terça-feira, 12 de março de 2013

Policial civil se defende de suposto envolvimento no caso Eliza Samudio


Gilson Costa (Foto: Reprodução / TV Globo / Fantástico)Gilson Costa nega envolvimento no caso Eliza
(Foto: Reprodução / TV Globo / Fantástico)
O policial civil Gilson Costa, que, segundo o Ministério Público (MP), é suspeito de envolvimento na morte de Eliza Samudio, disse ao G1 que vai provar sua inocência. Nesta sexta-feira (8), Bruno Fernandes foi condenado pelo júri popular a 22 anos e três meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida.

Em novembro do ano passado, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno, também foram condenadospor participação nas ações que resultaram na morte da ex-amante do jogador. Macarrão pegou 15 anos de prisão - pena mínima por homicídio qualificado em razão de sua confissão -, e Fernanda, cinco anos.

Novas investigações do caso Eliza Samudio, sugeridas pela Promotoria em Contagem, Minas Gerais, mostraram a suposta participação de Costa  e de José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, policial aposentado, na morte de Eliza.

Segundo documentos sobre a quebra de sigilos telefônicos, houve “intensa” troca de ligações entre Macarrão e o então policial Zezé – nos dias que antecederam a morte de Eliza Samudio. Ainda foram registradas ligações entre Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e o policial Gilson Costa em “datas de destaque para a investigação”.

Costa disse ao G1 que não acompanhou o julgamento de Bruno e de Dayanne, mas soube por amigos que estiveram no plenário do Fórum de Contagem durante o júri que seu nome havia sido mencionado. “Tenho mais de 40 testemunhas que mostram que não tenho participação neste caso. Tenho relatórios de trabalho que mostram onde eu estava quando isso ocorreu. Tenho uma infinidade de documentos, relatório da Infraero sobre deslocamento de aeronaves que usei, diárias de hotéis, abastecimento de combustível e até o registro da viatura em que estava quando ela [Eliza] foi morta.”

Perseguição
Ainda sobre a investigação de que estaria envolvido na morte da Eliza, ele disse que está sendo injustiçado e “vítima de perseguição”. “Meu nome foi colocado junto a esse pessoal aí sem ter conhecimento do que acontecia. Eu estava em Ituiutaba e Campinópolis [no Triângulo Mineiro]. Eu estava fazendo uma investigação de sequestro, fiquei lá por cerca de 75 dias. Neste período, se eu estive em Belo Horizonte quatro vezes, foi muito”.


“Com relação aos telefonemas para o Bola, eu tenho uma propriedade ao lado de onde ele tinha uma arrendada e onde eram realizados alguns cursos de segurança. Eu tinha um lote e uma casinha. Se olhar para minha conta telefônica, vão ver que eu tinha contatos contínuos com o Bola bem antes de tudo que aconteceu. Vão ver que eu não estava em Belo Horizonte, eu estava longe. Eu sou um policial da ativa, que trabalho na investigação de sequestros, tenho família e preciso preservar a minha segurança”, disse Costa.

Ele informou que Bola lhe ajudava na manutenção do espaço vizinho e que não foi informado sobre estar sob investigação. “Não fui comunicado oficialmente sobre qualquer investigação, nem mesmo para apresentar minha defesa. Mas não vou me esquivar de nada. Caso me chamem, terei toda a intenção de mostrar a vasta documentação que tenho”.

Relação com Bruno
“Eu não conheço o Bruno. Conheço pela mídia, como jogador de futebol. Nunca tive relacionamento com ele, sequer um telefonema. Para Macarrão também. A única pessoa com quem falava ao telefone era o Zezé, que era policial civil. Como policial há 22 anos, era normal que tivesse contato com outros policiais. Conheço 90% dos policiais que atuam em Belo Horizonte. Conhecer o Zezé, eu conhecia”, disse Costa.

Sobre sua relação com Bola, ele disse que conhecia todos os parentes do ex-policial e afirmou estar surpreso com o amigo estar como réu no crime. “O Bola, eu conheço a família dele há mais tempo. Diante dos cursos que eu fazia, ele atuava como staff, ele era um ajudante que fazia a manutenção. Fiquei muito surpreso com essa informação da participação dele na morte de Eliza. Tenho minhas dúvidas da participação, de que Marcos Aparecido tenha participado disso”.

Sigilo telefônico
Segundo a Promotoria, entre o início do sequestro de Eliza e o dia das prisões dos suspeitos, Gilson e Bola trocaram ao menos 50 ligações. Ele e o ex-policial foram acusados pela morte de dois homens em 2008, em Esmeraldas. Costa nega participação nestes crimes.

Os nomes de Zezé e Gilson já haviam sido identificados no início das investigações do caso Eliza Samudio, mas só agora eles estão sendo formalmente ligados ao crime. De acordo com o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, isso ocorreu devido à complexidade do caso. “Isso decorre do amadurecimento, mesmo do olhar que se lança sobre um caso tão complexo”, disse.
Cronologia Caso Eliza 2013 (Foto: Editoria de Arte/G1)
A advogada de Costa, Rita Virgínia Andrade, afirma que o cliente não tem envolvimento com a morte de Eliza Samudio e que a defesa dele será feita em momento oportuno. “Ele tem família, está abalado. Ele não tem relação alguma com a morte de Eliza Samudio”, afirmou.

O delegado Edson Moreira, que investigou a morte de Eliza, e hoje é vereador, disse não entender o motivo de o nome de Gilson Costa ter aparecido na nova investigação feita pelo MP. “Aí eu fui pego de surpresa”.

Zezé
A promotoria afirma que vai denunciar o policial aposentado Zezé nesta semana. “Só não o fiz porque estava no plenário, no julgamento de Bruno e de Dayanne. O Ministério Público tem convicção da participação do Zezé. Ele pode ser responsabilizado pelo homicídio, pelo sequestro de Eliza e de sua criança e também pela ocultação do cadáver da moça”, afirmou o Henry Wagner.

A hipótese de um encontro em um motel em Contagem, surgiu após análise das antenas das quais as ligações entre Zezé e Macarrão se originavam. De acordo com o MP, entre o segundo dia do sequestro de Eliza e a noite do crime, houve 39 ligações.

Em determinado momento, os telefonemas são feitos com os homens a mais de 20 quilômetros de distância um do outro: Macarrão estaria no motel e Zezé na casa dele. Uma hora depois, os telefones usam a mesma antena, ou seja, estavam na mesma região.

"As antenas são claras, eles se conheciam. Eles se encontraram", afirmou o promotor.
O depoimento de uma funcionária do motel reforça a suspeita. Segundo ela, um homem moreno estacionou no pátio e subiu à suíte onde estariam Macarrão, Jorge Luiz Lisboa (primo do goleiro Bruno e adolescente na época do crime), Eliza e o filho dela. No depoimento, a mulher afirma que o homem ficou cerca de 40 minutos no local.

Jorge Luiz Lisboa Rosa revelou que, enquanto Eliza e o filho eram mantidos sequestrados no motel em Contagem, Macarrão recebeu um telefonema. O fato teria acontecido cinco dias antes da morte da ex-amante de Bruno. Zezé é quem teria telefonado a Macarrão, segundo as investigações.

“O telefone dele tocou e, aí, ele pegou e falou assim: ô, Jorge, fique aqui que eu vou ter que sair rapidinho. Eu falei ‘normal’. Saiu, e eu peguei e fiquei. Foi uma coisa de meia hora, ele ficou lá para o lado de fora”, disse o primo de Bruno.

José Lauriano foi procurado pela reportagem do G1 na casa onde mora e por telefone, mas ele não foi encontrado.

G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...