Os passos de Valéria Maria de Brito Rosa, presidente da Associação de Moradores do Morro do Bumba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, ficaram mais lentos ao se aproximar do local onde viveu a maior parte da vida e que virou manchete dos principais jornais do país em abril de 2010, quando a chuva levou mais de 50 casas e 47 vidas. Havia um ano que ela não pisava naquele terreno, onde quase todos os vizinhos se conheciam.
Ao cruzar a grade que hoje cerca a praça construída ali, Valéria engoliu a seco e parou de caminhar. Em seguida, revelou que dar aquele passo era doloroso. “Hoje é a segunda vez que eu entro aqui, eu não cruzo esse portão. A gente tem a sensação que está pisando em amigos. Duas senhoras ainda estão desaparecidas e um motorista também. Acho que aqui não deveria ter praça, para ninguém, usar esse espaço”, disse ela, emocionada.
Valéria só tinha pisado no Bumba quando completou-se um ano da tragédia e os moradores fizeram um ato no local. Atualmente ela vive de aluguel social no Cubango, bairro vizinho ao de Visoço Jardim, onde fica o Bumba. A presidente da associação sobrevive fazendo faxinas. “Perdi muitos amigos. Tive que fazer tratamento psicológico, tomar remédio para superar. O bairro morreu junto com o pessoal. A comunidade acabou e se espalhou. Aqui à noite é um silêncio. A praça não é muito utilizada, as pessoas ainda têm muito receio de pisar aqui”, contou.
Ela revela que muitos imóveis interditados ainda abrigam moradores. Segundo Valéria, a associação luta por novos projetos na quadra da praça, já que é um espaço mal aproveitado. “Já que a praça foi feita, que seja utilizada. Pediram também cobertura para a quadra, para realizarem eventos”, afirmou.
A prefeitura de Niterói informou que a Secretaria de Esportes pretende implantar aulas de futebol e vôlei, entre outros esportes de quadra. Segundo a prefeitura, a coleta de lixo é feita pela Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (Clin) três vezes por semana e a varrição é realizada conforme a necessidade diária.
g1
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