terça-feira, 17 de junho de 2014

Dívida de R$ 81 mil motivou morte de casal em casamento na PB, diz polícia

Arma usada no crime tinha sido repassada a um adolescente, que foi apreendido há alguns dias. Ela vai passar por perícia para confirmar que foi usada no crime (Foto: Diogo Almeida/G1)
Uma dívida de R$ 81 mil proveniente da compra de um carro foi um dos motivos para o duplo homicídio registrado após um casamento em Campina Grande no dia 29 de março, segundo a polícia revelou durante coletiva na manhã desta terça-feira (17). O outro motivo levantado pelas investigações aponta o sócio das vítimas e noivo do casamento como um dos mandantes do crime: uma cláusula do contrato de sociedade da faculdade que eles dividam previa que no caso da morte de um deles, todo o bem seria transferido para o outro.
O crime aconteceu na noite do dia 29 de março, em frente a uma casa de festas da cidade. O casal, Washington Luiz, de 51 anos, e Lúcia Santana, de 42 anos, foi abordado pelo assassino por volta das 21h30, quando saía da festa e se aproximava do carro do casal. Segundo a polícia, o assassino já chegou atirando. Uma operação realizada pela Polícia Civil na madruga desta terça-feira prendeu cinco suspeitos de envolvimento no crime, entre eles o noivo da festa onde o casal estava antes do crime.
Todo o caso começou quando dois suspeitos teriam decidido contratar alguém para matar o casal. Um desses homens era o sócio. O outro era o dono do carro, que foi vendido ao Washington, mas não tinha sido pago. Eles contrataram um terceiro homem para intermediar o crime que, junto com sua esposa, que sabia de todo o plano, também foram presos.De acordo com a delegada Tatiana Matos, que comandou as investigações, o crime foi elucidado a partir da quebra do sigilo telefônico dos envolvidos, revelando conversas telefônicas e trocas de mensagens combinando detalhes do crime. A polícia chegou aos nomes de sete pessoas envolvidas em diversas fases do crime, já que o casal foi morto na terceira tentativa de homicídio.
Assalto disfarçou primeira tentativa
A primeira tentativa de homicídio aconteceu no dia 1º de março, quando um homem foi contratado para atirar no casal. Nesse dia, Washington e o sócio voltavam de carro de Bayeux para Campina Grande quando o motorista notou que o sócio fez muitas perguntas sobre os planos de Washington, enquanto enviava mensagens de texto pelo celular. A polícia identificou que ele se comunicava neste dia com os outros suspeitos, informando sobre onde Washington poderia ser encontrado.

Ao chegar na casa da esposa, Washington e o motorista foram abordados por dois homens que saíram de uma caminhonete S10, um deles encapuzado, e anunciaram um assalto. Washington conseguiu, com a ajuda de Lúcia, entrar em casa, mas o motorista ficou do lado de fora. A dupla acabou desistindo da abordagem e fugiu levando apenas o celular do motorista. Segundo a delegada, um dos mandantes do crime também estava dentro do carro neste dia. Um dos dois homens que fizeram a abordagem neste dia está entre os presos nesta terça-feira.
Segundo uma irmã de Lúcia, o sócio chegou a consolar a família na noite do crime.
Uma semana antes do casamento do sócio, a dupla de mandantes decidiu fazer uma nova tentativa e um intermediário foi contratado. Ele chegou a contratar uma outra pessoa, que por R$ 4 mil ficaria responsável por executar o crime. Nesta tentativa, eles conseguiram arrombar a casa do casal, mas eles não estavam lá.
Casal morto depois de festa de casamento em Campina Grande (Foto: Reprodução / TV Paraíba)
Casamento seria usado como disfarce
Com a segunda tentativa frustrada, o grupo decidiu fazer uma nova tentativa no dia do casamento do sócio, com o plano de que a festa ajudaria a disfarçar o crime, já que o casal era padrinho do casamento. O homem contratado para mediar o crime foi mais cedo ao local para reconhecer o ambiente e se escondeu. Registros telefônicos dão conta de que o mandante que queria cobrar a dívida do carro informou ao mediador que o casal estava saindo da festa. Só então o executor foi acionado e seguiu para o local do crime.

O homem contratado para executar o crime confessou sua participação e explicou que chegou já atirando, disparando três vezes contra Lúcia, tentando acertar sua cabeça. Apenas dois dos disparos acertaram a mulher e o terceiro atingiu um vigilante que estava na rua. Logo depois, ele atirou duas vezes em Washington e fugiu correndo pela rua. O intermediário, que estava com sua esposa, localizou o executor e os três fugiram.
A arma usada no crime, segundo o executor informou à polícia, era do intermediário que ajudou na fuga. A polícia descobriu que essa arma tinha sido repassada a um adolescente, que foi apreendido há alguns dias em Campina Grande. Ela já foi repassada à equipe de investigação do caso e vai passar por perícia para confirmar que foi usada no crime.
Documentos e cheques foram apreendidos
Um grande volume de cheques e documentos foi encontrado na casa de um dos suspeitos de ser mandante do crime, entre eles três cheques com valores de até R$ 40 mil assinados pelo sócio do casal. Todo esse material ainda vai passar pela investigação. Até as 12h a polícia continuava ouvindo os suspeitos presos na manhã desta terça-feira, mas o sócio das vítimas se manteve em silêncio durante seu interrogatório.


A irmã de Lúcia, Miriam Santana Pereira, disse na manhã desta terça-feira que a família estava aliviada com a solução do caso, mas destacou que o suspeito de ser um dos mandantes do crimechegou a consolar os familiares na noite do crime. "Eu não suspeitava do noivo [sócio] porque ele era amigo de todos e nos tratava com carinho, me chamava de tia e no dia do crime chegou a me abraçar para me confortar", disse. Mesmo assim, ela diz que perdoa os suspeitos e espera que a justiça seja feita.
G1pb

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