terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DF é melhor em matemática e leitura e AL tem piores notas do país no Pisa

Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) divulgados nesta terça-feira (3) (veja o ranking) mostram que entre as unidades da federação do Brasil, o Distrito Federal apresentou o melhor desempenho do país em matemática e leitura (com Mato Grosso do Sul) e ficou em segundo em ciências, atrás do Espírito Santo. Já Alagoas ficou com as menores notas nas três áreas avaliadas: matemática, leitura e ciências.
Em matemática, o Distrito Federal obteve 415 pontos, seguido por Santa Catarina com 415, Espírito Santo (414), Mato Grosso do Sul (408), Rio Grande do Sul (403), São Paulo (404), Paraná (403), Minas Gerais (403), Paraíba (402), Rio de Janeiro (389), Piauí (385), Seguipe (384), Rondônia (382), Rio Grande do Norte (380), Goiás (379), Ceará (378), Bahia (373), Mato Grosso (370), Tocantins (366), Pernambuco (363), Roraima (362), Amapá (360), Pará (360), Acre (359), Amazonas (356), Maranhão (343) e Alagoas (342). A média do Brasil foi de 391 pontos.Brasil apresentou uma melhora na comparação entre 2003 e 2012, saltando de 356 para 391 pontos em matemática. No ranking mundial, porém, o país ocupa a 58ª posição entre os 65 países participantes da última edição, duas posições a menos que em 2009, e mais de 100 pontos abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que foi de 494 pontos. Nenhum estado brasileiro conseguiu alcançar a média mundial.
Em leitura, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul foram os melhores com 428 pontos cada. Em seguida vieram Espírito Santo (427), Minas Gerais (427), Santa Catarina (423), Paraná (422), São Paulo (422), Paraíba (411), Rio de Janeiro (408), Piauí (403), Rondônia (400), Sergipe (397) Ceará (397), Amapá (396), Goiás (393), Rio Grande do Norte (393), Bahia (388), Pará (387), Acre (383), Amazonas (382), Tocantins (382), Roraima (377), Pernambuco (376), Maranhão (369) e Alagoas (355). A média do Brasil foi 410 pontos.
Em ciências, Espírito Santo fez 428 pontos. Em seguida vieram Distrito Federal (423), Minas Gerais (420), Rio Grande do Sul (419), Santa Catarina (418), São Paulo (417), Paraná (416), Mato Grosso do Sul (415), Paraíba (412), Piauí (403), Rio de Janeiro (401), Goiás (396), Sergipe (394), Bahia (390), Rondônia (389), Rio Grande do Norte (387), Ceará (386), Amapá (382), Mato Grosso (381), Acre (380), Tocantins (378), Pará (377), Amazonas (376), Roraima (375), Pernambuco (374), Maranhão (359) e Alagoas (346). A média do Brasil foi de 405 pontos.
O exame foi aplicado a uma amostra de alunos matriculados na rede pública ou privada de ensino a partir do 7° ano do ensino fundamental. Além de responderem às questões, os jovens preencheram um questionário com detalhes sobre sua vida na escola, em família e suas experiências de aprendizagem.
Em 2012, o Pisa foi aplicado a 510 mil alunos em 60 países que, segundo a OCDE, representam estatisticamente cerca de 28 milhões de estudantes de 15 anos. No Brasil, 19.877 alunos de 837 escolas completaram o exame, segundo o estudo.
As questões avaliam três áreas do conhecimento: matemática, leitura e ciências. Este ano, o foco da avaliação foi matemática. A média aritmética de desempenho nessas três áreas em 2012 foi de 402, um ponto acima da média alcançada em 2009. Veja abaixo o desempenho do Brasil nas últimas cinco edições do programa internacional:
A EVOLUÇÃO DO BRASIL NO PISA (pontuação e posição no ranking mundial)
Brasil
Pisa 2000
Pisa 2003
Pisa 2006
Pisa 2009
Pisa 2012
Matemática
334
356
370
386 (57ª)
391 (58ª)
Leitura
396
403
393
412 (53ª)
410 (55ª)
Ciências
375
390
390
405 (53ª)
405 (59ª)
Média geral
368
383
384
401
402
Fonte: OCDE e Inep/MEC
(veja o ranking completo)
No relatório elaborado especificamente com os resultados brasileiros, a OCDE destacou a evolução do país em matemática entre 2003 e 2012, em leitura entre 2000 e 2012 e em ciências entre 2006 e 2012.
Em matemática, o Brasil ficou atrás de países latino-americanos como Chile, México, Uruguai e Costa Rica e à frente de Argentina, Colômbia e Peru. Os outros países piores que o Brasil são Tunísia, Jordânia, Qatar e Indonésia.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que os resultados do Pisa representam 'grande vitória' para a educação no Brasil. "Nossa fotografia não é boa, mas o nosso filme é muito bom. (...) Não temos que acomodar, temos que ser rigorosos, tomando medidas cada vez mais rigorosas para avançarmos. (...) Partimos de patamar baixo, apesar de sermos o país que mais evoluiu, temos que ser rigorosos, se não nós não estaríamos tomando mais medidas para tentar melhorar o ensino médio, que é o maior desafio do ensino", disse o ministro.
egundo o ministro, políticas públicas como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), o programa Mais Educação, com escola em tempo integral, e o esforço na formação de professores têm contribuído para a "evolução da educação no país".
"Temos muito trabalho pela frente. Temos muito trabalho para a gente poder, de fato, considerar que a qualidade da educação no Brasil está no nível das melhores economias do mundo, mas é muito significativo esse resultado", afirmou Mercadante.
Especialistas em educação ouvidos pelo G1 afirmam que os dados do Pisa refletem uma melhora no ensino no Brasil em relação à última década, mas que a evolução no nível de aprendizagem dos estudantes da educação básica ainda é "tímida".
Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann, organização sem fins lucrativos que atua em projetos de educação no país, afirma que a inclusão registrada no relatório é um dos fatores mais positivos apontados nos resultados, mas alerta que "os avanços em termos de aprendizagem são muito, muito tímidos".
A diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, diz que o avanço brasileiro na área de exatas do Pisa é positivo, tanto pelo fato de ter sido o maior entre os 60 países comparados quanto pela alta inclusão de alunos na rede de ensino nesse mesmo período, ficando atrás apenas da Indonésia. Entre 2003 e 2012, foram registradas mais de 425 mil matrículas de estudantes de 15 anos na rede de ensino a partir do 7º ano do ensino fundamental. A taxa de matrícula subiu de 65% para 78% nesse intervalo.
"A combinação de fatores é positiva e muito forte", salientou Priscila, lembrando que os alunos incorporados às escolas não são do extrato mais rico da população, que já está incluído no sistema, mas da parcela mais pobre. "Existe uma correlação grande (de nível socioeconômico) com desempenho. Essa população entra não para ajudar a subir a média, mas para reduzi-la", explicou Priscila.
De acordo com Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, essa sucessão de altos e baixos é um indício de que o Brasil ainda "patina" no quesito educação. "A gente de fato mais patina do que melhora, e o pouco que a gente melhora não pode ser comemorado, porque é uma situação de muito ruim para menos pior", explicou ele, afirmando que, até agora, o país ainda não conseguiu sair da posição entre as nações com pior desempenho.
Matemática
Apesar da melhoria acelerada no desempenho dos estudantes brasileiros em matemática nesse período, 67,1% dos alunos do país ainda estão abaixo da linha básica de proficiência, segundo o Pisa 2012. Isso quer dizer que dois terços dos alunos são capazes apenas de extrair informações relevantes de uma única fonte e usar algoritmos, fórmulas, procedimentos e convenções básicas para resolver problemas envolvendo números inteiros.

A OCDE aponta que essa porcentagem está acima da média dos países-membros da entidade, mas que caiu em relação ao patamar de dez anos atrás, quando 75,2% dos alunos brasileiros estavam nessa situação. Ainda de acordo com a avaliação, os alunos do país têm mais dificuldades em lidar com conteúdos ligados à álgebra e ao estudo de funções matemáticas.
Leitura e ciências
A cada edição do Pisa, uma das três áreas do conhecimento recebe enfoque especial, mas as outras duas também são incluídas entre as questões aplicadas. Tanto em leitura como em ciências, o Brasil está abaixo da média da OCDE. Em leitura, o crescimento dos estudantes do país foi de 396 em 2000 e de 410 pontos em 2010 – a média da OCDE é 496. Segundo os dados, porém, nas últimas cinco edições do Pisa o Brasil tem tido altos e baixos em leitura: em 2009, o desempenho foi de 412 pontos, mas recuou para 410 três anos depois.

Pelos dados do último Pisa, 49,2% dos estudantes brasileiros sabem apenas o básico em leitura, como reconhecer o tema principal ou o objetivo do autor de textos sobre temas familiares a ele, e fazer uma conexão simples entre as informações em um texto e o conhecimento do cotidiano. Esse é o nível 2 de conhecimento no espectro da avaliação, considerado "abaixo da linha de base da proficiência". Apenas um em cada 200 alunos alcançou proficiência de nível 5 e consegue, por exemplo, compreender textos com formato e conteúdo que eles não conhecem, ou analisar textos em detalhes.
Já em ciências, o desempenho do país em 2012 foi o mesmo de 2009: 405 pontos, quase 100 pontos abaixo da média dos países da OCDE, que é de 501. Entre 2003 e 2006, o Brasil havia estagnado em 390 pontos. Na última edição, 61% dos estudantes estavam no patamar considerado de "baixo desempenho", demonstrando capacidade de apresentar apenas explicações científicas óbvias e seguir somente evidências explícitas. Só 0,3% dos alunos conseguiram demonstrar alto desempenho na área, incluindo habilidades como "identificar, explicar e aplicar conhecimento científico em uma variedade de situações complexas de vida".
G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...