sábado, 3 de março de 2012

Mercados de SP reduzem distribuição de sacolas para acostumar clientes

Os supermercados de São Paulo são obrigados até 3 de abril a fornecer, de forma gratuita, uma opção para o transporte das compras de seus clientes – que podem ser caixas de papelão, sacolas biodegradáveis ou até mesmo as sacolas plásticas, que foram abolidas após um acordo entre as redes e o governo estadual. Passada a data, os consumidores terão que se virar para fazer suas compras. A um mês do fim do prazo, supermercados da capital paulista ainda fornecem as sacolinhas, mas controlam sua distribuição para acostumar os clientes.

No Empório São Paulo, na Avenida Cotovia, em Moema, Zona Sul da capital paulista, as atendentes dos caixas ainda embalam as compras nas sacolas. Entretanto, elas não ficam mais expostas livremente sobre os balcões. “Ainda estamos distribuindo porque tem em estoque, mas está bem mais controlado. Na maioria das vezes o cliente já tem sua sacola. É mais para quem esquece. Elas estão sempre disponíveis, mas em menor quantidade, para o pessoal se acostumar”, afirma o gerente da loja, Edimílson Ferreira. Segundo ele, cerca de 80% dos clientes já usam outros meios para o transporte dos produtos.
Empório São Paulo ainda tem sacolas, mas em menor quantidade (Foto: Juliana Cardilli/G1)Empório São Paulo ainda tem sacolas, mas em
menor quantidade (Foto: Juliana Cardilli/G1)
O fim da distribuição das sacolas entrou em vigor no dia 25 de janeiro. Entretanto, após polêmicas entre consumidores e estabelecimentos, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o Procon, Ministério Público e Associação Paulista de Supermercados (Apas) determinou no dia 3 de fevereiro que os estabelecimentos fornecessem algum tipo de embalagem gratuita por um prazo de 60 dias. Depois disso, elas não serão mais distribuídas. Entretanto, os mercados deverão disponibilizar por um preço de até R$ 0,59 por unidade sacolas reutilizáveis, com garantia de três meses, por um prazo de seis meses.
Os cinco mercados visitados pela equipe de reportagem do G1 na quarta-feira (29) tinham as tradicionais sacolas disponíveis – em todos eles, entretanto, em quantidade menor do que antes do acordo. Na unidade do Saint Marché da Avenida Santo Amaro, funcionários contaram que as sacolas tradicionais são distribuídas normalmente, sem controle, mas que muitos clientes já têm suas embalagens próprias. O mercado também tem para venda caixas dobráveis, por R$ 2,49 a unidade.
O uso de alternativas, entretanto, já está bem disseminado entre os consumidores. Em todos os mercados visitados, grande parte dos clientes carregava suas compras com sacolas próprias, como as ecobags, caixas ou até mesmo carrinhos. Há aqueles que levam suas próprias caixas, e outros que só utilizam embalagens caso realmente necessário. “Estou levando só frutas, legumes e carne. Todos já em saquinhos, não tem necessidade de mais sacola. Quando tenho que transportar mais coisas uso caixas, e também as reutilizo para não acumular em casa”, diz a dona de casa Fátima Faria, cliente do Extra que fica no Itaim Bibi. O mercado tem caixas de papelão disponíveis livremente, e oferece sacolas plásticas aos clientes que pedem.
Clientes usam sacolas no Pão de Açúcar (Foto: Juliana Cardilli/G1)Clientes usam sacolas no Pão de Açúcar (Foto:
Juliana Cardilli/G1)
Reclamações
O controle na distribuição das sacolas, entretanto, deixa insatisfeitos alguns consumidores que ainda não se adaptaram às mudanças. “Eu pedi a sacolinha para não trazer as coisas na mão. Não estava no caixa, você tem que pedir, e eles te dão contadas. Dá para carregar, mas não é como antes”, afirma o estudante Sandoval Tomaz, que pretende aderir às compras pela internet quando os supermercados não distribuírem mais embalagens. “Vou deixar para comprar pessoalmente só coisas pequenas. Mas é ruim, pois gosto de ver os produtos.”
O estudante fez compras no supermercado Carrefour, na Avenida Santo Amaro, na região do Brooklin - mesmo destino da bancária Maria Estela Paixão, que levou suas compras para o carro embaladas em sacolas e caixas. “Eles estão deixando de incentivar o uso das sacolas, tem que pedir. Não tem a fartura que tinha antes. Acho ruim porque uso em casa para colocar lixo”, conta. “Quando pararem de distribuir vou ter que usar caixa e sacola reciclável. Só caixa fica difícil de transportar.”
Enquanto o prazo que obriga a distribuição de embalagens gratuitas não acaba, as sacolinhas socorrem quem já se adaptou ao transporte sustentável, mas esqueceu suas bolsas reutilizáveis em casa. “Geralmente estou com sacolas retornáveis, mas hoje minha mulher pediu para eu vir comprar algumas coisas e eu esqueci. As sacolas de plástico não ficam mais à mostra, precisa pedir”, conta o aposentado Carlos Fontes, cliente do Pão de Açúcar.
Estudante reclama de ter que pedir sacolinhas (Foto: Juliana Cardilli/G1)Estudante reclama de ter que pedir sacolinhas
(Foto: Juliana Cardilli/G1)
Informação
De acordo com o Procon, os supermercados podem restringir a distribuição das sacolinhas, desde que haja uma alternativa adequada e gratuita para o transporte – como as caixas de papelão (as de produtos químicos não podem ser oferecidas para o transporte de alimentos). Segundo Paulo Arthur Góes, diretor-executivo do Procon-SP, os estabelecimentos ainda precisam investir na informação e conscientização dos consumidores.
“Isso só vai até o dia 3 de abril. Mas desde agora os caixas são obrigados a informar ao consumidor sobre a existência do TAC, o fim do fornecimento a partir de abril das embalagens descartáveis gratuitas e perguntar se o cliente levou sua sacola reutilizável”, explica. “Se eu chegar ao caixa com minhas compras e o atendente não me avisar, ele será obrigado a me fornecer uma alternativa gratuita para o transporte, mesmo depois de abril.”
“O ponto chave de tudo isso é a conscientização, o esclarecimento, e os estabelecimentos precisam nesses 30 dias restantes melhorar a parte de informação. Ou vai chegar no dia 3 de abril e vai haver problemas”, afirma o diretor do Procon. Segundo ele, já foram identificados nas fiscalizações problemas na área da informação.
A assessoria de imprensa do órgão informa que, desde o dia 26 de janeiro, foram recebidas 136 reclamações referentes à distribuição das embalagens – entretanto, nenhuma autuação foi feita. Os estabelecimentos são passíveis de multa caso não ofereçam uma alternativa gratuita para o transporte dos produtos ou cobrem pelas sacolinhas plásticas tradicionais.
As assessorias de imprensa do Carrefour e do Grupo Pão de Açúcar – que controla também o Extra – informam que estão cumprindo o TAC e que fornecem uma alternativa gratuita para o transporte das compras. O Carrefour confirma que a distribuição de sacolas plásticas está mais restrita e só é feita quando o cliente pede. Diz, entretanto, que há caixas de papelão disponíveis para os consumidores, sem necessidade de solicitação.
Bancária usa misto de sacolas e caixas para carregar suas prontas (Foto: Juliana Cardilli/G1)Bancária usa misto de sacolas e caixas para carregar suas prontas (Foto: Juliana Cardilli/G1)

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