domingo, 15 de dezembro de 2013

Favorita, Bachelet disputa segundo turno com colega de infância no Chile

A ex-presidente socialista Michelle Bachelet, que venceu o primeiro turno de 17 de novembro, deve confirmar seu triunfo eleitoral no segundo turno presidencial neste domingo (15) no Chile. Ela enfrenta uma colega de infância, a direitista Evelyn Matthei, que tem mais de 20 pontos perentuais de desvantagem.
As urnas abriram às 8h locais (9h de Brasília) e fecham às 18h (19h de Brasília). O primeiro boletim oficial, com 20% dos votos apurados, deve sair às 19h30 no Chile (20h30 de Brasília).
Em um clima pré-natalino e uma campanha eleitoral marcada por poucas emoções, os chilenos voltarão às urnas quatro semanas após o primeiro turno, quando Bachelet venceu os outros oito candidatos com uma porcentagem contundente dos votos (46,6%).
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A ex-presidente Michelle Bachelet encerra a campanha nesta quinta-feira (12) no estádio nacional de Santiago (Foto: Claudio Reyes/AFP)
A ex-presidente socialista, de 62 anos, precisava de 50% dos votos e mais um para garantir sua vitória. Como não conseguiu, disputará as urnas com a ex-ministra do Trabalho Evelyn Matthei, candidata do atual presidente de direita, Sebastián Piñera, de 60 anos.
Pela primeira vez na América Latina, duas mulheres se enfrentam em uma batalha eleitoral pela presidência.Matthei conquistou 25,1% dos votos, mas comemorou sua ida ao segundo turno, superando projeções que antecipavam uma vitória de Bachelet no primeiro embate e previam 10% a menos dos votos que a direitista conseguiu.
Passado próximo
Bachelet e Matthei têm um passado em comum. Elas são filhas de generais da Força Aérea que eram amigos próximos e, quando crianças, brincavam juntas. O golpe de Estado que instalou a ditadura de Augusto Pinochet, em 1973, foi um marco para as vidas de ambas.

O general Alberto Bachelet foi preso no mesmo dia da instalação do regime militar, tendo sido torturado até a morte devido à sua lealdade ao governo deposto de Salvador Allende. Fernando Matthei, no entanto, se aliou à junta militar.
Cinco décadas depois, as companheiras de infância se enfrentam a partir de posições opostas.
"Temos duas opções neste dia 15 de dezembro: uma quer mudanças e a outra considera que as alterações que propomos não são necessárias", disse Bachelet na segunda-feira, na etapa final de uma campanha que não tem despertado grande entusiasmo por parte dos eleitores.
A candidata governista Evelyn Matthei durante comício nesta quinta-feira (12) em Temuco, no Chile (Foto: AFP)
A vitória quase certa de Bachelet, a quem faltaram menos quatro pontos percentuais para vencer no primeiro turno, e a falta de novas propostas reduziram o peso da disputa.
"É uma escolha que ocorre em condições inéditas, já que raramente se pode prever o resultado do segundo turno com tanta clareza", disse à AFP o cientista político Christopher Bellolio, da Universidade Adolfo Ibáñez.
"Matthei vai perder as eleições. Só não sei se será uma surra porque isto depende do número de eleitores, mas a direita vai experimentar uma grande derrota", acrescentou.
Alto índice de abstenção é previsto
Mais de 13 milhões de chilenos estão autorizados a votar neste domingo, mas o número real de eleitores é imprevisível. No primeiro turno, votação em que a participação no pleito deixou de ser obrigatória, a abstenção foi superior a 50%.

A única pesquisa de intenção de votos, realizada pela Universidade de Santiago e o instituto de pesquisa de mercado e opinião pública Ipsos, foi divulgada na última quarta-feira (11). Ela indica que Bachelet irá vencer a disputa com mais de 63,7%, enquanto Matthei obterá uma votação superior a 33,7%.
O baixo nível de incerteza em relação ao triunfo de Bachelet e a sensação de que uma mudança significativa não está em jogo, apesar das reformas ambiciosas que a ex-presidente socialista propõe - a reforma tributária, a gratuidade do ensino universitário em seis anos e a formulação de uma nova constituição - seria a explicação para o baixo índice de comparecimento dos eleitores que se prevê para o próximo domingo.
"Trata-se de um cenário de voto voluntário. Os incentivos mais fortes para os eleitores são a emergência e, neste caso, não há nenhuma emergência ou convulsão social para que as pessoas tomem as ruas e decidam radicalmente a forma como o seu país será amanhã. Além disso, não há nenhuma incerteza sobre o resultado, o que é outro fator importante", diz Bellolio.
Diante disso, as duas candidatas redobraram os pedidos de votos. Bachelet fez questão de destacar em sua campanha nas ruas que tem propostas de "pensões decentes", "uma nova constituição", "educação gratuita" e "novos hospitais". Enquanto isso, Matthei baseou sua campanha no clássico slogan "Sim, é possível" para lidar com a enorme diferença em relação à ex-líder.
Dois programas em jogo
Bachelet, que é médica pediatra e governou o Chile de 2006 a 2010 , propõe a correção do sistema econômico e político que permanece como herança da ditadura de Pinochet.

Além disso, ela defende uma reforma tributária (para arrecadar US$ 8,2 bilhões, o equivalente a 3% do PIB), assim como o estabelecimento, em um prazo de seis anos, do sistema de educação universitária gratuita e uma mudança na constituição, que é da época da ditadura.
"Há demandas muito específicas, como a educação e a nova Constituição, mas se fosse necessário resumir, não acho que seja uma alteração do modelo, especialmente em termos econômicos", argumenta o cientista político Robert Funk, da Universidade do Chile.
Matthei propõe, por sua vez, a continuidade das políticas de direita do governo de Piñera, que conduzirão o Chile a um crescimento previsto de 4,2% para este ano, com baixa inflação e uma economia marcada por uma situação de quase pleno emprego .
"Não vou derrubar as paredes da casa que construímos juntos porque vivemo em um país maravilhoso", afirmou Matthei.
G1

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