sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Agnelo quer que comando da PM ponha fim a operação tartaruga

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, pediu nesta sexta-feira (31), durante reunião com a cúpula da segurança pública, que os comandantes de batalhões da Polícia Militar cobrem da tropa o cumprimento de suas atividades. A reunião ocorreu em resposta a uma onda de violência na capital federal.
Os policiais militares e bombeiros do DF estão em operação tartaruga desde outubro do ano passado. Eles reivindicam o cumprimento de 13 promessas de campanha feitas à categoria por Agnelo em 2010.
“A vida é a coisa mais importante. A vida é mais importante que a política. Por isso que a PM tem a obrigação de garantir a segurança pública do DF. Nossa PM tem comando”, disse. “Não [podemos] admitir em hipótese alguma que meia dúzia de pessoas, com atitudes inclusive covardes, possam colocar em risco a segurança do nosso povo. [Eles] não têm direito de colocar a vida das pessoas em risco."Segundo o governador, o movimento dos policiais tem “interesses políticos”. O governador não respondeu a perguntas dos jornalistas. Logo após o término da reunião, ele deixou o local.
“A população do DF não pode confundir toda uma instituição com gestos abomináveis como a de alguns covardes comemorando a morte dos inocentes”, disse o governador. “Tomarei todas as medidas necessárias para garantir a segurança da nossa população.”
Cartaz afixado em parada de ônibus na área central de Brasília (Foto: Raquel Morais/G1 DF)
O comandante-geral da PM, Anderson Moura, disse que já identificou cinco policiais que estão à frente da operação tartaruga e que vai abrir procedimento disciplinar contra os responsáveis. A punição, segundo ele, pode ir de advertência a demissão.
“Aqueles que fizeram falsas lideranças e que estão usando de interesses políticos para inflamar o movimento, vamos instaurar procedimento disciplinar”, disse. "As lideranças já foram identificadas e tanto a Corregedoria e o centro de inteligência estão trabalhando para identificar outros."
O presidente em exercício da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do Distrito Federal (Aspra-DF), sargento Sansão Barbosa, disse que o comandante da PM “radicalizou” e que vai haver reação dos policiais.
“Ele radicalizou, nós vamos radicalizar. Nós vamos parar a polícia”, disse. “Não tem falsa liderança, não. Sou eleito na Aspra desde 2001 porque tenho coragem de defender a categoria. Vamos parar esse fim de semana, vamos marcar um dia e hora para parar geral, de 12 a 24 horas. Vamos radicalizar.”
Ele disse que uma das reivindicações – pagamento de gratificação – não pode ser atendida porque depende de repasse de recursos da União. Ele não disse quais são as outras três reivindicações não atendidas.Os policiais e bombeiros reivindicam, entre outros pontos, reajuste salarial e restruturação da carreira. Nesta sexta, o secretário de comunicação do GDF, André Duda, disse que o governo já atendeu 9 dos 13 pontos reivindicados pelos policiais.
Os policiais negam que haja negociação aberta com o GDF e dizem que seguirão em operação tartaruga até que o governo atenda as reivindicações.
Aumento da violência
A um dia do fim do mês de janeiro, o número de homicídios no DF subiu 38,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 68 homicídios haviam sido registrados no DF entre o dia 1º e a manhã desta quinta-feira (30), 19 a mais que nos 31 dias do mesmo mês de 2013.

Mãe de jovem morto após tentativa de assalto em Águas Claras chora ao abraçar familiar durante o velório (Foto: Lucas Nanini/G1)
Sem reajuste salarial, PMs do DF deflagraram em outubro uma operação tartaruga, para cobrar reajuste salarial, reestruturação da carreira e pagamento de benefícios aos que estão em atividade e reformados. Eles dizem que só encerram o movimento quando o GDF negociar com a categoria.
'Refém do medo'
Na manhã desta quinta, o governador do DF criticou a postura dos PM que aderiram à operação tartaruga. "A Polícia Militar tem todo o direito de reivindicar, o que eles não têm direito é de colocar em risco a vida da população. O GDF vai tomar todas as medidas necessárias para que Brasília não se torne refém do medo", disse Agnelo.

A declaração do governador foi feita durante a inauguração da duplicação de 1,5 quilômetro da DF-451. De acordo com o secretário de Comunicação, André Duda, as recentes notícias de violência, incluindo a morte de um homem em frente ao prédio dele, em Águas Claras, em uma tentativa de assalto, motivaram o comentário.
Leonardo Almeida Monteiro, de 29 anos, voltava da academia e estacionava o carro na porta quando foi abordado por três homens. Testemunhas afirmam que crianças que brincavam no prédio viram a cena e gritaram, para alertá-lo. A vítima tentou correr, mas foi atingida no pescoço.
G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...