domingo, 20 de novembro de 2011

Índios ampliam ocupação e cobram corpo de cacique atacado em MS


Cerca de 70 indígenas chegaram, na noite deste sábado (19), ao acampamento Guaviry, situado na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou ao G1 que os índios são de aldeias que ficam próximas ao acampamento e cobram o corpo do cacique que está desaparecido desde a última sexta-feira (18).
O coordenador regional da Funai, Silvio Raimundo da Silva, explicou que o cacique, de 59 anos, era um líder religioso muito respeitado pelos índios e por isso o sumiço dele causou grande impacto na população indígena da região. “Eles estão bastante agitados, abalados e temerosos com essa situação”, disse Silva.
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso. Os indígenas afirmam que o líder religioso do acampamento Guaviry, situado em fazendas entre os municípios de Aral Moreira e Amambai, região sul do estado, teria sido morto a tiros por um grupo de aproximadamente 40 pistoleiros. Para a Funai, o cacique está desaparecido.
De acordo com um dos filhos do cacique, que tem 14 anos, os pistoleiros invadiram o acampamento e atiraram na cabeça do pai com balas de borracha.
A perícia policial colheu fragmentos de munição e vestígios de sangue no acampamento. Exames devem apontar se as amostras são de material humano. Os acampados relatam ainda que o corpo do cacique teria sido colocado em uma caminhonete.
Ainda segundo o coordenador da Funai, cerca de 65 índios estavam acampados no local, 30 continuam desaparecidos na mata. Os outros estão reunidos com o grupo que chegou ao acampamento Guaviry na noite de sábado.
Entenda  o caso
Brigas por terras entre indígenas e produtores rurais são cada vez mais comuns em Mato Grosso do Sul. Dados do censo feito em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelam que MS é o segundo estado com mais indígenas (73.295), perdendo apenas para o Amazonas (108.080). O ataque ao acampamanto Guaviry foi mais um episódio da violência provocada pela briga.
O historiador Antônio Brand explica que os indígenas foram expulsos de suas terras à medida que os colonizadores chegaram. Segundo ele, aos poucos, as fazendas foram construídas, áreas verdes desmatadas e os nativos mudaram-se para outras localidades. Hoje, grande parte mora em acampamentos e tenta tomar por conta própria o espaço que a eles pertenceu.
Local onde fica o acampamento indígena alvo de suposto ataque (Foto: Arte/G1)Local onde fica o acampamento indígena alvo de
suposto ataque (Foto: Arte/G1)
O assessor para assuntos fundiários indígenas da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Josiel Quintino dos Santos, afirma que a maioria das terras dos produtores do estado são regulares.
Segundo ele, existem aproximadamente 49 fazendas ocupadas por índios no estado, todas com titulações válidas do ponto de vista jurídico. Santos defende que os conflitos existem em cima de uma interpretação errada da lei.

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