sábado, 19 de janeiro de 2013

Sem planejamento, famílias optam por parcelar contas de início de ano


Cesar Stati confessa que contas do fim do ano acumularam com as tradicionais despesas de janeiro (Foto: Arquivo pessoal)Cesar Stati confessa que contas do fim do ano
acumularam com as tradicionais despesas de janeiro
(Foto: Arquivo pessoal)
Passada a descontração das festas de fim de ano, é hora de voltar à realidade e encarar as tradicionais contas de IPVA, IPTU e gastos com matrícula, uniforme e material escolar. Janeiro é o mês onde pais e mães têm que desembolsar valores consideráveis para honrar esses compromissos.    

O designer gráfico Cesar Ricardo Stati, de 41 anos, tem um filho de quatro anos. Ele conta que, com uma renda de aproximadamente R$ 4 mil, essas despesas pesam consideravelmente, em especial as escolares. A alternativa, então, é pesquisar e ficar de olho nos preços cobrados pelas papelarias. “A gente faz muita pesquisa. Eu e a minha esposa pegamos a lista e vamos ver os preços na região da escola”, contou.  Sem contar os livros escolares, que ainda serão pagos.

Mesmo atento aos preços e procurando pagar menos, neste ano a conta do material escolar terá que ser parcelada. Afinal, ainda há gastos como o uniforme. Apesar das crianças crescerem rápido, Cesar diz que dá para aproveitar algo do ano anterior. “O uniforme tem que ver o que pode aproveitar, mas sempre tem que comprar um novo uniforme. Sempre tem que ser mais do que uma camiseta porque suja”, lembrou.
Ao se somar as despesas escolares com as do IPVA e o IPTU, o orçamento fica apertado já que esses gastos ultrapassam 1/3 da renda da família. Assim como muitos pais, Cesar não se programou e ainda possui contas do ano passado. “Acaba ficando para pagar em janeiro, acumulou. É muito gasto e meu filho também faz aniversário em janeiro. Comprei um boneco para ele”. Em uma espécie de promessa de início de ano, Cesar falou que no ano que vem pretende economizar e se programar para esses gastos. “Quem sabe usar o 13º salário”, considerou.
Paulo Bueno Ribeiro é casado e tem dois filho. Ele conta que como autônomo é difícil se programar financeiramente (Foto: Arquivo pessoal)
No caso do arquiteto Paulo Bueno Ribeiro, de 35 anos, existe um complicador. Ele e a esposa, que também é arquiteta, são autônomos. Juntos, ganham em média R$ 10 mil. Segundo ele, ter a renda variável torna ainda mais difícil se programar para essas despesas.

“A gente até tenta, somos organizados em relação a isso. Esse ano [2012] a gente trabalhou bastante, mas chegou no final do ano e não teve muito o que guardar. Só com as contas do final do ano, já era”, disse Paulo.

Paulo e a esposa costumam controlar as finanças por meio de planilha, têm total controle dos gastos e avaliaram que não vai compensar pagar à vista o IPVA dos doiscarros e os dois IPTU - o da casa e do escritório - para aproveitar os descontos de 5% e 6%, respectivamente. "Não compensa e eu nem teria o dinheiro".
Paulo tem dois filhos, sendo que um está entrando na escolinha neste ano. Então, uma despesa a mais: a matrícula do caçula. De acordo com o arquiteto, os gastos com educação são os que mais pesam. “E mesmo nas férias, você continua pagando... Tem a taxa de material escolar”, lembrou.  

Ele acredita que o trabalhador paga muito imposto no Brasil. Ele contou que logo que se formou abriu uma empreiteira e que, ao analisar cuidadosamente as finanças, percebeu que o governo ganhava mais com os impostos do que ele trabalhando. Isso, afirmou Paulo, fez com que ele desistisse do negócio. Para o arquiteto, a classe média é sempre a prejudicada. Ele diz que as famílias com menor renda têm mais benefícios por parte do poder público, como facilidades para comprar e financiar. “Eu considero correto. Mas para a classe média nunca tem incentivo, é uma classe deixada de lado por poder público’, avaliou. 

O arquiteto relatou que está satisfeito com o padrão de vida, mas confessou que está difícil mantê-lo. Paulo lembrou que, como não possuem carteira de trabalho assinada, ele e a esposa pagam previdência privada. Mas o valor do depósito vem caindo. “A gente começou pagando X, agora é X menos dois”, disse.

Especialista sugere pré-analise antes de decidir pelo pagamento à vista
O economista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Marcelo Curado explica que o desconto no pagamento à vista é sempre válido. Contudo, cada um deve fazer uma análise das próprias financeiras para verificar o quanto será compensatório.

“A pessoa vai verificar se o desconto é maior ou menor do que o rendimento do dinheiro em uma aplicação durante o período de parcelamento”, afirmou Curado. Segundo ele, como o IPVA pode ser dividido em até cinco parcelas, o desconto de 5% é valido porque nas aplicações mais populares, como Tesouro Nacional e poupança, o rendimento será menor do que o desconto.

O ideal, destacou Curado, é se planejar. Ele lembrar que os gastos com IPVA, IPTU, e material escolar são sabidos e previsíveis, por isso, é recomendado que desde o início do ano a família economize, no mínimo, 10% da renda. Além disso, as pessoas têm que se conscientizar de que uma parte do 13º salário deve ser alocada para estas dívidas. “A gente não pode olhar o 13º como algo para gasto de lazer, viagens. Também é para isso, mas não só para isso”, enfatizou.Já no caso do IPTU, que é dividido em 10 vezes, é preciso avaliar melhor. “Vale a pena, mas não é nada que de fato vai mudar o orçamento da família. As pessoas têm que observar se não vão se apertar demais no inicio do ano, para um desconto que não é tão significativo”, ressaltou o economista.

Ele diz que o valor do desconto ficará muito próximo ao rendimento (caso o dinheiro esteja nestas aplicações mais populares) e, portanto, nem sempre um esforço, que vai refletir na qualidade de vida da família, será tão compensatório do ponto de vista financeiro. Se o desconto fosse superior a 10%, certamente, o  pagamento à vista seria mais vantajoso, acrescentou o economista.


O economista deu outras dicas, como evitar entrar no rotativo do cartão de crédito e no cheque especial para manter sempre o orçamento equilibrado.  “A gente recomenda, mas a gente sabe que a pessoas não conseguem”, lamentou.

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G1

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