terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Bombeiros acham carteira de desaparecido em desabamento

Documento foi encontrado nos escombros (Foto: Tatiana Santiago/ G1)
Os bombeiros encontraram nos escombros a carteira, documentos e um número de telefone do vigia e ajudante de pedreiro Edenilson Jesus Santos, de 23 anos, que está desaparecido desde o desabamento de um prédio em Guarulhos, na Grande São Paulo, na noite desta segunda-feira (2). Até as 16h desta terça-feira (3), ele não havia sido localizado.

"Acabamos de retirar do entulho a carteira com a identidade e o número do telefone. Já ligamos e deu caixa postal. O trabalho agora vai se basear tecnicamente nos cães, que vão dar suporte para a gente, delimitando locais onde a gente pode atuar", afirmou o capitão Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros.

O capitão falou da dificuldade em encontrar a vítima com vida. "São nove pavimentos (cinco andares, térreo, mezanino e dois subsolos), e a vítima que estamos procurando está no segundo subsolo. A gente verifica que é uma situação bem difícil. Se a gente encontrá-lo com vida, com certeza ele vai ter muitas histórias para contar".
O pedreiro Gildásio Santos, tio de Edenilson, disse ter certeza de que o jovem está sob os escombros. "Ele trabalhava e morava aqui [obra], só ia pra casa da irmã dele no fim de semana". Segundo o tio, a família está tentando falar com o vigia desde o acidente, mas não consegue. "A esperança da família é que ele seja encontrado com vida. Estou torcendo para essa história ter um final feliz".
Irmão do vigia, Edvaldo Jesus Santos, que também trabalha na obra há 7 meses, disse que via rachaduras na estrutura do prédio. "A gente fazia um dia, e no outro dia ela estava de volta". Edvaldo também relatou a falta de equipamentos de segurança durante a construção.
O advogado da construtora responsável pelo edifício disse que essa hipótese é improvável. “Sem equipamento de segurança é impossível. Obra deste tamanho sem fiscalização não existe”, afirmou Maurício Monteagudo, que defende a empresa Salema Comércio, Construção e Projetos Ltda.
As buscas continuaram durante toda a noite de segunda-feira. Equipes com cães farejadores foram à Avenida Presidente Humberto Castelo Branco, altura do número 1.900.
Cães ajudam bombeiros nas buscas (Foto: Tatiana Santiago/ G1)
Nesta manhã, o capitão Carlos Roberto Rodrigues, do Corpo de Bombeiros, informou que os cães sinalizaram uma possível localização da vítima, em um ponto a 5 metros de distância da rua e cerca de 7 metros abaixo do térreo.
"Estamos trabalhando com todo o cuidado para tentar chegar próximo a esse local sinalizado pelos cães. Estamos falando de um desabamento em camadas. Mas, no segundo subsolo, onde havia a maior probabilidade de estar o operário, existem espaços vitais isolados, onde há uma maior probabilidade de nós o acharmos", disse Rodrigues.
O ponto apontado pelos cães é uma área no segundo subsolo, a cerca de 10 metros de distância de um chuveiro encontrado aberto. De acordo com o capitão, a estrutura dos escombros foi alterada com uma movimentação de lajes, o que torna o local muito instável e de alto risco para o trabalho dos bombeiros.
Mapa desabamento Guarulhos (Foto: Arte/G1)
Interdições
Moradores de uma casa ao lado da construção, e que também foi atingida pelos escombros, foram retirados em segurança. Oito casas da rua debaixo foram esvaziadas por precaução, de acordo com a Defesa Civil. Os moradores foram encaminhados para residências de parentes ou abrigos. Às 7h desta terça, três residências já haviam sido liberadas.

Mais de 20 equipes dos Bombeiros deGuarulhos, Suzano e Mogi das Cruzes foram enviadas ao endereço.
O prédio que estava sendo construído na avenida, que fica paralela à Rodovia Presidente Dutra, era comercial, segundo a Prefeitura de Guarulhos.
Dificuldades
O capitão Cafer, do Centro de Operações do Corpo de Bombeiros, disse à GloboNews que a principal preocupação é com a segurança das equipes de resgate. "A preocupação é se há mais galerias para baixo. Os bombeiros vão trabalhar na área colapsada e não há informações do que há abaixo deles", afirmou.

Foi pedido que helicópteros não se aproximem muito da área, para facilitar na localização de possíveis vítimas. O Corpo de Bombeiros solicitou um reforço de iluminação para que as equipes possam trabalhar.

Quando o acidente aconteceu, ele já estava em casa. Souza contou que a obra estava no quinto e último pavimento. "Ia bater mais uma laje e fazer a caixa d'água", concluiu.O operário Francisco Antônio Barbosa de Souza, de 23 anos, disse que "muita gente" trabalha na obra, mas a maioria havia ido embora às 18h, após o fim do expediente. "Alguns dormiam aí. Uma faixa de uns seis, mas hoje não estavam todos. Só havia uns dois", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção de Guarulhos e Arujá, Edmílson Girão da Silva, afirmou que, aparentemente, a obra estava em situação regular, mas ressaltou que a qualidade do material que vinha sendo utilizada na construção precisa ser analisada.
Alvará de construção
Por meio de nota, a prefeitura de Guarulhos informou que o "alvará de construção foi emitido em 23 de novembro de 2012 para erguer um condomínio residencial de 30 apartamentos e 2 salões comerciais, totalizando 3.706 metros quadrados". No dia 14 de maio, a empresa Salema Comércio, Construção e Projetos Ltda., responsável pela obra, entrou com um pedido de substituição do projeto, acrescentando um mezanino em um dos salões comerciais. "Esse alvará foi expedido em 6/11/2013, por atender aos requisitos legais e técnicos aferidos pela prefeitura", informou o comunicado.

De acordo com a prefeitura,  "a responsabilidade sobre a execução da obra, de modo a garantir que todas as medidas de segurança estrutural do prédio e de bem-estar dos funcionários que a executavam fossem cumpridas, cabe à empreiteira, através do seu engenheiro responsável".
G1

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