quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Clínicas retomam ressonância com restrição de remédios em Campinas


As clínicas e hospitais que fazem ressonância magnética em Campinas (SP) retomaram o atendimento nesta quarta-feira (30) com restrições nos remédios utilizados durante o procedimento. Os exames deixaram de ser feitos após recomendação da Vigilância em Saúde que investiga a morte de três pacientes que fizeram ressonância no crânio no Hospital Vera Cruz.

O governo do estado de São Paulo vaiinterditar, cautelarmente, a utilização dos lotes dos soros e dos contrastes utilizados durante os exames nas vítimas. É possível que a recomendação se estenda em âmbito nacional. Na lista estão oito lotes, feitos por cinco fabricantes. A determinação será publicada no Diário Oficial (DO) desta quarta-feira (30), segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde.

Os produtos utilizados nos procedimentos, em Campinas, foram recolhidos no hospital particular Vera Cruz e serão analisados no Instituto Adolfo Lutz. A interdição também será publicada no Diário Oficial do município, que irá adotar a mesma lista da Secretaria Estadual.

Segundo o secretário municipal da pasta, Carmino Souza, os pacientes podem ficar tranquilizados para realizar os exames. "Nós limitamos, circunscrevemos o problema. Hoje nós sabemos exatamente os lotes envolvidos de tudo e a partir daí nós temos que liberar e voltar à normalidade", explica.
Entre as suspeitas, os técnicos descartam a possibilidade de defeitos nos equipamentos. As investigações se concentram nos medicamentos usados no exame, como o composto químico gadolínio, conhecido como contraste, que facilita a visualização de algum problema de saúde e intensifica a imagem para a avaliação do médico. “Temos duas linhas principais de investigação, uma é a chamada microbiológica, que isso é uma contaminação por bactéria, fungo ou eventualmente outro microorganismo. A segunda linha é toxicológica, o que isso quer dizer, algum produto químico ou metal pesado, alguma coisa que possa ter contaminado os produtos que foram usados”, afirma o secretário.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ligada ao Ministério da Saúde, enviou a cidade, técnicos especializados em epidemiologia para acompanhar a apuração da causa da morte dos três pacientes.
Os trabalhos de ressonância no Vera Cruz, entretanto, seguem sem previsão de retorno e ficarão suspensos até o término das investigações.
Lotes de medicamentos interditados no Estado de SP
Magnevistan, solução injetável, Lote 11568D, com validade: 03/2015 fabricado por Bayer S.A, registro MS 1.7056.0065
Dotarem, solução injetável, Lote 12GD324C, com validade: 10/2015; fabricado por Guerbet Produtos Radiológicos,com registro MS 1.4980.0016
Soro Fisiológico (NaCl) 250ml, fabricado por Eurofarma Laboratórios Ltda, Lote 252731, com validade:08/2014;
Soro Fisiológico 500ml, fabricado por Eurofarma Laboratórios Ltda, Lote 249031, com validade:08/2014;
Soro Fisiológico 250ml, fabricado por Eurofarma Laboratórios Ltda, Lote 245825, com validade:07/2014;
Soro Samtec 10ml, Lote SOG, validade: 02/2014;Lote SSN validade 05/2014
Soro Equiplex 10ml, Lote 1230970, validade: 07/2014
Fonte: Secretaria de Saúde de S
Fabricantes
A assessoria da Eurofarma Laboratórios informou que só se pronunciará sobre o assunto após ser notificada da interdição.

Em nota, a Bayer disse que também não foi notificada oficialmente e que "está disposta a colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações, caso seja solicitada a prestar quaisquer esclarecimentos".

A Samtec informou que não foi notificada oficialmente, mas que está à disposição para prestar possíveis esclarecimentos. O G1 ligou também, no fim da tarde, para as fabricantes Equiplex e Guerbert Produtos Radiológicos, mas ninguém foi localizado para comentar o assunto.

O caso
Três pessoas morreram entre a tarde e a noite de segunda-feira após realizarem exames de ressonância magnética no hospital particular Vera Cruz. A Vigilância em Saúde interditou o setor responsável pelo procedimento da unidade de saúde por tempo indeterminado e pretende investigar se o contraste, composto químico utilizado no exame, tem relação com as mortes.

Dois homens, de 36 e 39 anos, e uma mulher, de 25, morreram após parada cardiorrespiratória. As vítimas do sexo masculino passaram mal minutos depois do exame, enquanto que a paciente chegou a deixar a unidade médica, mas retornou após sentir dores.

No mesmo dia, segundo a assessoria do Hospital Vera Cruz, foram realizados outros 83 exames de ressonância, sendo que o contraste foi aplicado em 30 avaliações e 23 fizeram ressonância de crânio. Nestes casos não foram encontradas reações adversas.

As vítimas tinham situações clínicas diferentes e não foram diagnosticados com doenças em estágio avançado, segundo o diretor administrativo do Vera Cruz, Gustavo Carvalho. No entanto, ele afirmou que as causas são desconhecidas e aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML).

Após a constatação das mortes, a direção do hospital acionou a Polícia. As salas e os materiais utilizados durante os procedimentos foram lacrados, de acordo com a direção da unidade. O caso foi registrado no 1° Distrito Policial da cidade.
De acordo com a direção do hospital, são realizados 2 mil exames por mês e nenhum registro de ocorrências deste tipo foi registrado na unidade. O hospital também informou que está colaborando com os órgãos competentes.
Vítimas
Entre as vítimas estão a administradora de empresa de Campinas Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que deixa uma filha de 4 anos. Também morreu o paciente de Santa Rita de Cássia, o zelador Manuel Pereira de Souza, 39 anos, casado e pai de uma filha de 6 anos. Ele será enterrado na Bahia, em um distrito da cidade natal. O terceiro paciente é o empresário de Campinas, Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos.

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G1

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