quarta-feira, 13 de março de 2013

Juiz considera que motorista não teve intenção de matar ciclista


O juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, não considerou que houve tentativa de homicídio doloso, quando há a intenção de matar, no caso do motorista que atropelou um ciclista no domingo (10), na Avenida Paulista. No acidente, o limpador de vidros, David Santos de Souza, de 21 anos, perdeu o braço direito. O caso foi remetido pelo magistrado para a Justiça comum, onde será analisado. O Ministério Público informou que vai recorrer da decisão.
O motorista Alex Siwec, de 22 anos, continuava preso no início da manhã desta quarta-feira (13), no Centro de Detenção Provisória 2 do Belém, na Zona Leste. Segundo o seu advogado, o estudante de psicologia, ficou atordoado na hora do acidente e, em um primeiro momento, não viu o braço dentro do carro. Em choque, ainda de acordo com advogado, Siwec acabou jogando o braço em um córrego na Avenida Ricardo Jafet, na Zona Sul da capital paulista.
"Há fatos novos nas investigações, mas estamos apurando e não queremos divulgar informações precipitadas", declarou Carlos Eduardo Silveira Martins, delegado titular do 5º DP. O depoimento do ciclista foi colhido na presença de um advogado do Hospital das Clínicas, segundo a polícia.Na terça-feira, o ciclista disse à polícia que trafegava na contramão da ciclofaixa no momento do acidente. O jovem relatou que foi atingido de frente pelo veículo de Alex e que chegou a ver o carro vindo em sua direção, em alta velocidade. Questionado sobre as circunstâncias da colisão, o delegado não soube explicar como o ciclista foi atingido.
A delegada Priscila Oliveira Rodrigues também conversou com o ciclista e ficouemocionada. Ele me mostrou desenhos que fazia, e agora não poderá fazer mais", disse, com lágrimas nos olhos.
Laudo
O delegado revelou ainda que o laudo do Instituto Médico Legal (IML), entregue nesta terça-feira, apontou sinais de embriaguez no motorista do veículo, mas concluiu que Alex não estava embriagado. A Polícia Civil disse que irá questionar a conclusão do laudo.

Martins acredita que o resultado pode ter sido prejudicado porque Alex foi submetido ao exame horas depois do acidente. O exame foi realizado às 11h21 e o atropelamento ocorreu por volta das 5h30. No documento do IML, a médica responde a duas perguntas: "há sinais indicativos que o examinado está sob efeito de álcool etílico? Sim" e "Em consequência disso, ele está embriagado? Não".
A polícia pretende enviar perguntas à medica do IML que examinou o jovem para entender o resultado. Um exame clínico havia apontado que o jovem tinha bebido antes do acidente.
Acidente na Paulista V3 (Foto: Arte/G1)
Motorista detido
O estudante de psicologia Alex Siwek, que atropelou David e jogou seu braço em um córrego, está detido no Centro de Detenção Provisória 2 do Belém, na Zona Leste. Seu advogados pediram na segunda-feira (11) a liberdade provisória e aguardam uma resposta da Justiça. A promotora do 1º Tribunal do Júri Manoella Guz se manifestou pelo indeferimento do pedido de liberdade provisória do Alex e pela conversão da prisão em flagrante em preventiva.

Antes de concluir o inquérito, a polícia aguarda os resultados das perícias feitas no local da batida, no carro de Alex e no Córrego Ipiranga, local onde o braço foi jogado na Avenida Doutor Ricardo Jafet. Segundo o delegado Martins, 13 pessoas já foram ouvidas, entre testemunhas e envolvidos no caso.
A polícia também busca imagens de câmeras de segurança do local do acidente e também do ponto onde o braço foi jogado. Até agora, a polícia tem apenas imagens de uma câmera da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) que mostram uma viatura de resgate passando às 6h06 de domingo para atender a ocorrência.
O exame clínico que apontou que o motorista havia ingerido bebida alcoólica antes do acidente também já estão com a polícia. A comanda de consumo de Alex Siwek, paga na casa noturna de onde ele saiu antes de atropelar o ciclista, mostra que ele pagou por três doses de vodca e um energético. O horário que a comanda individual de consumo foi fechada, às 6h, porém, é posterior ao horário do acidente, ocorrido às 5h30.
Testemunhas
David ia para o trabalho quando foi atingido pelo carro conduzido pelo estudante de psicologia Alex Siwek, de 22 anos. Testemunhas disseram que o carro andava em zigue-zague e já tinha derrubado alguns cones colocados na Avenida Paulista para sinalizar a instalação da ciclofaixa. Após atingir o ciclista, o motorista deixou o local sem prestar socorro.

O estudante Thiago Chagas dos Santos, que já tinha feito curso de primeiros-socorros, foi a primeira pessoa a prestar atendimento ao ciclista.
Santos observou que o limpador de vidros perdeu os sentidos. “Vi que ele não estava respirando, não tinha pulso. Fiz respiração boca a boca e massagem cardíaca”, afirmou Santos ao Bom Dia São Paulox. Segundo ele, alguém que passava pelo local afirmou que a vítima estava sem o braço. “Ele ouviu e entrou em desespero. Eu falava que ele estava com o braço para ele não ficar mais desesperado ainda”, contou.
Mãe
A empregada doméstica Antônia Ferreira dos Santos, de 51 anos, mãe do ciclista, disse que ouviu do filho a afirmação de que ele estava na ciclofaixa quando foi atingido pelo automóvel. No horário em que ocorreu o acidente, a ciclofaixa de lazer ainda estava desativada. A mãe contou que o rapaz, que trabalha como limpador de vidros, saiu de Diadema, na Grande São Paulo, e se dirigia ao trabalho, em um prédio próximo ao Hospital das Clínicas.

Nesta terça a família não quis falar com a imprensa. Na segunda (11), recebeu o SPTV em casa. A mãe da David, Antonia Ferreira dos Santos, afirma que pedia que o filho fosse ao trabalho de ônibus. “Mas ele falava que ele queria ir de bicicleta porque ele adorava andar de bicicleta.” Ela pede justiça. “Que não deixe ele amanhã ou depois sair pela porta da frente da delegacia, né? Para que não aconteçam outras tragédias como essa né?”, afirmou.
Estudante
Na descrição da polícia, o motorista Alex Siwek  estava dentro de um Honda Fit ao lado de um amigo quando o acidente ocorreu, por volta das 5h30. O braço direito do ciclista foi amputado por estilhaços de vidro do pára-brisa e permaneceu preso ao veículo. O motorista fugiu do local, deixou o amigo em casa e depois foi à Avenida Doutor Ricardo Jafet, de onde lançou o braço em um córrego. Depois, voltou à própria casa, guardou o carro na garagem e dirigiu-se a pé à unidade policial para se entregar.

O advogado de Siwek, Pablo Naves Testone, afirma que Siwek não tem antecedentes criminais e que reúne os requisitos para responder ao processo em liberdade. Disse ainda que a família do rapaz está muito assustada com a repercussão do caso e que já sofreu ameaças.
"Acharam o número da residência fixa, e ligaram falando bobagens, como a mãe e o pai educaram o menino, falando que iam matá-los". A ligação foi atendida pela mãe de Alex, que, segundo o advogado, está tomando rémedios por conta dos últimos acontecimentos. "Todos estão comovidos, sabem que foi aterrorizante, e que o menino será julgado pelo que fez, mas algumas pessoas estão exagerando."
Cassio Paoletti, outro dos advogados de Alex, disse ao G1 por telefone que a defesa entrou com o pedido de liberdade provisória na segunda-feira (11) e que aguarda uma resposta do juiz. Ele, porém, não acredita que seu cliente será solto nesta terça-feira (12). "Tem toda uma tramitação burocrática, temos que aguardar." Paoletti revelou que Alex está chocado, chateado, e sendo tratado "como um preso normal".
G1

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