domingo, 30 de março de 2014

Reforma administrativa pode derrotar Ricardo Coutinho

             Não sei o que é pior para um administrador público. Administrar com adversários ou administrar com incompetentes ou mal intencionados. Daqui a pouco, Ricardo Coutinho vai passar por um teste e vamos ver o resultado. Não conhecemos a realidade político-administrativa de todo o Estado, mas acreditamos que em outras regiões deve se reproduzir o que está prestes a acontecer em Patos e região.

         O governador tem toda razão em querer substituir comissionados de fidelidade duvidosa por pretensos correligionários seus. E aí surge a questão. E se não dispuser de quadros suficientes para ocupar todos os cargos disponíveis, vai fazer o quê? Colocar qualquer um só pela pretensa adesão ao seu projeto?


            Não é novidade para ninguém que o PSB não dispõe de cargos numerosos em todo o Estado. Nem de lideranças numerosas em quem possa confiar cegamente. Façamos por exemplo uma verificação na cidade de Patos. Fora Bonifácio Rocha, Diogo Medeiros, José Lacerda e uns poucos outros quem são as lideranças confiáveis ligadas ao PSB?

        Não é novidade também que, em Patos e região, quem tem votos e quadros administrativos é o grupo de Francisca Motta e o grupo de Dinaldo Wanderley. Correndo por fora ficam as lideranças de Antônio Mineral e de Socorro Marques, cuja parte mais visível atualmente é Monaci Marques. Mas os dois grupos dispõem de tão poucos votos que não têm nem vereador em Patos. Embora Dinaldo também se ressinta da falta de vereadores que possa chamar de seus, apesar de ter votos, o que foi demonstrado pela votação que Dinaldinho recebeu na última eleição. Os votos obtidos por Mineral e Monaci em Patos, nas eleições de 2010, não foram tão numerosos assim. 

         Se Mineral e Monaci dispõe de poucos votos, dispõem ainda menos de quadros administrativos. Os de Mineral se restringem praticamente aos seus sobrinhos que têm ocupado cargos periféricos nos últimos três anos. Diante dessa realidade, como Ricardo vai ocupar os cargos de que serão defenestrados os comissionados indicados por ex-aliados seus?

          Nos últimos dias, tem havido uma verdadeira corrida para o levantamento dos cargos que ficarão disponíveis para a reforma administrativa que se diz iminente. Prepostos de Mineral estariam percorrendo repartições públicas estaduais procurando saber quais são as funções comissionadas existentes e, segundo se comenta, o maior interesse desses pesquisadores não é saber qual a habilitação que cada cargo exige, mas qual o salário que cada um recebe. Ou seja, a partilha será feita não pela qualificação do novo comissionado mas pelo volume de salário que cada um almeja.

         Vamos agora examinar outro aspecto. Até que ponto confiar na fidelidade de quem fará as indicações e dos seus indicados. Antônio Mineral tem dito que obedecerá ao que a Executiva do seu partido, o PSDB, decidir. Apoiaria a candidatura própria (de Cássio certamente) se o partido assim o decidir? Várias lideranças do PSDB têm garantido que sim. De que Mineral não falhará ao compromisso partidário. E teria garantido isso à Executiva do partido. Até porque ele pode não ter legenda para disputar a reeleição se o partido assim o decidir. 

         Com relação ao grupo do D. Socorro Marques, a tradição do grupo é de cumprir os compromissos assumidos e até agora ninguém levantou dúvidas sobre isso. E o seu partido, o PPS, deve marchar com o governador.

         Ricardo Coutinho é de longe, a nosso ver, o melhor candidato para a Paraíba. Pode ser “grosso”, antipático, exigente, autocrático, mas seus possíveis concorrentes, em termos de realizações administrativas, não chegam ao seu rastro. Podem ser simpáticos, dar “tapinhas nas costas”, atender e beneficiar correligionários, mas em termos administrativos ficam muito a desejar.  Não que administração de Ricardo venha às mil maravilhas. Em Patos, o Hospital Regional é um dos seus “calos”. Nos últimos dias fui obrigado a frequentar seus corredores, acompanhando uma pessoa minha, que ali permaneceu por uns dez dias, e colhi informações preciosas. Limpeza geral adequada, comida boa, facilidade de circulação que até me surpreendeu, bom atendimento de parte da enfermagem. Mas alguns senões foram observados pela mana Fátima, funcionária aposentada do Ministério da Saúde onde exercia funções de auditoria, ou relatados por terceiros. Médicos fazem visitas aos prontuários dos doentes, mas pouco vêem os doentes. Pacientes entraram na sala de cirurgia mas tiveram que sair por que não havia sido realizado um exame que verificasse previamente se ainda havia risco de infecção que pudesse comprometer o resultado da cirurgia. Durante uma cirurgia, faltou um determinado material de uso comum nas intervenções e a família teve que ir às pressas comprar nas farmácias (ainda bem que há farmácias próximas). A cirurgia de uma pessoa nossa foi protelada várias vezes e só realizada pelo empenho de médicos amigos. E a paciente recebeu alta antes do tempo, talvez para desocupar espaço, quando, segundo avaliações de médicos amigos, deveria ter permanecido mais tempo recebendo medicação por via venal.  

         Ricardo Coutinho deve deflagrar nos próximos dias a sua reforma administrativa. Mas os próximos seis meses podem afundar a sua candidatura. Querer governar com pessoas comprometidas com o seu projeto é natural. Mas até que ponto encontrar pessoas realmente comprometidas com o seu projeto e qualificadas suficientemente para não ‘afundar o barco’? Muita gente pode querer “roer o osso” até o final do segundo tempo e cair fora antes do apito final.  O que é pior, o pretensamente infiel ou o incompetente e o mal intencionado? Como funcionário público federal, podemos não ver com bons olhos a administração de D. Dilma mas jamais trataríamos mal o público ou deixaríamos de exercer bem a nossa função só para prejudicar a sua candidatura. (LGLM).
Fonte: http://www.patosonline.com/

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