terça-feira, 17 de junho de 2014

MTE interdita operação de içamento e fixação de vigas de monotrilho em SP

O superintendente Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP), Luiz Antônio Medeiros, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), anunciou nesta segunda-feira (16) a interdição das operações de içamento, lançamento e fixação das vigas na obra do monotrilho Linha 17-Ouro. Na tarde do último dia 9, a queda de uma viga na obra matou um operário e feriu outros dois. O Consórcio Monotrilho Integração, responsável pela obra, informou que está cumprindo a determinação.
A interdição, segundo Medeiros, foi decidida após reunião com técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) nesta segunda-feira. “Os auditores passaram três dias na obra, analisando materiais, operações etc. e chegaram à conclusão que são necessárias mudanças no içamento e na colocação da viga. Quando ela está lá em cima, é presa com pinos, não fica estável, pendendo para um lado ou para o outro. A fixação é completada por operários”, explicou Medeiros. As demais etapas da obra, como a construção dos pilares de sustentação, não devem ser interrompidas, segundo ele.
“Terão de apresentar uma nova tecnologia de içamento e fixação da viga”, esclareceu Medeiros. Três auditores do IPT participaram da inspeção e assinaram o laudo final.Segundo a empresa, “as atividades de lançamento de vigas foram paralisadas imediatamente após o acidente, como forma de garantir agilidade e transparência no processo de apuração das causas do acidente e a segurança na continuação da obra”.
   
O consórcio terá de cumprir com quatro condições antes de poder retomar as operações de içamento e colocação das vigas: revisão do procedimento adotado no içamento, lançamento e colocação dos pilares; revisão dos projetos dos elementos de ajustes e  sustentação da viga; análise de risco dos procedimentos de içamento, lançamento e ajuste das vigas sobre os pilares, com descrição detalhada de cada tarefa e composição, além da capacitação das equipes envolvidas; e relatórios técnicos garantindo a segurança nos processos de análise de risco.

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Operários realizam a retirada de uma viga do monotrilho da Linha 17 Ouro do Metrô, com a ajuda de um guindaste, na Avenida Washington Luís na zona sul de São Paulo, SP, na manhã desta terça-feira (10) (Foto: Luiz Claudio Barbosa/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Segundo o superintendente do MPT, o consórcio tem até as 11h de sexta-feira (20) para se pronunciar sobre o termo de compromisso que terá de cumprir para que a obra possa vir a ser liberada.

Investigação
A Polícia Civil de São Paulo investiga três hipóteses para tentar explicar as causas da queda da viga. O delegado Marcos Gomes de Moura, titular do 27º Distrito Policial, Campo Belo, informou na última terça-feira (10) que também será apurada eventual responsabilidade pelo acidente com morte e lesões.

O caso foi registrado como homicídio e lesão corporal culposos (sem intenção). A investigação quer saber se houve imperícia, imprudência ou negligência na colocação da estrutura de cerca de 90 toneladas que despencou.
Desde o dia 9, a Defesa Civil interdita por tempo indeterminado um trecho de 300 metros de distância da obra onde ocorreu o acidente. A liberação só ocorrerá após a retirada da viga que despencou. Em novembro, um ponto da obra também tinha sido interditado por causa da queda de vergalhões.
O Ministério Publico Estadual (MPE) vai instaurar inquérito para para apurar a situação da obra.

A peça do monotrilho que despencou estava sustentada por duas colunas a mais de 20 metros de altura. Três operários estavam sob ela. A viga caiu por volta das 16h50 sobre a Rua Vieira de Morais, na esquina da Avenida Washington Luiz. Essas vias estavam abertas para o trânsito de veículos no momento do acidente, mas nenhum auto foi atingido. O local também é perto do Aeroporto de Congonhas.

Polícia Civil
“Tenho informação preliminar e não oficial de que parte do ferro que dava sustentação à viga se rompeu, mas isso ainda precisa ser apurado”, disse o delegado Moura. “Em tese, como o crime que está sendo apurado é culposo, sem intenção de provoca-lo, cabe a polícia investigar se houve imperícia, imprudência ou negligência na execução da peça que caiu”.

Entre as questões que o delegado quer saber, estão, por exemplo, qual o tipo de material foi empregado na estrutura da viga, se a peça foi colocada corretamente, como foi encaixada e quem realizou esse procedimento. “Mas para isso precisamos ter noção de engenharia. Nesse caso, a investigação vai depender mesmo dos laudos técnicos que serão feitos pela Polícia Técnico-Científica”.

Imagens de uma câmera de segurança gravaram o momento da queda da viga da obra do monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô.

Operário morto
Segundo a investigação, outros operários teriam visto o momento em que um lado da viga se movimenta sobre uma coluna, se deslocando e caindo primeiro. Depois, o outro lado da viga onde estavam operários teria deslizado, atingindo Juraci Cunha dos Santos, de 27 anos. Ele fazia ajustes na viga e ficou prensado entre com a pilastra, morrendo no local. A vítima fatal era do Piauí (PI) e trabalhava havia um ano na empresa. Seu corpo foi levado ao estado onde ele nasceu para ser enterrado, informou o SPTV.

Em nota, o Metrô informou que “lamenta o acidente ocorrido na obra do monotrilho da Linha 17” e acrescentou que vai exigir do consórcio responsável pelo serviço “uma rápida apuração sobre as causas da ocorrência”.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) se solidarizou com os parentes da vítima pelo Twitter. "Lamento a morte do Juraci Cunha do Santos, ocorrida hoje na queda de uma viga nas obras da linha 17. Toda nossa solidariedade à família", escreveu na segunda-feira.

O Consórcio Monotrilho Integração, responsável pela construção da obra, lamentou a morte de Juraci. Por meio de nota, informou que os trabalhadores ajustavam a viga quando a peça caiu. Ainda divulgou que “uma perícia será feita no local paraidentificar as causas do acidente”.

O grupo informou nesta terça-feira que espera a presença dos peritos. Uma viga foi retirada por motivos de segurança no trabalho feito durante a noite. A pilastra que despendou ainda precisa ser retirada.

Imagem mostra momento em que a viga despenca e mata operário em obra do monotrilho em São Paulo (Foto: Reprodução/GloboNews)
Operários feridos
Os dois operários feridos no acidente são Carlos Vieira de Souza e Manoel Cristiano da Silva. Eles também estavam em cima da viga no momento que ela despendou. Um deles ficou pendurado. Carlos teria sido levado ao Hospital Saboya, e Silva para o Hospital da Luz. As unidades médicas ficam na Zona Sul. Segundo os bombeiros, os dois machucados estavam em estado grave.

O consórcio informou que esses funcionários que se feriram no acidente foram socorridos, mas não correm risco de morte. “Nesse momento o consórcio responsável pela obra se solidariza com as famílias e prestará todo o suporte necessário às mesmas", diz a nota.

Defesa Civil
Segundo Jair Paca de Lima, coordenador municipal da Defesa Civil, um trecho de 300 metros da obra onde ocorreu o acidente está interditado desde a tarde de segunda-feira e continuará por tempo indeterminado. “Foi interditado emergencialmente porque a viga continua bloqueando a rua e também precisa se retirada", disse Lima.

Uma locadora de carros ao lado do local do acidente também foi interditada pela Defesa Civil após ter a estrutura abalada.  O impacto da queda da viga provocou rachaduras no subsolo. “Deve ter sido um problema técnico”, disse o coordenador sobre uma das prováveis causas do acidente que serão apuradas pelo Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica.
Operários realizam a retirada de uma viga do monotrilho da Linha 17 Ouro do Metrô, com a ajuda de um guindaste, na zona sul de São Paulo,  na manhã desta terça-feira (10). A viga caiu nesta segunda-feira (9) causando a morte de um operário  (Foto: Luiz Claudio Barbosa/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Ministério Público Estadual
O Ministério Público Estadual vai instaurar inquérito para apurar a situação da obra, se ela oferece segurança ou não. "O MPE vai pedir um laudo para atestar isso", disse o promotor de Habitação e Urbanismo, José Carlos de Freitas. "Se o laudo não apontar deficiência, ok, mas se apontar, poderá ser pedida a paralisação da obra".

Monotrilho
O Consórcio Montrilho Integração é formado pelas empresas Andrade Gutierrez, CR Almeida, Scomi Engineering e MPE Montagens e Projetos Especiais. O monotrilho é uma espécie de trem elevado, que transita num único trilho. Durante seu anúncio, foi cogitada a possíbilidade de a obra ser entregue durante a Copa do Mundo, mas devido a atrasos não ficou pronta neste ano.

A linha 17 do monotrilho terá 18 km de extensão e ligará os bairros do Morumbi e Jabaquara, passando pelo Aeroporto de Congonhas. O primeiro trecho deverá ter 7,7 km e contará com as estações Jardim Aeroporto, Congonhas, Brooklin, Vereador José Diniz, Água Espraiada, Vila Cordeiro, Chucri Zaidan e Morumbi.
Posicionamento
O Consórcio Monotrilho Integração informou, por meio de nota, que está cumprindo a determinação. Veja a íntegra da nota abaixo:

“O Consórcio Monotrilho Integração informa que já está cumprindo a determinação da Superintendência Regional do Trabalho. Cabe ressaltar que as atividades de lançamento e ajustes de vigas foram paralisadas imediatamente após o acidente, com o objetivo de garantir transparência e agilidade na apuração das causas do acidente. O Consórcio Monotrilho Integração ressalta ainda que está dando todo apoio à apuração dos fatos para que seja identificada as razões do acidente. Por fim, o Consórcio reafirma que segue todas as normas de segurança vigentes e que se preocupa permanentemente com o aprimoramento de boas práticas que corroborem com o princípio de segurança dos seus colaboradores.”
G1

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