sábado, 11 de agosto de 2012

Diretor Matheus Souza custeou novo filme com dinheiro do próprio bolso


Um dos mais destacados cineastas da nova geração, o jovem diretor Matheus Souza, de 24 anos, decidiu fazer cinema graças a Woody Allen. A inspiração no famoso diretor nova-iorquino, no entanto, teve razões bem mais mundanas do que artísticas.
“Woody Allen é um cara que mudou minha vida e é minha maior inspiração. Eu tinha 12 anos e era todo bizarro: gordinho, usava óculos, tinha espinhas e sofria bullying no colégio. Aí, vi um filme de um cara que era pior do que eu, mas pegava a Julia Roberts. Falei: ‘É isso que eu quero fazer da minha vida’”, contou Matheus ao G1, no tapete vermelho do Festival de Cinema de Gramado.
Seu segundo filme, “Eu Não Faço a Menor Ideia do que Eu Tô Fazendo da Minha Vida” abriu a mostra competitiva de longa-metragens nacionais. Recebeu elogios do crítico e curador do festival, Rubens Ewald Filho, despertou o interesse de Fernando Meirelles e agradou ao público no Palácio dos Festivais, embora a projeção tenha sido prejudicada pelo música alta de um bar vizinho, que o isolamento acústico do cinema não conseguiu impedir de invadir a sala.
O filme conta a história de Clara, interpretada pela atriz Clarice Falcão, que aceita cursar Medicina por pressão familiar. Sem vocação para a profissão, ela começa a matar aulas enquanto inicia uma nova vida paralela durante as manhãs, com o propósito de descobrir, ao modo dela, qual é o seu talento e o que realmente quer da vida.
Filme Matheus Souza  (Foto: Divulgação)
Com orçamento de aproximadamente R$ 20 mil, baixíssimo até para os padrões brasileiros, a produção foi custeada com recursos do próprio diretor. “Desde meu primeiro filme, eu estava tentando fazer cinema do jeito convecional, captando dinheiro, mas não estava rolando. Aí, fui contratado para fazer um roteiro e, com o dinheiro que ganhei, fiz esse filme. Parei de pagar todas as minhas contas durante dois ou três meses. Foram cortando tudo lá em casa: luz, gás, internet”, relembra o diretor.
Os poucos recursos, porém, não foram problema para o diretor. Seu filme de estreia, “Apenas o Fim”, de 2008, custou menos ainda do que o segundo filme. Com bom roteiro e diálogos espertos, a comédia romântica pop faturou os prêmios de melhor filme do júri popular no Festival do Rio 2008 e na 32ª Mostra de São Paulo. “Sempre gostei muito de escrever, desde os tempos do colégio. Por isso, admiro diretores ligados ao roteiro. Além do Woody Allen, gosto muito de Charlie Kaufman, François Truffaut. Aqui no Brasil, gosto de Domingos Oliveira, Jorge Furtado e João Falcão”, enumera.
Diretor, roteirista e também colunista de jornal, o garoto prodígio do cinema nacional vai empilhando um projeto em cima do outro enquanto colhe elogios pelo caminho. Seu próximo longa, “Não Deixe a Júlia Ir Embora”, está em fase de finalização. Será uma animação em rotoscopia, técnica que consiste na aplicação de desenhos sobre material filmado com atores reais em cenários reais. A intenção é lançar no começo de 2013, em algum festival. Ao contrário de sua personagem,  Matheus parece saber muito bem o que quer da vida.
G1

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