terça-feira, 18 de março de 2014

Crimeia ‘sempre foi e sempre será parte da Rússia’, diz Putin

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira (18) em discurso ao Parlamento que o referendo realizado na região ucraniana da Crimeia foi feito de acordo com os procedimentos democráticos e com a lei internacional, e que a Crimeia "sempre foi e sempre será parte da Rússia". A consulta popular aprovou a reintegração da Crimeia a Moscou neste domingo (16).
O presidente afirmou que vai submeter ao Parlamento ainda nesta terça a lei que permitirá a anexação da Crimeia. Ele pediu que os legisladores aceitem a integração, e anunciou a assinatura imediata de um tratado bilateral.
Putin se apoiou no resultado do referendo - no qual a reunificação foi aprovada com 96,8% dos votos - assim como na história da Crimeia, para justificar suas medidas, e se referiu aos valores comuns que a península que hoje faz parte daUcrânia compartilha com a Rússia.“A questão da Crimeia tem uma importância vital, uma importância histórica para todos nós”, afirmou o presidente russo após ser recebido com aplausos no Parlamento. “Nos corações e mentes das pessoas, a Crimeia sempre foi e permanece como uma parte inseparável da Rússia. Esse comprometimento, baseado na verdade e na justiça, é firme, foi passado de geração em geração."
"Na Crimeia estão os túmulos dos soldados russos, e a cidade de Sebastopol é a pátria da Frota do Mar Negro."
Putin disse que Moscou não podia deixar sem resposta o desejo da Crimeia de se incorporar àRússia, o que “teria sido uma traição”. “Não podíamos deixar sem resposta a petição da Crimeia e de seu povo. Não ajudar a Crimeia teria sido uma traição.
Em seu discurso, Putin disse que a Crimeia terá três idiomas oficiais após a reunificação: russo, ucraniano e o tártaro crimeano. “Eu acredito que seria certo que na Crimeia, e acho que a população irá apoiar isso, existam três idiomas igualitários: russo, ucraniano e tártaro crimeano”, disse.
Críticas à Ucrânia e ao Ocidente
O presidente russo condenou as “ditas” autoridades da Ucrânia, afirmando que elas conduziram um golpe de Estado e farão tudo para permanecer no poder.

“Aqueles que estão por trás dos eventos recentes, eles preparam um golpe de estado, mais um. Eles planejaram tomar o poder. Terror e assassinatos foram usados”, afirmou, chamando os integrantes do novo governo de Kiev de “nacionalistas, neo-nazistas, russofóbicos e anti-semitas.”
Entretanto, apesar da crise com a Ucrânia, o presidente russo disse que as relações com os ucranianos “fraternais” terão sempre uma importância crucial para a Rússia.“As relações com a Ucrânia e com os ucranianos fraternais sempre foram, continuam e sempre serão muito importantes e cruciais para nós, sem exageros”.
O chefe de Estado russo também criticou a influência internacional, afirmando que os países ocidentais “ultrapassaram a linha” no caso, atuando de maneira não profissional e irresponsável. Segundo ele, a política externa dos Estados Unidos é ditada não pelas leis internacionais, mas pelo “direito do mais forte”.
O presidente russo disse que seu país não quer mais divisões na Ucrânia, e que nunca irá buscar incitar confrontos com os outros países – mas lutará para defender seus interesses.
“Não acreditem naqueles que tentam assustá-los com a Rússia e que afirmam que outras regiões vão seguir a Crimeia. Nós não queremos uma divisão da Ucrânia, não precisamos disso.”
Putin ainda disse ver as ameaças de agressão do Ocidente com sanções contra a Rússia como uma “agressão” e garantiu que haverá retaliações.
Por outro lado, ele agradeceu a China por seu apoio na crise.
Incorporação
Mais cedo nesta terça, Putin, deu seu sinal verde para a minuta de um tratado para a incorporação da Crimeia à Federação Russa. O documento, com data de segunda-feira (17), aprova, "o projeto do Tratado entre a Federação Russa e a República da Crimeia sobre a incorporação da República da Crimeia à Federação Russa".

"Considerar conveniente a assinatura do tratado contemplado na presente resolução ao mais alto nível", conclui a resolução do chefe do Kremlin.
Comunicado publicado nesta terça no site do Kremlin também indica que Putin está formalmente disposto a ratificar um acordo que prevê a incorporação à Rússia da Crimeia. No documento, o chefe de Estado pede aos poderes públicos russos (governo e Parlamento) que aprovem o acordo e considera "oportuno" ratificá-lo.
Em termos gerais do direito internacional, o reconhecimento da Crimeia como um Estado independente é uma etapa necessária para a integração, algo que deve ser objeto de um acordo entre dois Estados independentes.
O parlamento da Crimeia aprovou na segunda uma resolução pela qual a república autônoma foi declarada independente da Ucrânia e pediu oficialmente sua incorporação à Rússia depois que mais de 95% de sua população apoiou no domingo (16) em referendo sua reunificação ao país ao qual pertenceu até 1954.
G1

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