sexta-feira, 4 de abril de 2014

EM DEFESA DE DONA FRANCISCA. (Com ressalvas)

Quem conhece o Pantanal Mato-grossense, sabe da existência do criminoso “Boi de Piranha”. O negócio é o seguinte: quando os fazendeiros necessitam transferir suas imensas boiadas para outros pastos, e têm que atravessar algum Rio infestado de vorazes piranhas, escolhem, dentro do rebanho, um animal bem velho e o fazem, à força, entrar na água. Logo que o infelicitado bicho entra no Rio, as piranhas avançam e demoram apenas alguns minutos para devora-lo, tempo em que o restante da boiada, livre do feroz ataque, transpõe o Rio, sem que seja atacada.
 
Como o título da matéria indica que vou me dirigir à prefeita Francisca Mota, alguém pode até pensar que estou ficando doido. Claro, uma coisa nada teria a ver com a outra, se algo parecido não estivesse acontecendo por estas bandas.
 
Dentro da prefeitura de Patos tem gente tomando decisões que somente propiciam vantagens a eles, enquanto toda a responsabilidade, toda a repulsa popular tem recaído sobre os ombros da nossa gestora. Enquanto a voracidade da opinião pública livra a cara dos mentores da ação, que posam de bons moços, a prefeita paga o pato.
No Pantanal também é assim. Um morre comido pelas piranhas, em benefício do restante da boiada, que livre de mordidas indesejáveis, segue fagueira, pasto a fora.
Se formos analisar sem partidarismo, à égide da razão e da justiça, vamos chegar à conclusão de que, a grande maioria das reclamações que o “fusca”(+) faz, e que tem Francisca citada como responsável, ela, coitada, nada tem a ver, a não ser, e aí está a ressalva que faço: a falta de coragem – prefiro não dizer conveniência - , em não detonar quem, de fato, é o responsável pelo “buzinaço” que o “fusca” vem fazendo.
E olhe que esse pequeno “fusca”, caso a prefeita não tome providências urgentes, pode se transformar em potente “trio elétrico”, que, como os que são vistos nos carnavais da Bahia, venha arrastar verdadeira multidão, em futuro próximo.
Que culpa tem a nossa prefeita, por atos corretos ou não,  cometidos anteriormente à sua gestão? Quem, por exemplo, empurrou parte do nosso rico dinheirinho em direção ao Rio Grande do Norte, através do tão propalado e festejado “Canal da Redenção”, que terminou, trágica e vergonhosamente, no maior desastre administrativo da nossa história, foi ela? Quem empregou todo o dinheiro do projeto na construção de uma UPA, no Campo da Liga – e não a terminou - que deveria ter sido inaugurada em 2010, cuja placa, deitada no local, fala disso,  foi ela? Quem atrasou o início da outra UPA, do Bairro do Monte Castelo,  agora em fase de construção,  foi Francisca? Quem planejou e iniciou a  Alça Sudeste, ainda hoje inacabada e enfeando a cidade, naquela que, ao lado do Canal do Frango, se edificaria também uma administração que se dizia revolucionária, ética e progressista? Quem retardou por anos o inicio da construção do Teatro Ernane Sátyro, mesmo como se anunciava, com parte do dinheiro depositado à ordem da Prefeitura, será que foi a prefeita atual? E quem sepultou o projeto “Terceiro Tempo”, que prometia tirar os garotos da rua através dos esportes? Quem enterrou o projeto da chamada “Cidade Digital”, hoje, se não me engano, funcionando apenas na Praça Getúlio Vargas?  Quem atrasou a edificação de algumas academias nas ruas, a exemplo das Praças Perequeté e Nossa Senhora de Fátima, além de outras lambanças afins, será que foi Francisca Mota?  Não!  A ela cabe apenas o ônus por calar e admitir interferências indesejáveis na administração, como a ocorrida recentemente quando da doação de terreno valioso a uma firma que aqui pousou de paraquedas, cujo projeto era desconhecido até mesmo dela, segundo suas próprias declarações ao repórter Adilton Dias. Será que era ela a interessada nessa doação, ou foi induzida por alguém de sua inteira confiança que, ansioso pela doação, por motivos que desconfiamos quais sejam, a fez assinar sem ler um projeto que até mesmo a Câmara esqueceu-se de verificar e discuti-lo logo na primeira votação?
É preciso que a prefeita tome  consciência da gravidade da repercussão que todos estes problemas acarretarão num futuro não muito distante. A  interferência de terceiros na administração, atua como bumerangue, que jogado por alguém que se esconde atrás de um biombo qualquer, voltará para suas mãos de gestora.
Não vamos, absolutamente, nos arvorar de conselheiros, de donos da verdade. Apenas vamos, em nome do conhecimento que temos de sua conduta até hoje irretocável, adverti-la, antes que o pior  aconteça. Sabemos nós que todos os prefeitos do Brasil têm candidatos às próximas eleições, mas, em nenhum desses milhares de Municípios, os candidatos preferidos se imiscuem nas suas decisões administrativas. Faça, dona Francisca, o mesmo aqui em Patos. Não permita que corpos estranhos venham atrapalhar sua administração. Deixe que apenas sua gestão traga bons frutos eleitorais para os seus escolhidos; mande que  estes façam o mesmo. Que vão cuidar dos seus votos em outras freguesias, já que os daqui, caso o seu trabalho reflita positivamente na opinião do eleitor, eles os terão, até porque, até onde  conhecemos, os seus preferidos somente detém ou detiveram mandatos, às custas do seu nome, do seu prestígio político. Não fosse isso, estariam eles como eu, inseridos no rol dos pobres mortais.
Verifique se as reclamações sobre a preguiça ou má vontade de alguns secretários egressos de outros mandatos e acostumados ao saboroso “osso” do Poder procedem. Se assim for, tome providências com a coragem que sempre a caracterizou. Demita-os, troque-os por quem tenha a mesma vontade de servir que  a senhora já demonstrou como deputada estadual. Imprima sua própria cara ao Governo.
E olhe que não é somente o “fusca”        que denuncia o pouco caso que os secretários fazem quando instados pela população a resolverem problemas, muitas vezes até de pequena monta. Quem ouviu rádio dias passados ou leu matérias no Patosonline, tomou conhecimento das denúncias feitas na tribuna da Câmara por diversos vereadores da situação, dentre estes a Vereadora Lucinha e a própria presidente Nadir, defensoras incansáveis de sua gestão.
Ora, se os secretários, em sua grande maioria, egressos da administração do Prefeito Nabor - que mesmo depois de ter deixado, em tese, o Palácio Cloves Sátyro, ainda deita e rola influência no âmbito administrativo -, fazem ouvido de mercador aos pedidos e reclamos dos vereadores ditos da situação, imaginem o que acontece com as reclamações, não somente do “fusca”, mas do restante da população!
O nosso Município é o terceiro polo universitário do Estado, tem um comércio pujante, tem uma população de muito mais de cem mil habitantes e não pode, de forma alguma, ficar a mercê de uma administração dúbia, onde não se tem certeza de quem a comanda.
Está na hora da senhora promover uma ampla reforma administrativa. Está na hora da senhora mostrar a Patos quem, de fato e de direito,  manda na Prefeitura, para não correr o risco de pagar muito caro pela sua omissão, empanando uma trajetória que a fez deputada por cinco eleições, sempre com votações crescentes,  mantendo uma conduta exemplar, digna de elogios até mesmo de adversários. Deixe que os verdadeiros culpados paguem pelos seus erros, não os assumindo, em nome de sua própria história.
Evite, prefeita, enquanto é tempo, que o chamado “fusca, se transforme em “trio elétrico”, pelo seu bem e pelo bem de Patos.
(+) – A expressão “cabe num fusca” foi usada por porta-voz oficial, zombando da sociedade que reclama seus direitos. 
José Augusto Longo
Fonte: http://www.patosonline.com/

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