sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Chefe de comando islâmico morre durante ação na Argélia


Abu al Baraa, o chefe do comando islâmico que fez centenas de reféns em um campo de produção de gás naArgélia, morreu nesta quinta-feira (17) durante o ataque do Exército argelino, anunciou um porta-voz do grupo à agência mauritana Nuakchott Información (ANI).
"Um dos chefes mais importantes da brigada Mojtar Belmojtar", Abu al Baraa, morreu na ação no campo de In Aménas, disse o porta-voz ao site de notícias mauritano Al Ajbar.
Al Baraa informou na quarta-feira à rede de televisão Al Jazeera que havia feito 41 reféns estrangeiros, procedentes de Noruega, França, Estados Unidos, Reino Unido, Romênia, Colômbia, Tailândia, Filipinas, Irlanda, Japão e Alemanha.
"De provável nacionalidade argelina", Al Baraa nasceu no final dos anos 70 e se integrou ao Grupo Salafista para a Pregação e o Combate (GSPC) no início dos anos 2000, segundo o site Al Ajbar.No ataque do Exército, pelo menos 34 reféns e 15 militantes morreram.
Al Baraa contribuiu especialmente para a instalação dos grupos armados islâmicos no norte doMali e defendia a necessidade de se derrubar os regimes da região para completar a Primavera Árabe, acusando os governos em Argel e Nuakchott de ser agentes da França.
O comando justificou o sequestro como uma represália à operação francesa contra os jihadistas no norte do Mali. Os aviões franceses que atacam os rebeldes malinenses sobrevoam o espaço aéreo argelino.
Mojtar Belmojtar, que dá nome ao grupo que realizou o sequestro, é um ex-comandante da Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) que decidiu criar sua própria organização em outubro passado. O argelino também é conhecido como "Senhor Marlboro" por seu envolvimento no contrabando de cigarros.
França
Autoridades francesas estão em contato com dois reféns franceses que escaparam do complexo de gás na Argélia onde eram mantidos reféns por militantes islâmicos, disse o ministro do Interior Francês, Manuel Valls, nesta sexta.

Valls disse à rádio RTL que as informações sobre o incidente na localidade de In Ameras eram confusas e que ele não sabia dizer se a situação tinha acabado. Um diplomata em Londres disse que a Grã-Bretanha não recebeu qualquer informação sugerindo que o sequestro tinha sido encerrado.
Um refém francês, funcionário de uma empresa de alimentação, disse que passou quase 40 horas escondido em um quarto separado dos outros reféns estrangeiros. Ele sobreviveu graças a suprimentos levados a ele por colegas argelinos.
"Quando os militares chegaram para me pegar, eu não sabia se tinha acabado", disse Alexandre Berceaux à rádio Europe 1. "Eles chegaram com colegas (argelinos que também trabalhavam no complexo), se não eu não teria aberto a porta".
Berceaux disse que as forças argelinas ainda estavam vasculhando o complexo de gás em busca de reféns escondidos quando ele foi levado a uma base militar próxima, de onde esperava ser transferido logo para a França.
O ministério japonês das Relações Exteriores convocou nesta sexta-feira (18) o embaixador argelino em Tóquio, Sid Ali Ketrandjé, após a operação do exército argelino para tentar libertar os reféns sequestrados em um campo de exploração de gás, anunciou um funcionário da diplomacia japonesa.

O diplomata será recebido por um vice-ministro, acrescentou.
Após o ataque lançado na quinta-feira pelo exército argelino, o primeiro-ministro japonês telefonou de Bangcoc para seu homólogo argelino, Abdelmalek Sellal, para protestar, e pediu a ele o fim imediato da operação.
mapa sequestro argelia (Foto: 1)
A companhia JGC comunicou ao ministério das Relações Exteriores em Tóquio que três de seus 17 funcionários japoneses estão em um "local seguro", e que as informações sobre os demais 14 "são contraditórias" e não é possível "confirmar sua situação".
A companhia revelou que outro funcionário, não japonês, também está em segurança. A JGC tem outros 60 trabalhadores "estrangeiros" na Argélia cuja situação desconhece.
Operação
Forças especiais do Exército argelino realizaram na noite desta quinta-feira uma operação para libertar os reféns mantidos por um grupo armado islâmico em um campo de gás do centro-leste da Argélia, o que provocou a morte de vários estrangeiros, revelou o ministro das Comunicações, Mohamed Said.

Não foi informado oficialmente o número de mortos na operação, que visava libertar centenas de trabalhadores argelinos e cerca de 40 estrangeiros capturados pelo grupo ligado à Al-Qaeda no campo de In Aménas, mas Mohamed Said admitiu que, "lamentavelmente, há mortos e feridos, incluindo estrangeiros".
Um porta-voz da "Brigada Mokhtar Belmokhtar", o grupo islâmico que reivindicou o sequestro, disse à agência mauritana Nuakchott Information (ANI) que 15 combatentes e 34 reféns estrangeiros morreram durante a operação do Exército e que outros sete permaneciam vivos.
"Trinta e quatro reféns e 15 combatentes morreram em um bombardeio (aéreo) do exército argelino", declarou o porta-voz à ANI. O chefe do comando, Abu Al Baraa, está entre os mortos.
Os sete reféns sobreviventes são três belgas, dois americanos, um japonês e britânico, precisou o porta-voz.
Antes do ataque do Exército, 15 reféns estrangeiros e 30 argelinos conseguiram fugir, informou a imprensa local.
As autoridades da Irlanda do Norte informaram que o engenheiro irlandês Stephen McFaul, de 36 anos, entrou em contato com sua família para dizer que escapou dos sequestradores "são e salvo".
Imagem mostra o campo de gás de Amenas visto de cima (Foto: Reuters)Imagem mostra o campo de gás de Amenas visto de cima (Foto: Reuters)
Segundo Brian McFaul, irmão de Stephen, o engenheiro carregava um colar de explosivos no pescoço mas conseguiu escapar quando o comboio dos sequestradores foi atacado pelas tropas argelinas.
O ministro argelino do Interior, Dahou Ould Kablia, revelou que "o grupo terrorista que atacou o campo In Aménas veio da Líbia".
Ould Kablia confirmou que o ataque ao campo de gás foi liderado por Abu Al Baraa, um argelino que integrou o Grupo Salafista para a Pregação e o Combate (GSPC) no início dos anos 2000 e contribuiu, em particular, para a implantação dos grupos islâmicos armados no norte do Mali.
Segundo um funcionário argelino que pediu para ter sua identidade preservada, os sequestradores exigiam ainda "a libertação de 100 terroristas detidos na Argélia" em troca dos reféns.
Mohamed Said informou que o governo argelino está em "contato permanente" com os países envolvidos para informar sobre a situação.
Foto sem data mostra entrada de campo de gás atacado por islamitas na Argélia (Foto: AFP)Foto sem data mostra entrada de campo de gás atacado por islamitas na Argélia (Foto: AFP)
O ministro das Comunicações acrescentou que "numerosos agressores foram neutralizados" quando tentavam fugir para um país vizinho. A fronteira mais próxima é a líbia.
A agência APS informou que a ação das forças especiais do Exército "libertou" apenas a parte do campo de gás onde estavam os reféns, e não todo o complexo de In Aménas.
O ministro Said destacou que a princípio o governo argelino "buscou uma solução pacífica para obter um final feliz", mas os agressores "fortemente armados", que qualificou de "fanáticos" islâmicos, "mostraram sua clara vontade de sair da Argélia levando os reféns estrangeiros" para sua "chantagem".
O comando islâmico entrincheirado no campo de gás relatou que o Exército argelino lançou um ataque com "aviões de combate e unidades terrestres e que o grupo foi bombardeado quando tentava levar os reféns a um local mais seguro a bordo de veículos".
Reações variadas
A Casa Branca expressou sua preocupação em relação à operação na Argélia: "obviamente estamos preocupados com a informação sobre a perda de vidas humanas", afirmou o porta-voz do presidente Barack Obama, Jay Carney. "Tentaremos pedir esclarecimentos ao governo argelino".

Um funcionário americano, que pediu para não ser identificado, disse que Washington "não foi informado sobre a operação" para libertar os reféns, e que comunicou enfaticamente às autoridades argelinas que a prioridade era a segurança do pessoal'.
O presidente francês, François Hollande, apoiou a ação, embora a tenha classificado de operação dramática.
"O que acontece na Argélia justifica ainda mais a decisão que tomei em nome da França de ajudar o Mali em conformidade com a Carta das Nações Unidas e a pedido do presidente desse país", assinalou Hollande. "Trata-se de por fim a uma agressão terrorista e permitir que os africanos se mobilizem para preservar a integridade territorial de Mali".
Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, lamentou não ter sido informado da operação militar do exército argelino.
"O governo argelino está a par de que teríamos preferido ser consultados com antecedência", enfatizou um porta-voz do governo.
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G1

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