quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Nova lei de mídia divide opiniões até de jornaleiros na Argentina


Eles vendem um dos bens mais precisos para qualquer cidadão de qualquer país: informação. E, na capital argentina, são eles, os donos de bancas de jornais e revistas, que vivenciarão parte da grande mudança marcada para acontecer na sexta-feira, dia 7, quando a lei que restringe a concessão de licenças de mídia entra em vigor no país. "Querem acabar com o Grupo Clarín. E com isso não estou de acordo", diz o vendedor Aníbal Mana, de 75 anos, 40 deles como jornaleiro de uma banca da Avenida Corrientes. Segundo ele, o principal jornal do grupo é responsável por 80% das vendas diárias.
O jornaleiro Aníbal Mana (Foto: Giovana Sanchez/G1)A Lei de Meios, encabeçada pelo governo e promulgada em 2009, limita o número e a abrangência das licenças que cada grupo de comunicação pode ter no país. Na época da aprovação, o Grupo Clarín, o maior da Argentina, entrou com uma ação de inconstitucionalidade - até hoje não julgada - e conseguiu uma medida cautelar que se prolongou indefinidamente. Por ordem da Corte Suprema, essa medida deve terminar no dia 7, data alardeada como vitória da diversidade pelo governo. A briga continua na Justiça, e até esta sexta, é possível que haja nova decisão prejudicando ou favorecendo o Clarín.

"Na verdade eu até hoje não entendi o que é essa lei. É um problema político que não sei explicar. Creio que para as pessoas comuns é muito difícil entender", diz a jornaleira franco-argentina Nicole, que não quis ter o sobrenome divulgado.
 
Já para o dono de uma banca na Avenida de Maio, o princípio da lei é bom. "Estou de acordo. Acho que a Argentina precisava de uma lei assim, para demonopolizar todo o audiovisual. E o Clarín não vai desaparecer", diz Esteban Godano. Para ele, o dia 7 de dezembro é simbólico, e "nada deve acontecer de fato".
O jornaleiro Esteban Godano (Foto: Giovana Sanchez/G1)O jornaleiro Esteban Godano (Foto: Giovana Sanchez/G1)
Para Osvaldo Tarsia, com banca na famosa Rua Florida há 40 anos, o assunto gera "temor". O temor passa pelos grandes grupos jornalísticos e vejo que nesse aspecto vejo um lado tendencioso por parte do governo. De todo modo, creio que o 7D é uma febre, como foi a gripe aviária, como foi o ano de 2001."
Enquanto os jornaleiros especulam sobre o que acontecerá com seus produtos, o país espera uma decisão da Justiça sobre a lei.
Nesta quarta (5), uma reportagem do jornal Clarín dizia que o governo impugnou a composição do grupo de juízes da Câmara Civil e Comercial que definiria sobre uma possível prorrogação da medida cautelar.
G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...