quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Policial conta que perdidos em mata estavam desidratados e com fome

Policial de grupo especializado mostra kit com ração que foi dado aos resgatados (Foto: Kleber Tomaz/G1)
A virada de ano dos sargentos Edvaldo dos Santos e Denny Anderson Vitorino foi longe dos fogos e espumantes. A "ceia" da dupla, composta por comida desidratada e bebidas isotônicas, foi dividida com um grupo que estava perdido desde  segunda-feira (30) na mata em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo.

"Perdemos o réveillon, mas ganhamos o resgate dessas pessoas", disse o sargento  Santos. Ele e Vitorino foram os primeiros a alcançar, no fim da tarde de terça-feira (31), o grupo formando originalmente por 11 pessoas.

Três dessas pessoas foram levadas ainda naquele final de tarde com ajuda do helicóptero, mas o restante do grupo precisou esperar na mata que o sol retornasse para que o trabalho fosse completado. Santos e um soldado ficaram com as sete vítimas até esta quarta-feira (1º), quando todas foram resgatadas pela aeronave. Dormiram ao lado delas, levaram lonas para que se protegessem da chuva e acenderam uma fogueira para se aquecer.
Vitorino permaneceu todo o tempo com as famílias das vítimas, do local de onde o grupo tinha partido, a aproximadamente 15 quilômetros de distância da região que elas foram achadas.
O grupo, formado por duas famílias, se perdeu na manhã de segunda-feira, quando partiu da Estrada do Belvedere e seguia por uma trilha de cerca de 4 quilômetros de extensão em direção à Cachoeira do Funil, em Embu-Guaçu. No entanto, as pessoas se perderam durante o percurso e começaram a andar em círculos até se distânciarem ainda mais.Até as 14h desta quarta-feira, um jovem de 18 anos, que seria o guia do grupo, continuava desaparecido na mata. As buscas por ele estavam sendo feitas por terra, dentro da mata, e pelo ar, com o uso do helicóptero. O nome da vítima não foi divulgado.

O resgate foi feito pelos policiais militares dos Comandos e Operações Especiais (COE), que usou um cesto para içar os perdidos. No início da noite de terça, foram resgatadas duas crianças de 11 anos e uma mulher de 55 anos, diabética.

Nesta quarta, três mulheres, um homem e três adolescentes foram resgatados. Essas últimas vítimas tiveram a companhia de dois policiais militares desde terça, quando eles levaram alimentos e medicamentos para elas.
"As vítimas foram achadas desidratadas, com fome, picadas por insetos e com escoriações", disse  Vitorino, que comentou que as pessoas que se perderam tinham  levado um facão para abrir caminho na mata, mas estavam desprotegidas, com roupas curtas, chinelos e salgadinhos para comer. "Elas foram alimentadas com ração, tomaram bebidas isotônicas e receberam curativos na pele para cicatrizar as picadas e escoriações".
Mata fechada
Em entrevista por telefone ao G1, o tenente Ricardo Bussotti, comandante do pelotão do COE, informou que o grupo só foi encontrado após um parente das vítimas sentir a falta das filhas e telefonar para a PM na segunda. Após buscas por terra que não puderam avançar devido as condições restritas de acesso a mata, um helicóptero encontrou os perdidos.

“É um lugar de mata fechada, de difícil acesso. Essa cachoeira que eles queriam ir fica a 4 quilômetros da Estrada do Belvedere, mas o grupo, que é formado por parentes e vizinhos, todos sitiantes, moradores de Embu-Guacu, entrou na trilha às 7h de segunda e até a noite não tinha retornado”, disse o tenente Ricardo Bussotti. “Eles haviam se perdido na mata e não conseguiram se comunicar para pedir socorro”.
“Na terça-feira, às 14h, nosso pelotão entrou no mato, e encontrou vestígios da passagem do grupo, mas, como não conseguiu avançar devido à mata fechada, pediu ajuda do helicóptero Águia. A aeronave sobrevoou a região e achou as pessoas no início da noite”.
Segundo o tenente Bussotti, após resgatar duas meninas e a mulher na terça, a aeronave encerrou a retirada por questão de segurança devido à falta de luz. Nesta quarta, quando a operação  foi retomada, um policial ficava no cesto e resgatava duas vítimas por vez. Era preciso subir as vítimas a uma altura de 50 metros para evitar as copas das árvores.
Para o tenente do COE é importante estar atendo às regras de segurança para entrar numa mata. “Primeiro é para evitar trilhas distantes e desconhecidas. O mato é muito traiçoeiro. Não dá para se entrar no mato sem conhecer. Entrar com criança e pessoas mais velhas também é arriscado. Não é brincadeira entrar no mato e ir numa cachoeira. Precisa ir com gente com que conhece o local e saber como voltar”.
G1

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