A manhã de sábado (17) foi de grande movimento em Abreu e Lima, na Região Metropolitana doRecife. Durante a greve da Polícia Militar, o comércio da cidade foi alvo de uma onda de saques. Agora, dezenas de móveis e eletrodomésticos que foram roubados estão sendo devolvidos na Delegacia. São pessoas que ficaram arrependidas ou envergonhadas pelo roubo praticado por parentes. Muitos produtos também foram abandonados nas ruas da cidade – a PM está sendo convocada para recolher e levar para a delegacia.
Na segunda-feira, os policiais devem começar um mutirão para ouvir as pessoas envolvidas nos saques. Também serão identificados os produtos apreendidos. A partir dessa identificação, as mercadorias serão devolvidas às lojas.
A delegacia está lotada. São eletrodomésticos, móveis, produtos de higiene pessoal. Uma pequena parte foi apreendida quando policiais estiveram nas casas de três homens denunciados por vizinhos – esses foram autuados em flagrante, mas a maioria das mercadorias foi levada espontaneamente.
O filho da dona de casa Maria do Socorro do Nascimento levou pra casa uma geladeira. "Honestidade. Não adianta a pessoa estar com um roubo dentro de casa e arriscar a Polícia chegar na minha casa, vai acontecer o que? Pegar flagrante e eu não quero que isso aconteça", afirmou.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, Evandro Alves de Lima, está providenciando um caminhão para fazer o transporte de tudo isso para um depósito. Mas não sabe se os donos das 25 lojas saqueadas na cidade ainda vão conseguir ter lucro com este material.
O delegado de Abreu e Lima, Alberes Félix, disse que as pessoas que trouxerem os produtos não serão presas em flagrante. Ainda assim, muita gente, com medo da prisão, está deixando o material roubado em locais públicos. "Têm a garantia da lei e da autoridade policial de que não deve ser autuado. A lei diz que quando a pessoa se apresenta espontaneamente não deve ser autuada", disse Félix.
Na esquina movimentada de Abreu e Lima tem geladeira, lavadora de roupas, ar condicionado. tudo abandonado na rua. Há situações assim em vários lugares da cidade.
Prejuízos
Nem a CDL de Abreu e Lima nem o Sindicato das Empresas no Comércio e Serviços do Eixo Norte (Sindinorte) conseguiram calcular, exatamente, de quanto foi o prejuízo causado pelas depredações no comércio da cidade. Inicialmente, a CDL trabalhava com a quantia de R$ 1 bilhão de prejuízo, mas de acordo com o presidente Evandro Alves de Lima, o número se referia a uma previsão feita caso a greve durasse cinco dias e todo o eixo norte do estado fosse afetado por depredações.
Na próxima semana deve ser feita uma reunião com os comerciantes que tiveram prejuízos com a greve. “Vamos tentar remediar o que houve. Temos lojas que tiveram toda a mercadoria roubada; algumas com 20% ou 30% do material roubado; tem umas que vão passar mais de uma semana para reabrir. Tem até comerciante que está pensando na possibilidade de fechar uma das lojas que tem por causa do que aconteceu”, afirma.
G1
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