quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Delegado da PB suspeito de integrar esquema de extorsão é afastado


A secretaria de Segurança da Paraíbaafastou nesta quarta-feira (20) o delegado Francisco Basílio Rodrigues da Delegacia de Roubos e Furtos deJoão Pessoa. Ele é suspeito de ter participação em um esquema, comandado por policiais, que extorquia dinheiro de traficantes, revelado na terça-feira (19) durante uma operação. Basílio nega que tenha envolvimento nas irregularidades.
A portaria determinando a dispensa de Basílio da delegacia foi publicada no Diário Oficial do Estado e foi assinada pela delegada geral da Paraíba, Ivanise Olímpio. Também foi afastado um agente de investigação que atuava na mesma delegacia, que foi o único preso em flagrante na ação de terça por ter sido flagrado com uma arma sem registro. Um outro delegado da Roubos e Furtos também foi afastado, mas conforme as investigações ele não tem envolvimento no esquema de extorsão.
O esquema de cobrança de propina foi desmantelado pela Operação Concutere realizado pelo Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil. De acordo com as investigações, as ações irregulares aconteciam na Delegacia de Roubos e Furtos. Os traficantes eram fichados como usuário de drogas e liberados após fazer o pagamento aos policiais corruptos. Quem não aceitasse pagar era ameaçado de prisão e até de morte, segundo informou a Secretaria de Segurança.
Além de Francisco Basílio, quatro agentes de investigação e um motorista da Roubos e Furtos estão sendo investigados. Em entrevista coletiva na terça-feira, o secretário de Segurança, Cláudio Lima, disse que os 11 policiais que trabalham na delegacia serão substituídos. “A delegacia vai ser substituída em peso, essa é uma delegacia que teve um desempenho muito baixo”, declarou.Em entrevista à TV Cabo Branco, Francisco Basílio negou que tivesse participação na cobrança de propina. O delegado apura e indicia aquilo que vier apresentado, se alguém é apresentado com uma arma, será indiciado por aquela arma, se é apresentado com pequena quantidade de entorpecentes, ele responderá por ela. Não posso autuar ninguém por tráfico quando os autos não me trazem subsídio para isso”, disse. O delegado afirmou ainda que prestou esclarecimentos sobre as denúncias ao GOE.
No Diário Oficial desta quarta-feira foi publicado um ato designando o delegado Thiago de Vasconcelos para a Roubos e Furtos. Outros seis funcionários, entre agentes e escrivães, também foram realocados para a delegacia.
O esquema
As investigações que desmantelou o esquema tiveram início após um traficante de drogas procurar o Grupo de Operações Especiais (GOE) para denunciar que vinha sendo extorquido por policiais há meses. Essa denúncia deu início a uma  investigação que descobriu um esquema de propina em que traficantes eram fichados como usuário de drogas e liberados após pagar a policiais corruptos.

Secretário de Segurança da Paraíba, Cláudio Lima, deu detalhes da Operação Concutere que investiga policiais suspeitos de extorquir traficantes (Foto: Walter Paparazzo/G1)
Após quatro meses de investigação, o GOE realizou nesta terça-feira (19) a Operação Concutere e cumpriu seis mandados de busca e apreensão. O secretário de Segurança da Paraíba, Cláudio Lima, afirmou que a propina podia chegar até R$ 30 mil. Segundo ele, quando um traficante era flagrado pela polícia com uma quantia de droga suficiente para ser enquadrado no crime de tráfico de entorpecentes, era coagido a pagar a propina para ser classificado como usuário de drogas.

Desta forma, ao invés da polícia autuar os traficantes em flagrante, que responderiam a uma pena de até 15 anos, eles assinavam apenas uma Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e eram liberados em seguida.

O inquérito da gerência executiva do GOE pediu a prisão preventiva dos policias, mas as prisões não foram decretadas pelo juiz da 4ª Vara da Comarca de João Pessoa. O Ministério Público ofereceu denúncia contra os policias e recorreu da decisão do juiz.

O MP aguarda a posição do Tribunal de Justiça da Paraíba sobre a prisão preventiva dos suspeitos. “Hoje o judiciário entende que eles devem ficar soltos, pessoalmente entendo que há a necessidade de prisão, porque a própria família do traficante se diz ameaçada”, disse o promotor Arlan Costa.

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G1pb

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