terça-feira, 16 de abril de 2013

Pedreiro diz ter desmaiado após desabamento no Arena Palestra


O pedreiro Crispiniano Santos, de 22 anos, ferido no desabamento que deixou um operário morto nesta segunda-feira (15) nas obras do estádio Arena Palestra, na Zona Oeste de São Paulo, afirmou nesta terça (16) que bateu a cabeça no momento do acidente e que, por isso, não se recorda do que aconteceu. "Deu um apagão. Na hora que desabou a peça, eu desacordei", disse em entrevista ao G1 por telefone.
De acordo com Santos, não houve "sinal de barulho algum" que indicasse que as vigas do estádio iriam ceder. "A gente [ele e Carlos] estava trabalhando e conversando, mas é difícil lembrar. Deu um vazio até uns cinco minutos antes de acontecer", comenta. Ele diz ter recuperado os sentidos pouco depois de ter sido resgatado, quando já estava há cerca de 300 metros do local do desabamento.
Funcionário das obras no Arena Palestra há 7 meses, Crispiniano Santos conta que o ambiente de trabalho no estádio era seguro. "Vou me recuperar e me avaliar, mas tenho que trabalhar. Estou muito assustado, mas preciso do trabalho".Segundo o delegado do 23° Distrito Policial, Marco Aurélio Batista, responsável pela investigação do caso, a queda de vigas que sustentariam os camarotes do novo estádio do Palmeiras provocou o desabamento. O corpo de Carlos de Jesus, de 38 anos, morto no acidente, será levado nesta terça para o povoado de Tapuio, que pertence à cidade de Araci (BA), onde será sepultado.
As obras no estádio devem ser retomadas na quarta-feira (15). Uma área de 4,8 mil metros quadrados, no entanto, segue interditada por tempo indeterminado, segundo o coronel Jair Paca de Lima, coordenador da Defesa Civil de São Paulo. A parte interditada, que vai do setor 20 ao 32, corresponde a 10% do total da obra.
Segundo a Defesa Civil, o prosseguimento das obras não colocará os funcionários em risco. “A laje é praticamente compartimentada. Qualquer algo de mais grave que venha a ocorrer nesse local que foi interditado, qualquer acidente, não viria a afetar as demais partes da obra”, afirmou Paca.
No momento do desabamento, as vítimas trabalhavam no nivelamento do piso de um dos quatro camarotes. O operário Cosme Vieira Dias, de 39 anos, estava na área que desabou e contou ter escapado por uma fração de segundo. “Ninguém esperava. A laje cedeu. Nasci de novo”, relata Cosme.
A testemunha, que foi ouvida pela Polícia Civil, era parente dos outros dois trabalhadores envolvidos no acidente: Carlos de Jesus, que morreu ainda no local, era primo de Cosme. Já o trabalhador que ficou levemente ferido, Crispiniano dos Santos, era cunhado.
Além do operário, um engenheiro e uma técnica de segurança do trabalho que atuavam na obra também foram ouvidos pelo delegado Marco Aurélio Batista, do 23º Distrito Policial, em Perdizes. Eles foram as primeiras testemunhas interrogadas no inquérito que investiga se houve negligência por parte das empresas responsáveis.
A partir desta terça-feira, serão ouvidos novos representantes da TLMix, terceirizada encarregada daquele trecho da obra, e da WTorre, a construtora responsável pelo empreendimento. A Polícia Civil espera ainda a lista de responsáveis pela parte da obra onde ocorreu o acidente.
O delegado Marco Aurélio Batista afirma que os camarotes eram aparentemente “sustentados por estruturas que ficam nas pontas, e ao que parece sofreram uma rotação e permitiram que a placa do piso do camarote deslizasse e desabasse”.
Uma das ferramentas que irá ajudar a investigação é o laudo técnico, que deve ficar pronto em até 30 dias. De acordo com o delegado, eventuais indiciados pelo crime podem responder por homicídio culposo, que pode chegar a até três anos de detenção.
G1
Estádio fica na Zona Oeste de São Paulo; obra era realizada desde 2010 (Foto: Diogo Moreira/Frame/Estadão Conteúdo)Estádio fica na Zona Oeste de São Paulo; obra era realizada desde 2010 (Foto: Diogo Moreira/Frame/Estadão Conteúdo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...