quarta-feira, 6 de julho de 2011

Dívidas do Casino impedem expansão do Pão de Açúcar, diz Abilio Em entrevista o iG, empresário afirma que o elevado grau de endividamento do Casino é um empecilho para a companhia


Em entrevista ao iG, o empresário Abilio Diniz afirmou que não se arrepende de ter firmado o acordo com o Casino em 2006, quando o grupo francês adquiriu o direito de assumir o controle do Grupo Pão de Açúcar. Esse direito será exercido em junho de 2012.
Mas, segundo o empresário, o Casino é, neste momento, um empecilho para o crescimento da varejista brasileira por já possuir um elevado grau de endividamento. Essa restrição financeira do sócio francês limita as possibilidades do Grupo Pão de Açúcar. “O futuro do Grupo Pão de Açúcar não está em risco, mas há uma dificuldade de crescimento”, afirmou Diniz.
O Casino se opõe ao plano de fusão proposto por Diniz entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil. Jean-Charles Naouri, controlador do Casino, entrou com ações contra o empresário brasileiro em um tribunal arbitral em São Paulo, alegando que Diniz feriu o acordo de acionista firmado entre eles.
“Não me arrependo de nenhuma das decisões que tomamos (sobre o acordo com Casino em 2006), pois era o melhor para a companhia naquele momento. Agora, é o momento de darmos um salto ainda maior, nos tornando uma das maiores redes varejistas do mundo. O Casino também vai se beneficiar da associação com o Carrefour”, disse Diniz.
Endividamento
Embora não faça uma menção direta a Naouri, a declaração de Diniz sobre o elevado nível de endividamento do Casino pode ser interpretada como uma resposta ao empresário francês, que se reuniu com o presidente do BNDES na segunda-feira. Naouri teria dito no encontro que não precisaria de um financiamento do banco estatal.
O cenário, porém, não parece ser tão cor de rosa para o Casino, na visão de Diniz.
“O que se verifica é uma constante limitação de alavancagem financeira no Grupo Pão de Açúcar por conta do excesso de endividamento do Casino, conforme fica claro nas discussões no próprio Conselho de Administração. Ou seja, o endividamento do Casino, na prática, limita o crescimento do Grupo Pão de Açúcar”, diz Diniz.
Em 2010, o endividamento do Casino correspondia a 2,3 vezes a geração de caixa da companhia (pelo critério Ebitda, resultado antes dos juros, impostos, depreciação e amortização).
O grau de endividamento do Grupo Pão de Açúcar é mais baixo e equivalia, no ano passado, a 1,9 vez a sua geração de caixa.
“Esses números (do Pão de Açúcar) eram e são condizentes com o mercado”, afirma Diniz.
Em 2010, segundo a Bloomberg, o nível médio de endividamento entre as principais varejistas do mundo era de 2,05 vezes o Ebitda. O Walmart e a Tesco apresentam os graus mais baixos, de 1,3 e 1,8 vez o Ebitda.
Polêmica com o BNDES  
Diniz levantou R$ 5 bilhões com o BNDES e o BTG Pactual para viabilizar a fusão com o Carrefour. A BNDESPar, braço do BNDES, comprometeu-se a fazer um aporte de capital no Pão de Açúcar de 1,7 bilhão de euros (R$ 3,8 bilhões), enquanto o banco BTG Pactual faria uma injeção mais 300 milhões euros (R$ 680 milhões). Com esse aporte, a BNDESPar e o BTG passariam a deter, juntos, 21,2% do capital do Grupo Pão de Açúcar, que só passaria a ter ações ordinárias.
Após ser bastante criticado, o BNDES voltou atrás e afirmou que só participará da operação com o consentimento do Casino, compromisso que foi reiterado no encontro com Naouri na segunda-feira. Agora, é esperado que o principal executivo do Carrefour também encontre-se com o BNDES nos próximos dias, para a dar a sua versão da disputa. 
O futuro do Pão de Açúcar na visão de Diniz:
“Hoje o modelo de negócios do Pão de Açúcar já é resultado de um trabalho de equipe, liderado pela direção da companhia e fortemente baseado na cultura de excelência do Grupo Pão de Açúcar. Diferentemente da Europa, nosso atual momento econômico indica que nos próximos anos irá prevalecer o modelo de multiformatos, aquele que atende o consumidor em seus diversos momentos de compra.
Esse modelo, combinado com controle efetivo de custos e integração dos sistemas de logística e tecnologia da informação, tem se mostrado eficaz, fazendo da companhia uma das mais eficientes do varejo mundial. Sua margem Ebitda é de 7,3%, uma das mais altas do mercado. “ 
 

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