sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Aos 40, Festival de Cinema de Gramado busca nova identidade


Renovação. A isso se propõe a 40ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que começa nesta sexta-feira (10) na serra gaúcha e segue até o dia 18. A edição 2012, que celebrará as quatro décadas de festival, pretende recuperar o terreno perdido daquele que já foi o maior evento do gênero no país, mas que no novo milênio perdeu terreno para outros festivais e se viu esvaziado de relevância e, principalmente, de público.

A edição do ano passado, como em anos anteriores, não conseguiu atrair para dentro do Palácio dos Festivais o público que lota as ruas de Gramado na semana do evento. A maioria das projeções ficou quase entregue às moscas, enquanto centenas de pessoas se aglomeravam nos bares e restaurantes lá fora ou nas grades que separam os mortais das celebridades no tapete vermelho. 



Curadores Festival de Gramado (Foto: Divulgação)
Para encurtar essa distância, o Festival de Gramado mudou quase tudo: da organização à curadoria. Envolvida em problemas financeiros e denúncia de desvio de verbas do Natal Luz, a Associação de Cultura e Turismo de Gramado (ACTG), que organizava também o festival, deu lugar a um novo conselho gestor — coordenada pela secretária de Turismo, Rosa Helena Volk —, que fiscalizará as contas e os contratos. O planejamento passou para as mãos de uma produtora.
A tarefa de selecionar os filmes ficou com o trio formado pelo crítico Rubens Ewald Filho, o ator José Wilker e o jornalista Marcos Santuário, que assume o lugar anteriormente ocupado pelo crítico de cinema José Carlos Avellar e pelo cineasta Sergio Sanz. A troca de curadoria significou uma mudança no perfil dos títulos escolhidos: saem de cena os filmes mais autorais, que predominaram a partir de 2006, e entram os de apelo comercial. "Foi uma seleção digna e muito representativa, que procura oferecer um panorama do que realmente é o cinema produzido no Brasil", diz Rubens.
No entanto, a mais significativa mudança para o público será sentida no bolso. O preço dos ingressos para assistir aos filmes da programação, que no ano passado iam de R$ 60 a R$ 120, despencou para R$ 20 e R$ 10 (meia entrada). Para a noite de premiação, o bilhete custa R$ 100, sem desconto. “Optamos por ingressos mais acessíveis, como forma de estimular formação de plateia”, justifica Volk.




O Som Ao Redor (Foto: Divulgação)
Em termos de cinema propriamente dito, a seleção de filmes e os eventos paralelos também são promissores. A começar pela sessão de abertura do festival, que marca a primeira exibição no Brasil de “360”, o novo filme de Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”, “Ensaio Sobre a Cegueira”). Outros dois grandes cineastas, o brasileiro Arnaldo Jabor (“Toda Nudez Será Castigada”) e o argentino Juan José Campanella (“O Segredo dos Seus Olhos”) confirmaram presença para as homenagens que receberão.


Na mostra competitiva, há diversidade de gêneros e temas. Entre os brasileiros, estão o road movie “Colegas”, de Marcelo Galvão, protagonizado por atores com síndrome de Down, e o aguardado thriller “O Som ao Redor”, do pernambucano Kléber Mendonça Filho. Dois cineastas que receberam elogios por seus filmes de estreia, Matheus Souza e Rubens Rewald, vão apresentar suas novas obras, ambas comédias: “Eu Não Faço a Menor Ideia do que Eu Tô Fazendo com a Minha Vida” e “Super Nada”, respectivamente. A cota gaúcha ficou com a comédia juvenil “Insônia”, de Beto Souza, estrelada por Luana Piovani. Completam a seleção dois documentários: "Jorge Mautner: O Filho do Holocausto" (de Pedro Bial e Heitor D'Alincourt) e "Futuro do Pretérito: Tropicalismo Now!" (de Ninho Moraes e Francisco César Filho).

Dar uma nova identidade ao Festival de Gramado, porém, será um desafio maior com menos recursos financeiros à disposição. Em 2011, as contas fecharam com uma dívida de aproximadamente R$ 3 milhões. Do orçamento previsto de R$ 4 milhões para esse ano, só foram captados R$ 2,5 milhões. Isso levou a organização a cancelar, de última hora, a anunciada premiação de R$ 350 mil aos filmes vencedores. Mas pelo menos o momento é oportuno para uma mudança de rota. Quarentão, o festival quer mostrar que continua forte.
Já na competição latino-americana, que muitas vezes foi responsável pela salvação do festival, a expectativa gira em torno de “Artigas”, do “brasiguaio” Cesar Charlone. O realizador, nascido no Uruguai e radicado no Brasil, é parceiro de longa data de Fernando Meirelles, assinando a fotografia de três de seus filmes: “Cidade de Deus", "O Jardineiro Fiel" e "Ensaio Sobre a Cegueira". Sua estreia na direção, “O Banheiro do Papa” fez sucesso em Porto Alegre e em outras cidades em 2008, mesmo fora do circuito dos shoppings. 


Programação
Sexta-feira, dia 10
17h – Cerimônia de Abertura, na Rua Coberta
19h – Filme de Abertura: 360, de Fernando Meirelles
21h30 – Entrega do Troféu Cidade de Gramado: Eva Wilma
Mostra Competitiva: Eu Não Faço a Menor Ideia Do Que Eu Tô Fazendo da Minha Vida, de Matheus Souza

Sábado, dia 11
10h – Reprise: Eu Não Faço a Menor Ideia Do Que Eu Tô Fazendo da Minha Vida
14h30 – Mostra Gaúcha de Cinema
19h – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: Linear, de Amir Admoni
Mostra Competitiva Longas Estrangeiros: Artigas, la Redota, de Cesar Charlone
21h50 – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: A Triste História de Kid Punhetinha, Andradina Azevedo e Dida Andrade
Mostra Competitiva Longas Nacionais: Super Nada, de Rubem Rewald

Domingo, dia 12
10h – Reprise: Artigas, la Redota, de Cesar Charlone, e Super Nada, de Rubem Rewald
14h30 – Mostra Gaúcha de Cinema
19h – Mostra Competitiva de Curtas Nacionais:
Dicionário, de Ricardo Weschenfelder
Diário do não ver, de Cristina Maure e Joana Oliveira
Mostra Competitiva de Longas Nacionais: Futuro do Pretérito: Tropicalismo Now, de Ninho Moraes e Francisco Cesar Filho
21h30 – Cerimônia de Premiação: Mostra Gaúcha de Cinema

Segunda-feira, dia 13
10h – Reprise: Futuro do pretérito: Tropicalismo Now
16h – Mostra Especial Cinema Gaúcho: Contos Gauchescos, de Henrique de Freitas Lima
19h – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: Meta, de Rafael Baliu
Mostra Competitiva Longas Estrangeiros: Diez Veces Venceremos, de Cristian Jure
21h30 – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: Casa Afogada, de Gilson Vargas
Mostra Competitiva Longas Nacionais: Colegas, de Marcelo Galvão

Terça-feira, dia 14
10h – Reprise: Diez Veces Venceremos
14h – Mostra Especial Cinema Gaúcho: Dalua Downhill, de Rodrigo Pesavento, Fernanda Krumel e Tiago de Castro
16h – Mostra Especial Cinema Gaúcho: Espia Só, de Saturnino Rocha
19h – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: Di Melo, o Imorrível, de Alan Oliveira
Mostra Competitiva Longas Estrangeiros: Leontina, de Boris Peters
21h30 – Homenagem: entrega do Kikito de Cristal para Juan Jose Campanella
Mostra Competitiva Curtas Nacionais: Menino do Cinco, Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira.
Mostra Competitiva Longas Nacionais: Insônia, de Beto Souza

Quarta-feira, dia 15
10h – Reprise: Leontina, de Boris Peters, e Insônia, de Beto Souza
15h – Mostra Especial Cinema Gaúcho: Referendo, de Jaime Lerner
19h – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida
Mostra Competitiva Longas Estrangeiros: Vinci, de Eduardo Del Llano
21h30 – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: Funeral à Cigana, Fernando Honesko
Mostra Competitiva Longas Nacionais: O Que Se Move, Caetano Gotardo

Quinta-feira, dia 16
10h – Reprise: Vinci, de Eduardo Del Llano, e O Que Se Move, Caetano Gotardo
15h – Mostra Especial Cinema Gaúcho: Xico Stockinger, de Frederico Mendina
19h – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: Piove, Il Film Di Pio, de Thiago Mendonça
Mostra Competitiva Longas Estrangeiros: Calafate, Zoológicos Humanos, de Hans Mülchi Bremer
21h30 – Entrega do troféu Oscarito para Betty Faria
Mostra Competitiva Curtas Nacionais – #, de André Farkas
Mostra Competitiva Longas Nacionais – O Som Ao Redor, de Kleber Mendonça Filho

Sexta-feira, dia 17
10h – Reprise: Calafate, Zoológicos Humanos, de Hans Mülchi Bremer, e O Som ao redor, de Kleber Mendonça Filho
15h – Mostra Especial Cinema Gaúcho: A Casa Elétrica, de Gustavo Fogaça
19h – Mostra Competitiva Curtas Nacionais: O Duplo, de Juliana Rojas
Apresentação Especial: Toda Nudez Será Castigada, de Arnaldo Jabor
21h30 – Entrega do troféu Eduardo Abelin para Arnaldo Jabor
Mostra Competitiva Curtas Nacionais: Um Diálogo de Ballet, de Filipe Matzembacher
Mostra Competitiva Longas Nacionais: Jorge Mautner, o Filho do Holocausto, de Pedro Bial e Heitor D’alincourt

Sábado, dia 18
21h – Cerimônia de Premiação
G1

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