segunda-feira, 1 de julho de 2013

No Recife, CBTU aumenta número de metrôs por conta da greve de ônibus

Por conta da greve dos rodoviários na Região Metropolitana do Recife, iniciada nesta segunda-feira (1º), a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) Recife vai acrescentar dois veículos em suas linhas nos horários de pico. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, apenas 30% da frota de ônibus irá circular, para respeitar a lei de greve. Segundo levantamento feita pela Urbana-PE, o sindicato dos patrões, no horário pico (5h30 às 9h) cerca de 56% da frota foi colocada nas ruas, ferindo a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que previa 80% da frota neste horário.
Na Linha Centro do metrô, a quantidade de trens vai aumentar de 14 para 16 entre as 6h e 8h30 da manhã e entre 17h e 19h30, horário que pode ser estendido de acordo com a demanda. Na Linha Sul, o número de trens vai passar de 6 para 8 no mesmo espaço de tempo.

As irmãs Juliana e Luana Câmara esperam ônibus na Avenida Norte (Foto: Lorena Aquino/G1)A categoria em greve, formada por cerca de 22 mil trabalhadores entre motoristas, cobradores e fiscais, está parada desde a meia-noite e não chegou a um acordo de reajuste salarial com os donos de empresas de ônibus. Os rodoviários querem um reajuste de 33,33%, enquanto o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) oferece 3%.

Cabo
No Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, o trânsito ficou complicado desde o início da manhã no sentido Cabo-Ipojuca – por conta de um ônibus que foi colocado para interromper o trânsito. Policiais rodoviários estaduais estão no local.

Recife
Filas longas no Terminal da Macaxeira (Foto: Lorena Aquino/G1)Na Avenida Norte, nas imediações do bairro do Rosarinho, Zona Norte do Recife, as paradas de ônibus não estavam muito cheias por volta das 8h. Os coletivos passavam com certa frequência, mas os usuários percebiam a diferença deste dia de greve para os outros dias, normais. As irmãs Juliana e Luana Câmara esperaram pelos seus respectivos ônibus em duas paradas diferentes. "Estávamos naquela, mais à frente, onde esperamos cerca de dez minutos. Resolvemos andar até essa aqui, onde estamos há mais dez minutos, mas pelo menos é na sombra", explicou a operadora de telemarketing Juliana. A irmã dela não estava muito otimista. "O ônibus que eu pego, a linha Alto José do Pinho, passa de meia em meia hora em dias normais. Hoje ele vai demorar muito ainda, se passar", afirmou Luana. Só havia elas duas aguardando no momento.


Em outro ponto, Elineilda Silva teve sorte de pegar o ônibus muito rápido. "Eu cheguei aqui agora e por sorte meu ônibus está vindo ali. Mas no caminho, encontrei um amigo que estava nesta parada há muito tempo e desistiu de ir para o trabalho. Ele pegaria o mesmo ônibus que eu", disse a recepcionista, rapidamente, e saiu para subir no transporte. No mesmo ponto, Gabriela Bernardino opinou sobre a greve. "Eles estão operando em 30% da frota, então ela é legal. Está me incomodando pouco", afirmou a auxiliar de faturamento. Ela e a colega de trabalo Raissa Alves afirmaram estarem atrasadas. "São 8 horas e eu cheguei aqui às 6h50. Normalmente a gente não espera muito porque sabemos que ele passa às 7h10 e às 7h35, mas hoje não passou nenhum dos dois", lamentou, e continou esperando pela linha CDU - Casa Amarela.

No terminal do Barro, , no Recife, rua é fechada (Foto: Kety Marinho/TV Globo)No terminal integrado da Macaxeira, também na Zona Norte, as filas eram longas e os ônibus demoravam. Os passageiros afirmavam que, apesar do tempo de espera e a frota reduzida, os veículos não estavam deixando de passar. "Por enquanto está dentro do tempo que eu normalmente espero", disse a auxiliar administrativa Diana de Fátima, que estava aguardando pelo Macaxeira-Parnamirim há cerca de 30 minutos. Nesta segunda, ela disse que saiu de casa preparada e não vai se atrasar. "Saí mais cedo, já sabendo da greve, para poder chegar na hora. Eles estão lutando pelos direitos deles, eu apoio. Se não for assim, eles não conseguem, infelizmente", afirmou.


No entanto, não é o que pensa o vigilante André Fernandes. Por volta das 9h da manhã, ele estava há uma hora esperando a linha Caetés - Macaxeira passar no T.I. da Macaxeira. "Eu larguei agora pela manhã, mas em dias normais eu já estaria em casa", relatou. Para ele, a paralisação não trouxe benefícios. "Discordo da greve, ela atrapalha todo mundo".

Michele Silva é atendente de telemarketing e disse que deveria estar no trabalho às 6h30, mas não conseguiu pegar nenhum ônibus. "Saí de casa às 6h e ainda não consegui chegar no trabalho. Pego ônibus lá em Sítio dos Pintos, mas vim pra cá porque lá não passava", explicou. No terminal, ela e a colega Bruna da Silva Campos se encontraram com outras trabalhadoras da mesma empresa, localizada no centro do Recife. "Por conta da greve, a empresa disponibilizou um ônibus especial partindo das integrações para levar os funcionários, já sabendo que não ia ter transporte", disse Bruna. Segundo ela, a dificuldade foi, na verdade, chegar até o terminal por causa do trânsito e da frota reduzida.

No Derby, filas e gente sentada nas calçadas (Foto: Lorena Aquino/G1)Derby
Já no bairro do Derby, área central da cidade, a situação estava mais complicada. Em um dos principais locais por onde os ônibus passam, o movimento era intenso e as pessoas esperavam sentadas na calçada da avenida. Winnie Bárbara avisou ao chefe que estava atrasada e, por volta das 9h40, aguardava uma resposta para saber se voltaria para casa ou tentaria chegar à empresa. "Se eu pudesse, estava junto com eles! Mesmo eu atrasada, por mim não tinha problema nenhum. Tem mais é que fazer mesmo e lutar pelos seus direitos", sorriu a jovem.

Indo para Candeias, a caseira Zuleide do Nascimento aguardava o ônibus em uma parada da Avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem. "Estou há quase duas horas aqui e não passa o ônibus que eu preciso. Nem para ir até o meio do caminho", reclama Zuleide. Na Avenida Conselheiro Aguiar, as paradas geralmente cheias pela manhã estavam vazias. A cuidadora de idosos Maria das Dores Nunes conta que viu movimento de ônibus. "Não está normal, mas está passando. Já avisaram que o PE-15 não está passando, então vou pegar qualquer um para ir para casa", afirma.Evandro Ferreira também se mostrou favorável à greve, apesar de estar fora de casa desde as 5h da manhã e, às 9h30, ainda esperar transporte. O trabalho começa às 7h. "Agora, a empresa em que trabalho mandou um táxi vir me buscar. Estou aqui desde as 7h30 da manhã", disse. Ele e o colega são operadores de máquinas em uma companhia localizada em Brasilit e disseram que, em dias normais, esperam pouco mais de 15 minutos no Derby. "A greve nos atrapalha, claro, mas nem tudo o que é bom para nós é bom para os outros. Eu concordo com eles, o salário é pouco para uma profissão tão arriscada", disse.

Boa Viagem
As paradas vazias da Zona Sul do Recife, na manhã desta segunda-feira (1º), davam a impressão de que a greve não atingira a região, mas as poucas pessoas que aguardavam os coletivos contaram que a demora estava grande, especialmente em algumas linhas, como as dos terminais para Afogados.

Na Avenida Mascarenha de Morais, a cena de paradas quase sem movimento se repete. A maior dificuldade encontrada pelos passeiros são os ônibus para Afogados. "Eu vim de lá, consegui carona até metade do caminho até o trabalho. Fiquei quase uma hora no ponto e não passava o ônibus, então resolvi voltar, mas ainda está demorando", conta o auxiliar financeiro Rodrigo Almeida. A vendedora Manoela de França precisa pegar dois ônibus para chegar ao trabalho, em Casa Forte, na Zona Norte, mas o primeiro já estava sendo difícil. "Está complicadíssimo conseguir, mas os patrões têm que entender", explica Manoela.
Já para a recepcionista Andrea Marinho, a situação parecia mais tranquila que o normal. Saindo de Marcos Freire, em Jaboatão dos Guararapes, ela se surpreendeu de conseguir vir sentada no ônibus até o terminal do Aeroporto. "Está muito mais tranquilo, queria que fosse assim sempre. Cheguei, o ônibus já estava na parada, o metrô estava vazio e a fila aqui no terminal pequena", elogia Andrea.
Filas se formaram no Terminal Integrado do Aeroporto (Foto: Katherine Coutinho/G1)
A babá Rosinete Jorge, que mora em Camaragibe, teve de andar quase meia hora, pois devido à greve não passa ônibus onde mora. "Demorou um pouco, mas passou. Os motoristas e cobradores estão certos, se não fizerem isso, não tem aumento", acredita a babá. "Eu vim sentada no metrô, sempre vou e volto a pé. Está muito mais tranquilo", pontua a empregada doméstica Sueli Pereira.
No Terminal Integrado Tancredo Neves, a auxiliar de documentação Poliana Silva afirma que a calma é só aparência. "Não está nada tranquilo, os ônibus estão demorando. Só não está tudo cheio por que muita gente deve ter ficado em casa", acredita Poliana. A técnica em segurança do trabalho Solange Santos explica que para vir do Cabo de Santo Agostinho pegou o coletivo mais cheio que o normal. "Levei uma hora e meia para conseguir pegar e, depois, os motoristas ainda vem super devagar", conta Solange.
O Grande Recife Consórcio de Transporte conta atualmente com três mil veículos integrando a frota, distribuídos em 385 linhas e 18 empresas operadoras de ônibus. São feitas, em média, 26 mil viagens por dia, transportando dois milhões de passageiros. O sistema conta também com 17 terminais integrados de passageiros.

Jaboatão
Moradores de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, enfrentam dificuldades para conseguir pegar ônibus em direção à capital na manhã desta segunda-feira (1º), devido à greve. Com paradas lotadas e espera prolongada, algumas pessoas chegam a desistir. Para aqueles que precisam ir para lugares próximos, onde os micro-ônibus circulam, a espera não é tão grande, mas ainda encontram os pequenos coletivos lotados.

A estudante Janaína Santos precisa de dois ônibus para chegar até o estágio, no bairro do Espinheiro. Os micro-ônibus, que passam com frequência, não resolviam o problema da estudante, que estava tranquila. "Já é normal demorar, a gente sabe disso, mas eu entendo", acredita Janaína. Quando o coletivo chegou, estava completamente lotado, quase não cabiam mais passageiros.Nos pontos de ônibus no bairro de Candeias, a maior dificuldade eram coletivos que fossem até o Centro do Recife. A enfermeira Helena Luiza chegou às 6h ao ponto para seguir até o Hospital da Restauração, no Derby, região central do Recife, e levou quase 40 minutos para conseguir um ônibus que fosse até o local. "É um direito dos motoristas fazerem greve, mas fico preocupada com as pessoas que não teêm outra opção para ir ao trabalho", explica a enfermeira.
A segurança Cícera Andrade tinha médico marcado no bairro de Boa Viagem, no Recife, às 7h. Depois de 40 minutos de espera, resolveu voltar para casa com as filhas. "Só passa integração e eu vou para a [Avenida] Domingos Ferreira, não resolve. Ia pegar um ônibus para Piedade, mas me avisaram que lá também está sem", conta a segurança, que se mostra compreensiva. "Se for para melhorar as condições de transporte, eu apoio. A gente vai pendurado nos ônibus, é uma dificuldade grande", aponta Cícera.
No bairro de Prazeres, a situação não é muito diferente. Por volta das 7h, o mecânico Rinaldo Barbosa já estava há mais de uma hora esperando a linha Cajueiro Seco para poder ir trabalhar. "O patrão não quer saber de greve. Eu não entendo esses motoristas, tem que ter outro jeito, que não atrapalhe a vida do cidadão", reclama Barbosa. Esperando o mesmo ônibus, a estudante Josefina Santos também não compreendia. "Por que eles não abrem as portas e deixam todo mundo entrar? Não ia atrapalhar o cidadão, só o patrão", defende Josefina.
Esperando no mesmo ponto há quase 40 minutos pelo ônibus para Boa Viagem, o mecânico montador Lenildo Félix acredita que cada um tem que dar um jeito em sua situação. "Se não passar o meu ônibus, vou voltar para casa", explica Félix. O patrão da cozinheira Elenilda da Silva se compadeceu. "Eu estava desde 5h30 esperando ônibus, uma hora e meia, mas meu chefe vem me buscar", conta a cozinheira.

O Grande Recife Consórcio de Transporte conta atualmente com três mil veículos integrando a frota, distribuídos em 385 linhas e 18 empresas operadoras de ônibus. São feitas, em média, 26 mil viagens por dia, transportando dois milhões de passageiros. O sistema conta também com 17 terminais integrados de passageiros.

G1

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