Abalados com a morte violenta de Vaderli Gonçalves, de 45 anos, atropelado por um adolescente de 14 anos que dirigia pela região do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo, os familiares dele querem saber quem vai pagar pelo crime. O caso aconteceu no fim da tarde desta terça-feira (6). O adolescente, segundo sua família, havia pego o carro do namorado da mãe escondido.
“Falam que menor não pode pagar pelo crime. Eu gostaria que me falassem quem pode pagar pelo crime dele, já que ele não pode”, afirmou o frentista Marcelo Antunes Ferreira, de 39 anos, irmão da vítima. “Acho que não vai dar nada, porque é uma criança. Ele vai ser apreendido, mas daqui a pouco vai estar em casa, e meu irmão, no cemitério.”
Vaderli voltava para casa quando foi atingido pelo adolescente, que estava no carro com outros dois jovens – eles conseguiram fugir. Segundo sua família, ele não estava trabalhando recentemente devido a um problema de saúde. Além de atropelar o comerciante, o jovem bateu em pelo menos outros dois carros e derrubou no chão um rapaz que tentou contê-lo. Ao tentar fugir, foi contido por moradores do local e agredido.
“Ele estava subindo a rua, e esse infeliz desceu desgovernado, já tinha passado várias vezes correndo aqui, bateu em dois carros e acabou jogando em cima dele. Meu sobrinho estava lá perto, viu e ligou, e a gente desceu. Quando eu cheguei ele estava caído, mas ainda estava respirando”, contou Marcelo.
Vaderli foi levado para o Hospital do Campo Limpo, onde morreu. O adolescente também foi levado para o hospital, onde passou por exames e depois foi encaminhado para a Central de Flagrantes do 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, onde permanecia nesta manhã.
“Cheguei a ver ele lá na delegacia, a estatura dele é pouco maior que a de uma criança, não tem como falar que pegou uma chave escondido. Na delegacia falaram que ele já tinha dado outros problemas, não era fácil. Sinal que não era para um garoto desses ter acesso à chave”, disse o irmão da vítima. Outro irmão de Vaderli tentou agredir o adolescente na delegacia, mas foi contido por policiais. Eu tenho uma filha que tem 17 anos. Ela fala ‘pai, quando você vai me ensinar a dirigir?’. Eu digo quando ela tiver 18, na autoescola. Se a maioria dos pais pensasse pelo menos próximo a isso...”, disse Marcelo.
Segundo a família, Vaderli era uma pessoa tranquila e querida pelos vizinhos. Ele era separado, tinha dois filhos e morava com a mãe. O corpo foi liberado do Hospital Campo Limpo na manhã desta quarta e encaminhado para o Instituto Médico-Legal (IML). A família ainda não definiu o local e os horários do velório e do enterro.
O adolescente será encaminhado para a Fundação Casa e deverá ser ouvido pela Vara da Infância e Juventude, que determinará que medidas ele deverá cumprir. Os pais do adolescente e o advogado relatado no boletim de ocorrência não foram encontrados.
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