/AFP)Beate Zschäpe na chegada para a audiência
desta segunda-feira (Foto: Christof Stache/AFP)
A neonazista alemã Beate Zschäpe, de 38 anos, acusada de participar em dez homicídios, nove dos quais de caráter racista, e 15 assaltos a banco, é julgada nesta segunda-feira (6) em Munique.
Ela é a única sobrevivente do grupo Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU), acusada de ter matado vários imigrantes, expondo desta forma a ineficácia da polícia no combate de organizações de extrema-direita.
Outras quatro pessoas são acusadas de cumplicidade e sentaram ao lado dela no banco dos réus.
O tribunal onde Beate será julgada amanheceu com diversos manifestantes que empunhavam fotos de vítimas e pediam por justiça. Ela responde pelo assassinato de oito imigrantes turcos, um grego e um policial entre 2000 e 2007.
Manifestantes seguraram fotos de vítimas do lado de fora do tribunal onde o julgamento contra Beate Zschaepe, do grupo neo-nazista National Underground Socialista (NSU), vai começar mais tarde nesta segunda-feira (6), em Munique. (Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)Manifestantes seguraram fotos de vítimas do lado de fora do tribunal onde o julgamento contra Beate Zschäpe, do grupo neo-nazista National Underground Socialista (NSU), vai começar mais tarde nesta segunda-feira (6), em Munique. (Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)
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Mulher é detida por policiais alemães ao tentar entrar no julgamento de neonazista (Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)
Beate, muito ativa nos meios neonazistas, foi detida em novembro de 2011 em função de um caso que causou comoção naAlemanha e reativou o debate sobre uma eventual proibição do partido de extrema-direita NPD.
Ela teve teve prisão preventiva decretada em 8 de novembro de 2011, quando se entregou à polícia após incendiar a casa onde tinha convivido com os outros dois membros da NSU, Uwe Bohnhard e Uwe Mundlos.
Seus dois companheiros apareceram mortos quatro dias antes, o que inicialmente foi considerado um duplo suicídio de dois criminosos perseguidos pela polícia após assaltar um banco.
Na casa parcialmente destruída localizada na cidade de Zwickau, foram encontradas pistas e a arma usada nos nove homicídios de imigrantes, cometidos em diferentes pontos do país. No local também foram achados vídeos onde o grupo se orgulhava de seus crimes.
Críticas à polícia
Este será um processo que não julgará somente a suposta autora dos crimes racistas que comoveram a Alemanha, mas também, indiretamente, a ineficácia e lentidão das forças de segurança frente à extrema-direita.

Nem a polícia nem os serviços de espionagem agiram contra os extremistas, apesar das atividades de um grupo com um nome tão revelador como a NSU serem conhecidas desde 1998, quando a organização foi tornada ilegal.
Aos erros, negligência ou conivência se somaram a destruição deliberada de atas policiais relacionadas com o grupo, já com Beate na prisão e sem motivo aparente.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse na época que o caso era uma "vergonha" para o país. As autoridades foram criticadas por não terem conseguido detectar e impedir a ação de uma célula neonazista que assassinou imigrantes em diferentes regiões do país.
Os crimes foram considerados então ajustes de contas entre estrangeiros ou crimes familiares. Um simples cruzamento de dados, no entanto, teria revelado que todos eles foram cometidos com a mesma arma, uma Ceska 83 calibre 7,65 milímetros.
Os três neonazistas conseguiam dinheiro assaltando bancos e além dos dez assassinatos que Beate é acusado, o grupo teria cometido em 2001 e 2004 dois atentados com bomba na cidade de Colônia, que deixaram vinte feridos.
Terrorismo
Esta é a primeira vez que se aplica o termo terrorismo em assassinatos perpetrados por extremistas na Alemanha. Até agora, no entanto, nenhuma informação sobre os depoimentos da acusada para o polícia foi divulgada pela imprensa. O julgamento será o primeiro contato direto dos meios de comunicação com a processada.

O processo começou com quase 30 minutos de atraso, na presença da principal acusada, Zschaepe, que apareceu sorridente diante das câmeras de televisão.
G1
Foto mostra oito das 10 vítimas do grupo neonazista (Foto: German Police/AFP)Foto mostra oito das 10 vítimas do grupo neonazista (Foto: German Police/AFP)

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