terça-feira, 14 de maio de 2013

Projeto desenvolvido por professores da UEPB vai replantar área desertificada na região do semiárido


A desertificação no território paraibano é algo sério e que avança de forma preocupante a cada dia. Especialistas alertam que se nada for feito e o estado atual de degradação ambiental continuar, é provável que em 100 anos o semiárido paraibano esteja totalmente árido. Isso significa que a vegetação paraibana corre sérios riscos de desaparecer de vez, o que seria catastrófico para a população.
De acordo com os dados repassados por ambientalistas, com base no relatório sobre mudanças climáticas, elaborado pelo Greenpeace, mais de 93% do território do estado da Paraíba está suscetível ao processo de desertificação. Isso significa que 1,66 milhão de pessoas – a metade da população paraibana – está sofrendo com os drásticos efeitos do processo devastador. Na Paraíba, 208 dos 223 municípios – 93,27% estão suscetíveis a desertificação – e o processo avança a cada dia.
Para que a interferência do homem não prejudique ainda mais o semiárido paraibano, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através dos professores doutores Hermes Alves de Almeida e João Damasceno, do Departamento de Geografia do Campus I, está desenvolvendo dois projetos de pesquisas relacionados à degradação ambiental e mudanças climáticas. Alguns alunos dos professores também estão envolvidos na experiência que vai estudar as causas e as consequências desses fenômenos intrigantes.
Foto 2 - Estação Meteorológica AutomáticaFinanciado pelo CNPq e UEPB/Propesq, através de edital, o projeto está em fase de execução e estuda o fenômeno da desertificação. Além disso, vai replantar áreas degradas pela ação do homem. Para isso, um moderno equipamento, chamado Estação Meteorológica Automática (EMA), foi instalado em um dos polos desertificados do Estado, na região do Seridó Ocidental.
O professor Hermes Almeida, coordenador dos projetos, explica que a ideia é aplicar novas geotecnologias e estabelecer a complexa relação solo-planta-atmosfera, que possibilitem estimar o potencial de captação da água da chuva e a capacidade de infiltração da água no solo.
A estação meteorológica automática (EMA) da Campbell Scientific, que custou R$ 17 mil e foi financiada pelo CNPq, está instalada no sítio Água Fria, em São José do Sabugi. A operacionalização da estação experimental é apenas uma parte do projeto. A outra etapa do experimento, como o diagnóstico climático da área estudada dos municípios que compõem o núcleo, já está sendo realizada desde o ano passado quando o projeto começou a ser executado.
A EMA é composta de uma unidade de memória central (Data logger- CR 1000 e painel solar), ligada a vários sensores meteorológicos para medidas da pressão atmosférica, temperatura do ar e umidade relativa, precipitação pluvial, irradiação solar global, direção e velocidade do vento (anemômetro sônico) e dados micrometeorológicos derivados, que integram os valores observados minuto a minuto, horário e diário, com coleta direta via computador ou transmissão modem celular.
Área devastada será recuperada
Foto 1 - Professor Hermes de Almeida e a EMAUma das metas do projeto é recuperar uma área com dez hectares, em processo de degradação ambiental, com o plantio de espécie arbóreo-arbustiva nativa na estação chuvosa. Assim, a área experimental que foi desmatada será replantada com espécies nativas, conforme frisou o professor Hermes. As mudas serão adquiridas no horto da UEPB e de outras instituições comprometidas com o meio ambiente. Antes de replantar a área, a equipe de professores e alunos da UEPB vai fazer um diagnóstico no local para saber quais as espécies que existiam na região devastada.
Professor Hermes observa que este projeto talvez seja um dos mais completos do tema desertificação, estudando as causas e efeitos desse fenômeno mediante a caracterização física (micrometeorológica) e ambiental de uma área experimental em processo de desertificação. “De forma geral, queremos estabelecer as condições ambientais de susceptibilidade das terras à desertificação dos municípios que compõem o referido núcleo de desertificação”, comentou.
Além da pesquisa, o projeto tem a parte de extensão universitária, mediante palestras e oficinas, nas escolas do município de São José do Sabugi e de outros seguimentos, transferindo as técnicas de educação e gestão ambiental de como conviver no semiárido sem degradar o ambiente.
O fenômeno da desertificação
A desertificação é a degradação de terras nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas, ou seja, a destruição da base de recursos naturais. É um processo lento que degrada a capacidade produtiva do solo. Ela é potencializada durante períodos prologados de seca, como vem ocorrendo nos últimos dois anos, com registros de mortes, pela falta de água, de espécimes resistentes à seca, como, por exemplo, a Jurema e o Marmeleiro.Desertificação
As queimadas, o manejo inadequado do solo e a retirada de madeiras são fatores que contribuem para o avanço da desertificação. Os graus de susceptibilidades das terras à desertificação são diretamente relacionados à aridez, ou seja, quanto mais seca uma área, mais susceptível ela é à desertificação. O critério climático é insuficiente para caracterizar a susceptibilidade à desertificação, pois o risco envolve outros fatores, especialmente os de ordem antrópico e a intensidade de uso dos recursos naturais.

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