quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Atriz brasileira de 'A filha do mal' teve apenas uma semana para se preparar


"A filha do mal", filme que estreia nesta sexta-feira (3) nos cinemas do Brasil, assustou as bilheterias norte-americanas tanto quanto seus espectadores quando chegou às telas daquele país - sem que ninguém esperasse, foi direto ao topo da lista de mais vistos, derrubando a superprodução "Missão: Impossível 4", estrelada por Tom Cruise. Mas, antes disso, quem levou o susto foi a atriz brasileira Fernanda Andrade que, depois de dois testes, foi escolhida para estrelar em um longa-metragem de cinema já como protagonista - e com apenas uma semana para se preparar.
O filme conta a história de Isabella Rossi (Andrade), uma mulher que busca descobrir a verdade sobre a mãe, Maria (Suzan Crowley), que mata três pessoas durante um ritual de exorcismo.
As atrizes Suzan Crowley (deitada) e a brasileira Fernanda Andrade em cena no filme 'A filha do mal', que estreia nos cinemas nesta sexta (3) (Foto: Divulgação)As atrizes Suzan Crowley (deitada) e a brasileira Fernanda Andrade em cena no filme 'A filha do mal', que estreia nos cinemas nesta sexta (3) (Foto: Divulgação)
Fernanda, que já havia participado de seriados norte-americanos como "Anjos caídos" ("Fallen") e "CSI", faz seu primeiro longa-metragem no cinema sob um tema "pesado", como ela mesmo descreve. Para se preparar em tão pouco tempo, recorreu a livros e à internet.
"Usei muito o YouTube para ver clipes de pessoas possuídas e, principalmente, para identificar a diferença entre ataques epiléticos e casos de possessão. Também ouvi muito a gravação do exorcismo de Anneliese Michel(que inspirou o filme 'O exorcismo de Emily Rose'), que é apavorante e incrível ao mesmo tempo", destacou a atriz paulista de 26 anos, natural de São José dos Campos.
Nos Estados Unidos desde os 11 anos — ela mudou-se com a família por conta de uma transferência profissional do pai para Miami —, Fernanda já trabalhou ao lado de gente famosa, como o ator Andy Garcia; estudou balé e jornalismo; e agora está de olho nas produções nacionais para a telona.
Em entrevista por telefone, de Los Angeles, e com exclusividade para o G1, Fernanda Andrade revela curiosidades sobre os bastidores de "A filha do mal" (que já arrecadou mais de US$ 50 milhões nos EUA) e conta da vontade de fazer cinema no Brasil.
G1 — Como surgiu a oportunidade de fazer este filme? O que a fez aceitar o papel?
Fernanda Andrade — Fiz um teste há uns dois anos, com uma das cenas do filme, mas ainda sem o roteiro. Então, me chamaram para fazer um segundo teste, em uma outra cena. Depois disso, o diretor (William Brent Bell) pediu para conversar comigo. Só então pude ler o roteiro. E foi aí que me animei. Percebi que era uma coisa diferente. Uma semana depois, já estávamos filmando em Bucareste.
G1 — Você passou por algum tipo de preparação?
Fernanda — Como disse, não tive muito tempo, apenas uma semana. Mas vários fatores ajudaram bastante. Por exemplo: o diretor sugeriu que lêssemos um livro chamado “Interview with an exorcist” (“Entrevista com um exorcista”). Parece bobagem, mas foi algo que ajudou bastante. Foi um exorcista mesmo quem escreveu o livro. E foi importante, porque cresci num ambiente bem católico, com todos esses termos flutuando. Eu achava que entendia, mas isso acabou quando comecei a pesquisar, ler o livro e ouvir as entrevistas que o William estava fazendo com exorcistas de verdade. Consegui entender muito melhor esse mundo e essa lente com a qual eles enxergam o “demônio”, “anjos”, “Deus” e tudo isso.
G1 — A internet ajudou durante essa pesquisa?
Fernanda — Sim, usei muito o YouTube para ver clipes de pessoas possuídas e, principalmente, para identificar a diferença entre ataques epiléticos e casos de possessão. Também ouvi muito a gravação do exorcismo de Anneliese Michel (que inspirou o filme “O exorcismo de Emily Rose”), que é apavorante e incrível ao mesmo tempo. É marcante, quer você acredite ou não.
G1 — Você sentiu medo em algum momento durante as filmagens? Algo te impressionou?
Fernanda — Acho que, em geral, o tema já é bastante pesado, mas uma parte foi mais difícil e bem apavorante: a cena do exorcismo da Rosa (Bonnie Morgan), onde ela aparece toda retorcida numa cama, num porão. Esse porão ficava embaixo de uma mansão abandonada em Bucareste. Não sei o que tinha naquele lugar, mas, desde que entrei ali, senti uma coisa muito esquisita. Não sei se estava num dia ruim (risos), mas sei que não foi legal.
Fernanda Andrade chega ao manicômio onde revê a mãe depois de anos: primeiro encontro com a atriz Suzan Crowley só aconteceu durante as filmagens (Foto: Divulgação)Fernanda Andrade chega ao manicômio onde revê a mãe depois de anos: primeiro encontro com Suzan Crowley só aconteceu durante as filmagens (Foto: Divulgação)
G1 — É verdade que você só conheceu Suzan Crowley na cena em que Isabella e Maria se reencontram?
Fernanda — É sim. Aquela cena foi filmada num hospital de animais abandonado, que por si só já era um lugar muito esquisito. O diretor achou melhor não nos conhecermos até aquele momento. Também achei isso superlegal, ajudou muito. E eu nunca tinha visto Suzan. Então foi um momento muito forte. Acho que ajudou aos dois lados.
G1 — Qual a diferença básica entre "A filha do mal" e os demais filmes de exorcismo?
Fernanda — Acho que este filme traz algo completamente diferente, que é a intenção fazer um relato autêntico e honesto de como seria uma sessão de exorcismo se você a testemunhasse. Os outros filmes passam um lado sensacionalista. Acho que a intenção do William e do Matthew Peterman (roteirista) foi exatamente documentar e relatar a história dessa menina, a Isabella, entrando neste mundo. É como se o espectador tivesse entrado no quarto com ela, acho que essa é a  experiência de se assistir ao filme.
G1 — Por que você acha que filmes do gênero fazem tanto sucesso?
Fernanda — Acho que todo mundo tem um interesse muito grande nas coisas que a mente humana não consegue explicar. É uma jornada pela qual todo ser humano passa, seja rapidamente ou pela vida inteira. No fundo somos seres limitados, e muita coisa a gente não entende. Acho que estes temas sempre serão enredo para histórias e filmes. Porque são perguntas que vamos sempre refazer.
G1 — Como você passou a encarar o assunto depois do filme?
Fernanda — De uma maneira muito diferente. Achava que entendia esses termos e ideias, mas realmente tive que limpar tudo. Porque a Isabella estava entrando neste mundo com muita esperança, esperança de resgatar a mãe, resgatar ela mesma, talvez. Então acho que tive que olhar tudo isso de um jeito muito diferente.
G1 — Você tem vontade de fazer cinema no Brasil?
Fernanda — Tenho muita vontade. Sou muito fã do José Padilha e do Fernando Meirelles. O Selton Mello ainda não chegou até aqui (risos), mas também sou muito fã do trabalho dele. Estou aberta. Sempre quis fazer filmes em português e trabalhar por aí. Estou abrindo essas portas e confiando no que vier.




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