sábado, 3 de março de 2012

Aprovado para bolsa de estudos nos EUA quer construir carreira no Brasil


Natural de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o estudante Armando Zurzolo Neto, de 21 anos, embarca para os Estados Unidosno dia 24 de março. Aluno da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Neto vai deixar a instituição por um ano para dar continuidade ao curso de engenharia de produção na Kettering University, em Michigan. Ele é um dos contemplados pelo programa do governo federal Ciência sem Fronteiras que incentiva estudantes a fazer parte do curso de nível técnico, graduação ou pós fora do Brasil. No total, 525 brasileiros já foram contemplados com a bolsa de graduação-sanduíche em universidades norte-americanas, onde é possível cursar uma parte no Brasil e outra no exterior, e já estão nos Estados Unidos.
Neto fez um intercâmbio de quatro meses em Buenos Aires, na Argentina pela UFSCar, mas seu sonho mesmo era estudar nos Estados Unidos. "Eu admiro a educação que o país possui, mas nunca tive condições de estudar lá." Apesar da admiração, o estudante já avisa que assim que terminar o período da bolsa, estipulado em um ano, vai voltar para o Brasil, concluir o curso de engenharia na UFSCar e construir a carreira profissional no país. "Vou estudar bastante, quero ser um aluno exemplar. Quero adquirir diferenciais para ajudar a desenvolver o meu país e devolver o que o governo investiu em mim. Não teria sentido ficar nos Estados Unidos, este não é o espírito do programa."
O estudante concluiu o ensino médio na rede particular de ensino como bolsista. Nunca frequentou cursos de idioma e diz que aprendeu inglês sozinho. "Meus pais nunca puderam pagar um curso, então só tive aulas na escola. Para melhorar, sempre li muito em inglês, assisti séries na TV. Quando recebi o resultado do Toefl [teste de proficiência] e vi que a nota era boa, chorei de alegria, foi como se eu tivesse passado de novo no vestibular."
'Contando os dias'
Camila Tormena, de 19 anos, moradora de Joinville (SC) também vai deixar a universidade em que está matriculada para estudar nos Estados Unidos por um ano. Camila cursa ciência da computação na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e conquistou bolsa para a Northwestern University, que está localizada em uma cidade próxima de Chicago.
"Nunca fui para fora do país, por isso estou bastante ansiosa, contando os dias. No ínicio meus pais ficaram um pouco preocupados com o fato de eu morar fora, mas agora estão empolgados, acham que vai ser bom e me apoiaram bastante. Estou bem feliz e com vontade de ir logo", diz. Na volta ao Brasil, Camila quer terminar o curso na Udesc e fazer mestrado.
Camila Tormena é de SC e estuda ciências da computação (Foto: Arquivo pessoal)Camila Tormena é de SC e estuda ciência da
computação (Foto: Arquivo pessoal)
Raio-x
Na primeira chamada do programa Ciência sem Fronteiras 525 brasileiros foram selecionados para estudar em universidades norte-americanas. Do total desses estudantes, 321 foram contemplados com bolsas em 14 ramos das engenharias.
As inscrições para a segunda leva de bolsas terminaram em 31 de janeiro. Desta vez, serão concedidas 10 mil bolsas também para a graduação-sanduíche no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, além dos Estados Unidos. Há 36.172 estudantes inscritos, segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os selecionados são avisados por meio de suas instituições de ensino e comunicado da Capes.
A data da viagem é decidida de acordo com o cronograma de aulas de cada país. Alguns selecionados ainda fazem um curso de idioma antes iniciar a graduação. Neste caso, a bolsa pode ser estendida para até 15 meses.
Os alunos dos Institutos Federais de Ciência e Tecnologia que gostariam de fazer parte da graduação no Canadá puderam se inscrever até sexta-feira (2), por meio da instituição na qual estão matriculados. Ainda neste semestre, de acordo com a Capes, serão lançados editais para bolsas em Portugal, Bélgica, Espanha, Coreia e uma novo grupo para o Canadá. A previsão do governo é de oferecer 101 mil vagas até o ano de 2015.

Quem pode participar
Para concorrer a uma vaga do Ciência sem Fronteiras, o candidato precisa estar matriculado em uma instituição de ensino superior pública ou privada em cursos considerados de áreas prioritárias para o programa. Também é necessário ter feito pelo menos 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ter bom desempenho acadêmico.
A primeira seleção é realizada pela instituição de ensino na qual o estudante tem vínculo, em seguida a inscrição é encaminha para a Capes que envia a documentação para as instituições parceiras do exterior. Têm prioridade os candidatos que receberam prêmios em olimpíadas científicas.
As áreas prioritárias do programa são: engenharias e demais áreas tecnológicas; ciências exatas e da terra; energias renováveis; tecnologia mineral; formação de tecnólogos; biotecnologia; petróleo, gás e carvão mineral; nanotecnologia e novos materiais; produção agrícola sustentável; tecnologias de prevenção e mitigação de desastres naturais; fármacos; biodiversidade e bioprospecção; tecnologia aeroespacial; ciências do mar; computação e tecnologias da informação; indústria criativa (voltada a produtos e processos para desenvolvimento tecnológico e inovação); novas tecnologias de engenharia construtiva; biologia, ciências biomédicas e da saúde.
Mais informação sobre o programa podem ser obtidas no sitewww.cienciasemfronteiras.gov.br.

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